Será 2024 o ano da revolução verde e digital na logística?

O setor da logística é um pilar essencial na atividade económica a nível mundial. Ao longo dos últimos anos, muitas empresas do setor foram forçadas a repensar as suas estratégias e os seus modelos de negócio, por conta dos vários desafios que enfrentaram. No entanto, este contexto de incerteza abre também portas à inovação e ao crescimento de novas tendências na gestão logística. As tendências emergentes são, agora mais do que nunca, os pilares estratégicos para as empresas evoluírem e redefinirem o seu futuro.

 

Sustentabilidade: um novo padrão de excelência
As questões relacionadas com a sustentabilidade são hoje um fator decisivo e que deve moldar as políticas das empresas. E a logística não está imune a esta mudança, com a “logística verde” pronta para assumir um papel central. Os consumidores deixam cada vez mais claro que, no momento de escolha, optam por empresas que possuem uma estratégia mais sustentável. As embalagens ecológicas, por exemplo, assim como o esforço para reduzir a pegada de carbono são mais do que imperativos éticos — são fatores estratégicos que irão destacar as empresas no mercado.

 

A revolução da conectividade: 5G e IoT
A vontade de aceder à informação nunca foi tão grande entre os consumidores, que agora esperam poder fazer o seguimento do processo de envio das suas encomendas em tempo real. A implementação de redes 5G e a integração da Internet das Coisas (IoT) estão a revolucionar a gestão logística. Estas tecnologias permitem um nível de conectividade e troca de informação em tempo real que anteriormente poderia parecer ficção científica. Mediante a utilização de pequenos sensores, códigos QR ou RFID, é possível registar de forma automática a localização e estado de uma encomenda, oferecendo aos clientes uma visibilidade e tranquilidade sobre o estado da mesma.

 

Inteligência Artificial: operações mais inteligentes
Como diz Clive Humby, “os dados são o novo petróleo” e, em 2024, as empresas devem aproveitar ao máximo o potencial da Inteligência Artificial (IA), o Machine Learning (ML), o Big Data e o Data Analytics. A capacidade de analisar vastos conjuntos de dados e de identificar padrões permite que as empresas otimizem as suas operações logísticas. Desde prever a procura até simplificar as tarefas manuais, a IA não substitui o esforço humano mas pode aumentar a sua capacidade, garantindo que as operações logísticas são mais eficientes, menos propensas a erros e, em última análise, mais rentáveis.
A IA Generativa é também uma tendência promissora na gestão logística para 2024, que promete revolucionar as operações nos armazéns. Esta forma avançada de IA destaca-se pela sua capacidade de processar grandes volumes de dados, superando limitações anteriores de Machine Learning. Da mesma forma, esta tecnologia atua como facilitadora da eficiência nos armazéns logísticos, ao prever padrões de procura e otimizar estratégias de inventário, mitigando assim os riscos de excesso de stock ou escassez. Através da análise preditiva, a IA Generativa permite ainda a manutenção proativa de equipamentos, reduzindo tempos de inatividade e evitando paragens não planeadas.

 

Automatização e robótica: a nova força de trabalho
O investimento em tecnologias automatizadas está a crescer à medida que as empresas reconhecem os ganhos de eficiência que estas tecnologias oferecem. Robôs autónomos, equipados com sensores avançados, estão a ser implementados em armazéns para gerir o inventário de maneira eficiente e com precisão. Os drones também já não são uma novidade, mas uma parte integrante do ecossistema logístico, capazes de realizar envios rápidos e seguros, reduzindo significativamente o prazo de entrega das encomendas.
Tudo isto, impulsiona uma gestão eficaz das cadeias de abastecimento, fornecendo dados em tempo real sobre o estado das mercadorias.
Em conclusão, 2024 é um bom ano para as empresas se concentrarem em otimizar os seus processos, no sentido de aumentar a eficiência e reduzir os custos. O compromisso com a sustentabilidade, aliado à adoção das novas tecnologias, poderá posicionar as empresas de logística na vanguarda de um mercado cada vez mais consciente e conectado. O futuro chegou e, para a gestão logística, ele é decisivamente digital e verde.

 

Felicidade Ferreira, diretora da unidade de negócio Small & Midmarket na Cegid em Portugal e Cabo Verde

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