No Reino Unido o Brexit pode provocar o aumento de custos de 9.3 mil milhões na Supply chain do retalho alimentar na ausência de um acordo

A falta de um acordo do Brexit pode custar aos retalhistas alimentares e à sua cadeia de abastecimento 9,3 mil milhões de libras, de acordo com um novo relatório do Barclays Corporate Banking. Na ausência de um acordo,o  Brexit criaria uma tarifa média de 27% para cadeias de abastecimento de alimentos e bebidas.

Uma vez que as margens medias no retalho alimentar rondam os 3 a 5%, o custo adicional provavelmente acabará por ser passado aos consumidores. Isto porque iria impor custos significativos aos retalhistas alimentares, devido às tarifas variáveis para diferentes tipos de produtos. Por exemplo, o relatório do Barclays mostra que produtos totalmente processados de alimentos e bebidas, como o sumo de laranja, terão a tarifa mais alta de 31%, comparado a 29,5% para alimentos semiprocessados e bebidas, como açúcar branco, e 9,7% para alimentos básicos e matérias-primas como bananas.

Além dessas sobretaxas que são aplicadas por categorias, alguns produtos também atraem “tarifas específicas”, que são tarifas cobradas por unidade; isto é, em peso ou volume. O relatório do Barclays mostra que as tarifas específicas visam desproporcionalmente determinados produtos, incluindo carne, cereais, azeite, vinho e alimentos à base de açúcar. Pela sua natureza, estas tarifas impõem uma carga maior às transações de menor valor.

Os produtos mais atingidos serão aqueles a que se aplica tanto uma tarifa de categoria e uma tarifa de imposto específica, como a carne congelada com uma taxa específica de 298%. Produtos culinários comuns também enfrentam altas taxas, incluindo cortes de carne bovina 101%, natas 81% e alho 71%.

Custos adicionais também podem ser criados por um hard Brexit. Além das declarações alfandegárias, há o ônus de cumprir os rigorosos regulamentos sanitários e fitossanitários da UE, o que é equivalente a pagar um adicional de 8% no imposto sobre as importações de alimentos e bebidas da UE.

Embora o Brexit seja atualmente a questão mais premente para os retalhistas alimentares, as tendências mais recentes de consumo também estão a criar novos desafios e oportunidades. À medida que o ritmo de vida se torna mais movimentado, os compradores visitam as lojas com mais frequência, com aumento de viagens de 14,3% no período que vai de 2013 a 2018, mas comprando menos por visita, e gastando em média menos 8,5% no período antes referido. De acordo com o relatório do Barclays, o setor de conveniência tem crescido a uma taxa acima da média, mais de 10% nos últimos quatro anos, enquanto o sector retalhista num todo cresceu apenas 7,1% – e agora vale 40 mil milhões de libras. Em simultâneo, o retalho online de alimentos cresceu em média 12% desde 2010.

Simultaneamente, à medida que a crise económica reduziu os orçamentos familiares, os consumidores passaram a optar por lojas de hard discount como a Aldi e Lidl, o que levou as “Big Four” a reduzir em quase 10% a quota de mercado desde 2011. Com muitos retalhistas alimentares já em dificuldades para se adaptarem a um mercado britânico em transformação, as negociações do Brexit trazem mais incertezas.

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