Após serem accionados os prazos do Brexit, o comércio internacional do Reino Unido com a União Europeia acumula uma queda de 18,9%, face a uma redução de 9,1% com o resto do mundo. Esta análise avançada pela Crédito y Caución que refere que «o comércio do Reino Unido enfrenta desafios sem precedentes».
Para além disso, os dados de comércio exterior do Reino Unido no primeiro trimestre de 2021 mostram que «pela primeira vez desde que há registos, o valor das importações do Reino Unido em mercados extracomunitários superou as compras à UE».
Em 2020, a pandemia provocou uma «queda abrupta» na procura interna e externa, restrições de viagem e interrupções nos fluxos fronteiriços, coincidindo com um momento de crescente incerteza em torno da futura relação comercial com a União Europeia (UE). «O Acordo de Comércio e Cooperação assinado nas últimas horas de 2020 melhorou as perspectivas de 2021, já que permite que as mercadorias continuem a comercializar-se livremente, mas as barreiras não aduaneiras em forma de burocracia aduaneira e a incerteza normativa estão a perturbar os fluxos comerciais, que caíram para níveis só comparáveis a princípios de 2016», refere a seguradora.
Segundo esta análise, o comércio global do Reino Unido caiu 16% no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o quarto trimestre de 2020. «Embora, em grande medida, esta evolução seja reflexo da pandemia, o impacto que pode ser atribuído ao Brexit é notável.» O comércio com a UE desceu de forma «mais intensa» (22,4%), com quedas generalizadas em todos os países parceiros. As trocas com a Alemanha e com a França, por exemplo, reduziram-se 22,4% e 26,1%, respectivamente. O comércio com a Irlanda foi o que mais contraiu (37%). Um dos efeitos do Brexit foi a acumulação de existências no quarto trimestre de 2020, especialmente nas exportações de produtos químicos e farmacêuticos, diz a Crédito y Caución.
Os dados mais recentes das Câmaras de Comércio britânicas estimam que 41% das empresas tenham sofrido uma queda nas vendas no primeiro trimestre. As empresas grossistas e retalhistas viram as suas exportações cair 60%. Além da volatilidade comercial, as empresas enfrentam o aumento de gastos derivados dos atrasos nas cadeias de fornecimento do sector manufactureiro. A queda do comércio internacional britânico é encabeçada pelos combustíveis, cujas exportações reduziram 37,6%. «Apesar de um período de graça nas normas de origem para muitos produtos de maquinaria e equipamento de transporte, que representam um terço das exportações britânicas para a UE, o aumento dos custos administrativos e a incerteza normativa provocaram uma contracção de 19,8%, o que representa quase metade da descida nos fluxos comerciais. De acordo com a cláusula de origem, o comércio de mercadorias apenas está livre de tarifas se, no mínimo, 50% do valor tiver sido gerado no Reino Unido ou na União Europeia. Isto é especialmente relevante no caso do sector químico e nas suas grandes cadeias transfronteiriças», conclui a análise.