Ataques no Mar Vermelho condicionam supply chain globais

Os ataques de militantes Houthi apoiados pelo Irão a navios no Mar Vermelho estão a abalar o comércio mundial, o que já está a causar perturbações e aumentos de preços nos carregamentos de mercadorias e de combustível. Várias grandes companhias de navegação e transportadores de petróleo suspenderam os seus serviços através do Mar Vermelho, que dá acesso ao canal de Suez, uma vez que mais de uma dúzia de navios foram atacados desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.

A MSC, a Maersk, a Hapag Lloyd, a CMA CGM, a Yang Ming Marine Transport e a Evergreen informaram que vão desviar imediatamente todas as viagens programadas para garantir a segurança dos seus trabalhadores e navios. Coletivamente, estes transportadores marítimos representam cerca de 60% do comércio mundial.
A Evergreen também informou que deixaria temporariamente de aceitar qualquer carga com destino a Israel, suspendendo o seu serviço de transporte marítimo para Israel. A Orient Overseas Container Line (OOCL), que faz parte do grupo COSCO Shipping, de propriedade chinesa, também deixou de aceitar carga israelita, invocando problemas operacionais.

“Cerca de 30% das importações israelitas passam pelo Mar Vermelho em navios porta-contentores que são reservados com dois a três meses de antecedência para produtos de consumo ou outros, o que significa que, se a viagem for agora prolongada, não valerá a pena importar do Extremo Oriente produtos com um prazo de validade de dois a três meses”, afirmou Yoni Essakov, que faz parte da comissão executiva da Câmara de Comércio Marítimo de Israel.

“Os importadores terão de aumentar as existências devido à incerteza e pagar muito mais e outros perderão os seus mercados, uma vez que o tempo de comercialização não é competitivo”, acrescentou Essakov.

Na segunda-feira, o gigante petrolífero BP afirmou que também iria suspender a atividade de transporte marítimo no Mar Vermelho, uma vez que os Houthis, baseados no Iémen, continuam os seus ataques.

A Frontline, grupo que opera navios petroleiros também disse que está a evitar o Mar Vermelho.

Os ataques já fizeram aumentar os custos dos fretes marítimos. Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, os preços entre a Ásia e os EUA na Costa Leste subiram 5%, para 2.497 dólares por contentor de 40 pés, segundo a Freightos. Os preços poderão subir ainda mais, à medida que as grandes empresas evitam o Canal do Suez, que alimenta o Mar Vermelho, e optam por contornar África para chegar ao Oceano Índico.

Esta opção acrescenta até 14 dias a uma rota marítima, o que implica custos de combustível mais elevados. E, uma vez que os navios demoram mais tempo a chegar aos seus destinos, a solução de contorno resulta numa perceção de “crise de capacidade dos navios”. Os atrasos nas entregas de contentores e de mercadorias são inevitáveis.

O transporte de contentores representa quase um terço de todo o transporte marítimo global, com o valor estimado das mercadorias transportadas a ascender a 1 bilião de dólares, de acordo com Michael Aldwell, vice-presidente executivo de logística marítima da Kuehne+Nagel.

“Aproximadamente 19.000 navios navegam pelo Canal de Suez anualmente”, afirmou Michael Aldwell. “Prevê-se que o tempo prolongado passado na água absorva 20% da capacidade da frota global, levando a potenciais atrasos na disponibilidade de recursos de transporte.

Haverá também atrasos no regresso dos contentores vazios à Ásia, o que só irá agravar os problemas da cadeia de abastecimento, acrescentou ainda.

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