Tecnologia e nearshoring estão a transformar o transporte de bens

Um novo estudo da Deloitte mostra que o sector dos transportes está a reestruturar operações para satisfazer necessidades futuras, optando pelo outsourcing de funções não centrais e pela realização de aquisições. Tal deve-se ao facto de o sector estar a sofrer pressões significativas sobre as redes de transporte.

Neste novo estudo, “O Futuro do Transporte de Mercadorias: Transformar o Movimento de Bens”, são identificadas uma série de tendências que afetam este sector. Uma das mais visíveis é o facto de muitas empresas estarem a recorrer ao nearshoring como forma de encurtar e fortalecer as suas cadeias de abastecimento. As perspetivas globais também estão a mudar com o domínio da China a diminuir, pois a expectativa do seu crescimento comercial é negativa, prevendo-se que desça de 26% para 13% nos próximos cinco anos.

Noutras regiões do globo, países da Europa Central e do Sudeste Europeu, bem como da América Central e do México, estão a recuperar terreno valendo-se de mão-de-obra competitiva e de uma maior proximidade dos mercados finais.

Ao mesmo tempo, os padrões comerciais estão a mudar e a tecnologia está a avançar rapidamente, particularmente nos campos da ciência de dados (inteligência artificial e analítica), ciência de materiais (veículos elétricos), e engenharia (veículos autónomos). “Cada mudança representa uma oportunidade para novos concorrentes entrarem no mercado, sejam startups, mega retalhistas e hyperscalers (empresas como a google e Amazon que utilizam a sua dimensão para tentar controlar de forma vertical vários sectores conexos com a sua atividade primária), competindo todos por um pedaço dos biliões de dólares em jogo”, afirma o relatório.

 

Para apoiar o sector a preparar-se para o futuro, o estudo adianta algumas conclusões:

  • Onshoring e nearshoring estão a redesenhar o mapa de transportes. Os gestores do sector dos transportes que se estão a preparar para enfrentar os desafios do nearshoring antecipam que 20% das mercadorias com origem na Ásia vão deslocar-se para zonas geográficas mais próximos até 2025, este número vai duplicar para 40% até 2030. Isto vai criar novas oportunidades à medida que as empresas procuram aproximar as operações do consumidor final para mitigar o risco de ruturas e o impacto inflacionário no custo das mercadorias.
  • Os dados são um fator diferenciador. Nos próximos três anos, as empresas inquiridas esperam que os dados ofereçam uma melhor visibilidade dos ativos e bens (48%), uma melhor gestão da relação com os clientes (44%) e uma otimização mais eficiente da mão-de-obra (35%), sublinhando o papel que os dados e a análise desempenharão à medida que as empresas procuram novas oportunidades.
  • Espera-se um aumento da nova dinâmica competitiva. À medida que o sector se prepara para as alterações que se aproximam, os fornecedores de serviços na nuvem, os mega retalhistas, os fabricantes de veículos e as startups tecnológicas estão a fazer aproximações ao sector dos transportes e aos seus fluxos de lucro. De facto, quase 60% esperam que estes novos fornecedores se venham a afirmar como líderes num ambiente de mudança, pois estão bem posicionados para conquistar quota de mercado e clientes às empresas de logística tradicionais (legacy), ao mesmo tempo que desenvolvem novos modelos de colaboração.
  • Os veículos da próxima geração irão impulsionar a concorrência. 60% dos inquiridos acreditam ser inevitável que os fabricantes de camiões procurem tornar-se gestores de frotas à medida que a tecnologia avança e as cadeias de abastecimento são redesenhadas, antecipando um provável abanão dos poderes instalados à medida que mais empresas procuram alavancar a tecnologia de próxima geração para o sector dos transportes
  • Capacidades essenciais alinhadas com as exigências da mudança. Os gestores do sector dos transportes reconhecem a necessidade de ajustar as capacidades para satisfazer a procura e estão a olhar em frente para as oportunidades de reestruturar as suas operações. 60% estão a externalizar capacidades não essenciais e 59% estão a procurar ativamente aquisições para expandir as suas capacidades.

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