O grupo Costa Nova Indústria inaugurou uma fábrica de grés fino, a Ecogres – Cerâmica Ecológica, sediada na Zona Industrial da Mota, em Ílhavo. A cerimónia de inauguração foi presidida pela Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que classificou esta nova unidade fabril como “um projeto muito especial, uma fábrica de referência e de futuro”.
“Este projeto não surge porque a sustentabilidade está na moda”, ela sempre fez parte da missão” do grupo Costa Nova, lembrou o CEO, Miguel Casal, que reclamou “um regime de exceção, ao nível da pegada carbónica e dos objetivos de eficiência energética para uma indústria com uma natureza sustentável, cujos produtos têm um ciclo de vida prolongado, são recicláveis e reutilizáveis.”
Miguel Casal pediu também soluções do Governo para resolver o problema da fixação de mão de obra: “Não existe habitação disponível. Termos de rever o ordenamento do território, pensar fora da caixa, e encontrar soluções para fixar os trabalhadores perto das zonas industriais. Isso resolverá o problema da habitação e dos transportes, porque é utópico pensar que vamos ter transportes públicos a toda hora, à porta das fabricas”, argumentou o CEO do grupo, sediado em Vagos.
A Ecogres – Cerâmica Ecológica, que ocupa 16 mil metros quadrados e implicou um investimento de cerca 14 milhões de euros, emprega atualmente 150 pessoas e está a produzir entre 15 a 20 mil peças por dia. A médio prazo, o objetivo do grupo Costa Nova Indústria é duplicar a produção e o número de postos de trabalho.
A nova unidade nasce do compromisso efetivo com a sustentabilidade e de uma aposta constante na inovação por parte do grupo, e tem a sua génese num projeto de I&D, em parceria com a Universidade de Aveiro. Dele resultou o Ecogres, uma matéria-prima reinventada, com 98% de materiais reciclados e 100% ecológica, que dá forma a algumas das coleções Costa Nova, a marca de referência do grupo, um dos maiores produtores mundiais de grés fino, reconhecido pela sua empresa de cerâmica Grestel.
O êxito no mercado – nacional, mas sobretudo internacional – das coleções com o selo de garantia Ecogres motivou a construção de uma nova unidade exclusivamente dedicada à produção destes artigos, que começou a laborar este ano, ainda a metade da sua capacidade.
“Mais do que uma marca ou um produto, a Ecogres é um conceito, uma fábrica, uma filosofia. Apostámos desde sempre na inovação e na sustentabilidade, quer na parte industrial, quer na parte social. E esta nova fábrica é o exemplo maior das boas práticas de produção de cerâmica sustentável, uma das instalações industriais mais avançadas do mundo em termos de eficiência energética”, sublinha Miguel Casal, CEO do grupo Costa Nova.
Todo o layout da fábrica foi pensado com o objetivo de aumentar a produtividade, reduzir o esforço humano, a pegada ecológica da cerâmica e o consumo de energia e de recursos. Utilizando painéis solares de 580 kW, a nova unidade gera 55% da energia consumida, recorre a equipamentos modernos e com elevado grau de automação, e está equipada com fornos que permitem uma redução de consumo superior a 30%, sendo, aliás, os únicos em Portugal preparados para utilizar até 50% de hidrogénio. O próprio calor produzido pelos fornos é reutilizado para aumentar a sua eficiência, tornando-os 15% mais eficientes do que os existentes no mercado.
A Ecogres – que surge da requalificação de uma antiga fábrica para, assim, ser também fiel aos princípios em que se funda – tem instalada, tal como as outras três unidades fabris do grupo, uma ETARI que separa o tratamento de água dos vidrados e da água proveniente da preparação da pasta para permitir que toda a água seja reutilizada em processos de limpeza interna ou reintroduzida no processo produtivo.
Portugal é o maior exportador europeu de louça cerâmica de uso doméstico – em faiança, barro fino, grés e barro comum – e o segundo maior a nível mundial. A indústria cerâmica representa um volume de negócios que ascende a 1.102 milhões de euros, sendo que 75% corresponde a vendas no mercado internacional, segundo o grupo.