A Pfizer está a preparar-se para conseguir distribuir rapidamente a vacina para o coronavírus assim que tiver luz verde da FDA (Food and Drug Administration), sendo que no início terá uma distribuição limitada.
Segundo declarações do CEO da Pfizer, Albert Bourla, se a empresa conseguir produzir 30 milhões de doses em 2020, isso será suficiente para vacinar apenas 15 milhões de pessoas, o que é uma percentagem muita baixa da população dos EUA. Este número foi, entretanto, revisto para 50 milhões de dose.
Por esta razão, ainda segundo Albert Bourla, «a vacina não vai estar disponível de forma massiva. À medida que entrarmos nos primeiros meses de 2021, esta irá começar a ser distribuída de forma massiva em todo do mundo.”
A Pfizer está neste momento a trabalhar com o governo norte-americano, para determinar para onde devem ser direccionadas as primeiras vacinas: hospitais, clínicas, centros de vacinação comunitários e farmácias.
A escolha do governo Federal para liderar a distribuição recaiu na McKesson, que vai assim integrar a “Operation Warp Speed”, mas a Pfizer optou por não fazer a distribuição via McKesson.
A Pfizer descreve o seu modelo “como um sistema just in time flexível que irá despachar os frascos congelados das vacinas directamente das fábricas para os pontos de vacinação”, ao mesmo tempo que declarou que continua a trabalhar com o governo norte-americano nos planos de distribuição.
No entanto, segundo um porta-voz da empresa a Pfizer vai trabalhar com os seus principais parceiros logísticos a DHL, FedEx e UPS, que estão a trabalhar em planos de distribuição para os EUA. «Iremos utilizar transporte aéreo e rodoviário e temos como objectivo conseguir ter as vacinas nos pontos de vacinação num ou dois dias.” A razão para nesta fase evitar o distribuidor, prende-se com as apertadas exigências de controlo da temperatura.
Segundo o presidente para a área de Healthcare da UPS Healthcare, Wes Wheeler os standards internacionais de armazenagem de temperatura controlada são: 2 a 8 graus Celcius; menos 20 graus Celcius e menos 80 graus Celcius. Nos dois primeiros casos tal pode ser conseguido através de packaging especial que pode ser mantido por 96 horas fora de um armazém frigorífico. Mas quando se trata do último caso, é necessário gelo seco para manter a temperatura.
A vacina da Pfizer /BioNTech necessita de gelo seco. Ao evitar um distribuidor como a McKesson, é retirado um elo da cadeia, evitando-se assim possíveis riscos na conservação da temperatura. Para ajudar no transporte, a Pfizer desenhou uma caixa para manter a temperatura por um período de até 10 dias.
Estas caixas vão estar equipadas com GPS para permitir à empresa fazer o tracking dos envios a partir de um centro de controlo e garantir que a temperatura correcta é mantida. Estas caixas podem ser recarregadas de gelo seco para manter a temperatura correcta no armazenamento nos pontos de vacinação.
Estes cuidados são necessários pois os especialistas na área farmacêutica, declararam que durante o transporte pode haver quebras que variam entre os 5% – 20% por causa de um controlo inadequado da temperatura. Assim, garantir a integridade da cadeia de frio é essencial para se poder expandir a distribuição e garantir a disponibilidade da vacina afirmou Glenn Richey, responsável pelo departamento de supply chain management da Universidade de Auburn.
No entanto, não basta à Pfizer concentrar-se na distribuição, esta também tem de conseguir um fornecimento estável de matérias-primas e garantir que consegue fabricar o número de doses que estão previstas. No entanto, Albert Bourla, CEO da Pfizer garantiu que a empresa tem estado a trabalhar desde o início da pandemia para atingir a capacidade de produção necessária.
Um porta-voz da empresa, declarou que a Pfizer tem estado em contacto permanente com os fornecedores, à medida que iniciaram a produção, não sendo de esperar problemas com o fornecimento de matérias-primas, embora tenha assumido que uma disrupção no abastecimento é sempre possível durante uma pandemia.
Os parceiros logísticos da Pfizer, mostram-se confiantes na sua capacidade para distribuir a vacina, embora reconheçam que a sua distribuição coloque alguma pressão, nomeadamente por haver falta de transporte rodoviário frigorífico, uma vez que neste momento existe uma procura muito elevada para transporte de produtos alimentares. A UPS está a construir um armazém no Kentucky, para armazenar e ajudar na distribuição da vacina. A FedEx, por sua vez, salientou que tem uma frota de 600 aviões e mais de 90 armazéns de frio a nível mundial.