O custo do transporte marítimo de mercadorias atingiu os níveis mais altos em quase nove anos, devido ao facto de muitos armadores terem começado a retirar navios do mercado para fazer as alterações necessárias para enfrentar as novas regras para os combustíveis.
O Baltic Dry Index, um index que analisa fretes de quase tudo, desde carvão a minério de ferro a cereais, atingiu os 2.378 pontos na primeira semana de Setembro, a maior subida desde Novembro de 2010, segundo dados da Bolsa do Báltico, com sede em Londres. Os navios da classe Capesize estão estão neste momento a ser fretados por quase 35.000 dólares por dia, o valor mais alto desde há 5 anos e meio.
O sector marítimo está a preparar-se para algumas das mudanças mais significativas da sua história recente – um corte obrigatório nas emissões de óxido de enxofre que será imposto em pouco mais de três meses. Para atingir estas metas, milhares de navios estão a ser retirados do mercado para instalar equipamentos designados de scrubbers que vão permitir que estes possam continuar a queimar o combustível mais barato que hoje é utilizado. Os navios que não se adaptarem passarão a pagar taxas mais altas.
A paragem de navios para serem feitas as alterações está a causar uma falta de de oferta no mercado numa altura em que por várias razões a procura tem aumentado. Este aumento deve-se desde ao retomar das exportações de minério de ferro do Brasil (após a recuperação dos danos causados pelo colapso de uma barragem ), ao aumento das exportações dirigidas ao retalho no EUA, em antecipação ao aumento de taxas alfandegárias, na guerra comercial entre os EUA e a China. Outro factor foi que muitos navios foram abatidos. Todos estes factos alteraram o equilíbrio entre a oferta e a procura.
Assim, neste momento os valores dos fretes estão a subir em todas as classes de navios que são monitorizados pela Baltic Exchange. Os navios da classe Panamax, classe abaixo dos Capesizes, estão a cobrar 18.000 dólares por dia, o máximo desde 2010. A classe Handysize, com 9.700 dólares por dia, está num máximo desde 2011.
Segundo previsões dos especialistas a oferta total no mercado de transporte marítimo deve crescer quase 3% este ano. Enquanto na década passada, por vezes a capacidade expandiu-se em mais de 10%. Ainda assim, este aumento de preços recente pode não durar. As importações de minério de ferro por parte da China caíram 5% nos primeiros sete meses do ano – algo que é uma má notícia para um mercado que depende do país asiático para impulsionar o fluxo de cargas. Assim, muitos não prevêem que esta alta de preços seja estável apostando mais na volatilidade do mercado.