A APAT (Associação do Transitários de Portugal) e o CPC (Conselho Português de Carregadores) anunciaram uma carta à Tutela onde condenam as recentes práticas do transporte marítimo, «nomeadamente as que impactam directamente com a adição de sobretaxas várias desde o início da pandemia da COVID-19, alterando condições pré acordadas entre as partes».
Segundo as duas entidades «desde o início da pandemia que se tem sentido um forte impacto do desequilíbrio de contentores e a redução da capacidade do transporte marítimo junto dos carregadores e dos transitários que, por sua vez, têm procurado assegurar a fluidez das suas cadeias de abastecimento globais, o que continua a ser crucial na crise actual.»
De acordo com a carta enviada, «já decorrem investigações nos USA, na China, na Coreia e na Índia onde estão a analisar as políticas e as práticas das companhias marítimas globais relacionadas com a imobilização e sobreestadia (D&D – Detention & Demurrage), a devolução de contentores bem como a disponibilidade de contentores e ainda as inúmeras sobretaxas criadas e aplicadas às empresas exportadoras, importadoras e aos transitários».
Consideram também que «no primeiro trimestre de 2021, a manter-se esta situação e a procura continuar a recuperar de forma consolidada como se tem verificado, os carregadores (as cargas) continuarão a ter dificuldade em aceder a contentores e a ver-se confrontados com a continuada aplicação de sobretaxas». Pelo que a APAT e o CPC enfatizam a importância para as empresas portuguesas do mercado do shipping, «pois o transporte marítimo tem um peso relevante nas cadeias logísticas que suportam as suas actividades na importação e exportação de matérias-primas, equipamentos e componentes necessários para a produção, laboração e transporte dos produtos produzidos e consumidos em Portugal.»
A carta fala ainda «que a consolidação nesta indústria do transporte deu mais poder, até injustificado, às três grandes Alianças (2M, The Alliance e Ocean Alliance) que levou agora a uma generalizada falta de contentores e aplicação de sobretaxas que as empresas portuguesas não estão a conseguir fazer frente.».
«A nossa prioridade é que se continue a garantir que a carga se movimente fluentemente e acreditamos que todas as partes da cadeia de abastecimento marítimo global querem o mesmo, mas a continuar com esta prática coloca-se em risco a recuperação dos negócios Europeus e principalmente dos portugueses, sendo que actualmente há empresas nacionais que já sentem enormes dificuldades com a gestão dos seguros de crédito», finalizam.