Apesar de ser um fenómeno recente, os marketplaces tornaram-se no modelo de negócio dominante no comércio eletrónico de retalho, gerando 67% das vendas globais, e com uma quota de mercado superior a qualquer outro modelo de negócio do setor em 93% dos países, segundo o relatório ”Investing in the Future: How Retailers Use Innovation to Gain an Edge”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o World Retail Congress (WRC).
A crescente digitalização da economia impulsionou alterações no setor do retalho, despoletando uma maior aposta em ferramentas digitais e um rápido crescimento do comércio eletrónico. Neste contexto, o relatório analisa as prioridades dos retalhistas líderes em inovação, revelando que 6 em cada 10 priorizam os investimentos em comércio eletrónico, sendo que a aposta em melhorias operacionais e a utilização de big data e de Inteligência Artificial (IA) também se incluem no leque de prioridades.
No comércio eletrónico, os pioneiros em inovação privilegiaram o investimento em marketplaces, retail media e em comércio social (social commerce). Os marketplaces, plataformas que oferecem uma vasta seleção de produtos num único lugar, são os principais modelos de negócio de comércio eletrónico, permitindo aos retalhistas escalar rapidamente a sua oferta de produtos com um investimento inicial baixo e uma complexidade operacional reduzida. Para responder às necessidades dos clientes e defender-se contra os modelos de negócio totalmente digitais, 42% dos líderes em inovação no retalho focaram os seus investimentos neste tipo de plataformas. Já os retail media proporcionam dados de qualidade sobre as preferências dos consumidores, permitindo definir estratégias de venda mais eficientes e garantindo um fluxo de receitas com margens elevadas. Por este motivo, mais de quatro em cada dez líderes em inovação (44%) investiram neste modelo de negócio e prevê-se que o número cresça nos próximos anos. Além disso, o comércio social (social commerce) já está bem estabelecido em países orientais e tem vindo a crescer no Ocidente, com plataformas como o Instagram e o TikTok a introduzirem novas funcionalidades de venda de produtos para aumentar o envolvimento dos utilizadores. Dos líderes em inovação inquiridos, 39% priorizaram o investimento neste modelo de comércio eletrónico.
O estudo revela ainda que os retalhistas líderes em inovação estão a investir uma média de 13% da receita anual em iniciativas de inovação e a obter um retorno sobre o investimento (ROI) de 21%. Em contrapartida, os retalhistas menos inovadores investem apenas cerca de 3% das receitas nesta área e obtêm um ROI de 9%, perdendo competitividade no mercado.
Seis fatores chave para impulsionar a inovação
Os líderes em inovação no setor do retalho são ousados na sua abordagem à inovação, uma vez que investem em vários projetos em simultâneo, estabelecem parcerias em iniciativas de inovação, e procuram moldar as preferências dos consumidores ao invés de se limitarem a reagir às tendências. A BCG destaca seis fatores fundamentais que distinguem os líderes de inovação do setor e que permitem impulsioná-la no retalho, promovendo a competitividade:
1. Tecnologia e dados. Os retalhistas mais inovadores investem em infraestruturas tecnológicas modernas e utilizam grandes volumes de dados para determinar quais as iniciativas a implementar e as estratégias a seguir, ganhando competitividade.
2. Alinhamento de objetivos estratégicos. As iniciativas inovadoras dos líderes de inovação no retalho estão alinhadas com as suas estratégias empresariais e comerciais e contam com executivos que promovem a criatividade.
3. Organização e modelo operacional. Os retalhistas pioneiros em inovação contam com equipas especializadas neste parâmetro e melhoram continuamente os seus modelos operacionais para distribuir recursos pelas diversas iniciativas em curso, promovendo um crescimento sustentado.
4. Cultura Organizacional. As empresas de retalho vanguardistas promovem uma cultura organizacional que incentiva a inovação, e investem em vários projetos em simultâneo, estimulando os colaboradores e destacando-se face aos concorrentes.
5. Governança e orçamento. Os retalhistas inovadores estabelecem estruturas de governança e processos orçamentais flexíveis para promover, sustentar e aumentar iniciativas inovadoras, e estabelecem objetivos claros e realistas alinhados com estas práticas.
6. Gestão de risco. As organizações de retalho mais inovadoras adotam uma estratégia de gestão de risco abrangente, que equilibra os riscos associados às iniciativas de inovação com os potenciais ganhos, permitindo a exploração de projetos mais inovadores e competitivos.
Fonte: Boston Consulting Group (BCG)