A cadeia logística tem conhecido novos desafios com a intensificação dos processos digitais ligados ao ecommerce e à preconização do omnicanal. Por outro lado, e fruto da globalização, as cadeias tornaram-se também maiores e mais complexas com um número crescente de operadores.
Segundo um relatório da Fortune Magazine, quase 94% das empresas Fortune 1000 enfrentaram disrupções induzidas pela pandemia, expondo várias fraquezas nos fluxos tradicionais nas cadeias logísticas existentes, como a falta de visibilidade a montante e a jusante, falta de resiliência perante a variabilidade da procura ou roturas de stock imprevistas devido a processos logísticos muito manuais ao longo da cadeia.
A pandemia apenas veio agravar o cenário desafiante que o setor da logística enfrenta, com problemas estruturantes como, aumento dos custos de transporte, inconsistências no rastreio, visibilidade limitada sobre a expedição, comunicação fragmentada, transportes vazios e atrasos nas entregas.
Neste momento, torna-se necessário agilizar processos, sistematizar operações para entregar mais rápido e mais barato. Para atender a estas necessidades, as organizações necessitam de coordenar-se para fornecer na totalidade e dentro do prazo, bem como ter um portefólio de parceiros abrangente de forma a encontrar rapidamente novas alternativas quando ocorrem mudanças, utilizar a IA (Inteligência Artificial) para orientar a tomada de decisão, diminuindo o erro e o risco e interligar e integrar operações, transitando dos modelos tradicionais transacionais de Supply Chain Management (SCM) para abordagens orientadas à estratégia, digitais e sustentáveis.
Pegando neste último ponto, diria que é fundamental que todas as peças da cadeia estejam interligadas e a funcionar em sintonia, de forma a que a empresa consiga garantir que os produtos chegam rapidamente aos clientes. Neste sentido, a logística tem-se socorrido cada vez mais da tecnologia e de software para coordenar as diversas operações do processo logístico. Apenas através de uma solução tecnológica integrada e integradora é possível: ter uma visibilidade end-to-end, para que as organizações tenham informação em tempo real sobre qualquer ponto da operação em toda a cadeia logística; tomar decisões rápidas; antecipar problemas e detetar e corrigir dificuldades processuais; reduzir custos e melhorar os níveis de satisfação dos clientes, fazendo com que os produtos cheguem mais depressa e com níveis de qualidade superior, garantindo uma maior produtividade e eficiência dos processos. A adopção de soluções de software de Digital SCM são fundamentais na prossecução destes resultados, potencializando empresas inteligentes, integrando dados e processos, construindo cadeias de valor flexíveis, agindo sobre os desafios dos clientes e fornecedores e eliminando os silos tradicionais ao mesmo tempo que asseguram uma experiência de cliente positiva, recentrando o foco na logística e noutros processos vitais.
Agora, para que a implementação de uma estratégia logística digital integrada funcione, é preciso não descurar alguns aspetos que, não tendo a atenção necessária, podem fazer com que a estratégia não seja tão fluida e linear como o esperado. Nesse sentido, é necessário envolver toda a organização. Todos os departamentos da empresa devem estar envolvidos no processo, necessitando de ter conhecimento e formação sobre as ferramentas utilizadas para gerir e partilhar os fluxos de informação. Como disse, os fornecedores e parceiros devem estar integrados e envolvidos. Neste contexto, as ferramentas digitais colaborativas assumem-se como ferramentas de trabalho importantes para facilitar o relacionamento e a partilha de informações entre os diversos intervenientes do processo logístico, promovendo ainda a visibilidade e a transparência ao longo de toda a cadeia.
É ainda necessário e fundamental identificar as pessoas responsáveis pelas atividades e que irão controlar cada etapa, bem como integrar as ferramentas da empresa (como ERP, Gestão de Armazéns (WMS), Gestão de Transporte (TMS) e Redes colaborativas digitais, entre outras), de forma a que a organização tenha uma visibilidade end-to-end, e consiga desenvolver automatismos e obter insights relevantes para a tomada de decisão.
Diria que para diminuir o risco face ao aumento das incertezas, precisamos de uma cadeia logística à altura do desafio. É por isso que as empresas líderes estão a criar cadeias logística sustentáveis e resistentes ao risco, com base em princípios essenciais.