Muito se tem falado dos problemas para a supply chain que o Brexit pode implicar. Uns acham que será uma catástrofe e outros que praticamente não terá impactos. No entanto foi tornado público recentemente que organizações farmacêuticas que estão a trabalhar em planos com o governo do Reino Unido, para manter o fornecimento de medicamentos em caso de um hard Brexit, tiveram de assinar 26 acordos de confidencialidade que as impedem de revelar informações ao público.
Os números mostram que 16 empresas farmacêuticas e 10 associações comerciais foram convidadas a assinar acordos de confidencialidade que os impedem de revelar qualquer informação relacionada com planos de contingência elaborados com o Departamento de Saúde e Assistência Social.
Stephen Hammond, o ministro da Saúde, esclareceu: “Desde julho de 2016, o departamento assinou 16 acordos de confidencialidade com empresas privadas e 10 com associações comerciais relacionadas com o nosso plano de contingência para o Brexit.”
O governo tem estado em contacto próximo com a indústria farmacêutica, que está a armazenar medicamentos para garantir acesso a medicamentos vitais caso as cadeias de abastecimento sejam interrompidas devido a atrasos na fronteira.
Sabe-se também que o Departamento de Transportes tem 28 acordos de confidencialidade em vigor, que proíbe empresas e organizações de discutir os planos de gestão de cargas em Kent, tanto na fronteira como na alfândega.
O Departamento para a Saída da União Europeia (DExEU) tem seis acordos de confidencialidade.
O processo gerido pelo governo Britânico é sigiloso ao ponto de as informações só serem fornecidas a algumas empresas oralmente, ou através de cópias de documentos impressos que devem ser devolvidos no final das reuniões.
Matt Hancock, o Secretário de Saúde, foi criticado recentemente por aparentemente se referir ser “o maior comprador de frigoríficos do mundo” compras que fazem parte de um plano para constituir stocks de medicamentos essenciais.
O governo montou uma equipa de especialistas para resolver problemas no NHS (Serviço Nacional de Saúde) em caso de um Hard Brexit. Matt Hancock disse que estavam a ser organizados voos especiais para levar medicamentos da Holanda para superar a escassez antecipada.
Esta equipa de especialistas começou a trabalhar em meados do mês de Dezembro, imediatamente antes de o governo intensificar os preparativos para o não-acordo, como resultado do impasse político sobre o acordo negociado por Theresa May e a União Europeia.
Estes factos mostram que de facto há sérias preocupações de as cadeias de abastecimento serem duramente afectadas, e que pelo menos nos primeiros meses pode haver disrupção.