As vendas consolidadas do grupo Jerónimo Martins cresceram 11,0%, no primeiro trimestre do ano, para 4.715 milhões de euros. Sobre este resultado, Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador do grupo diz que «traduz a força competitiva dos vários negócios e a flexibilidade e resiliência das operações do grupo, mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia por Covid-19».
O responsável esclarece que os primeiros impactos da crise sanitária mundial começaram a fazer-se sentir «ainda que com intensidades diferentes consoante o estádio de evolução da situação epidemiológica em cada país (Polónia, Portugal e Colômbia)», a partir da primeira quinzena de Março. Nos três países em que grupo opera foram adoptadas medidas necessárias para «garantir a distribuição continuada de bens essenciais pelas lojas e responder a situações de emergência social».
Os planos de acção implementados em cada área de negócio têm sido aplicados como forma de antecipar ou mitigar impactos na operação. Como refere Pedro Soares dos Santos, a prioridade foi «assegurar a disponibilidade de produtos nas lojas alimentares do grupo, assumindo como prioridade estratégica número um a protecção da cadeia de abastecimento de produtos essenciais».
Nesse sentido, para além dos procedimentos de limpeza e desinfecção das lojas, centros de distribuição e escritórios centrais, introdução de equipamentos de protecção, isolamento preventivo dos colaboradores mais vulneráveis e colocação de sinalética de distanciamento nas lojas, foi feita uma racionalização parcial do sortido para reduzir riscos de execução, sendo que a «boa capacidade de resposta da operação tem permitido uma reversão progressiva desta redução». Verificou-se ainda um aumento dos stocks em bens essenciais para evitar disrupções.
A par da colaboração com os fornecedores na identificação prematura de riscos nas suas operações e, para em conjunto, trabalharem na sua mitigação, o grupo retalhista diz ter alargado as compras a pequenos produtores regionais «como forma de contribuir para o escoamento da sua produção sem redução do preço de compra ao produtor, de forma a proteger a continuidade dos seus negócios».
Vendas decrescem após subida nas duas primeiras semanas de Março
Os primeiros impactos da pandemia na operação começaram a sentir-se, na Polónia e em Portugal, nas duas primeiras semanas de Março, explica a Jerónimo Martins, com um «crescimento acentuado das vendas em determinadas categorias a reflectir os receios dos consumidores de não conseguirem aceder a produtos alimentares essenciais durante a pandemia». Nas duas últimas semanas de Março, foram implementadas na Polónia e em Portugal as primeiras medidas de restrição da circulação de pessoas, o que levou o grupo a reduzir as horas de funcionamento das lojas e introduzir medidas adicionais de segurança. Neste contexto, e em consequência também da acumulação de bens alimentares em casa verificada nos dias anteriores, as vendas registaram um decréscimo no Pingo Doce e na Biedronka.
Em Abril, sob medidas estritas de circulação de pessoas e com limites relativamente ao número máximo de clientes por loja, as vendas registaram um crescimento de 6,5% (em moeda local) na Biedronka e uma redução de 16,3% no Pingo Doce, em relação ao mesmo mês de 2019. O estado de confinamento durante o período da Páscoa, também «não contribuiu significativamente para o desempenho de vendas».
Em Março, e na sequência do encerramento dos restaurantes e cafés e da suspensão da actividade turística em geral, também o Recheio registou uma queda substancial da sua actividade junto do canal HoReCa, que representa c.35% do volume total de negócios da Companhia. O decréscimo de vendas registado nas duas últimas semanas de Março prolongou-se para o mês de Abril. Ainda em Portugal, e por imposição da declaração de Estado de Emergência no país, as lojas de chocolates Hussel e as cafetarias Jeronymo encontram-se encerradas desde o dia 19 de Março.