O estudo da McKinsey “Automação na Logística. Grandes oportunidades, grandes incertezas” analisa principais razões pelas quais a automação está a transformar o sector da logística. A machine learning está a tornar-se numa tecnologia essencial para muitas organizações do sector à medida que estas procuram uma maior eficiência e avaliam a forma mais rápida e eficaz de chegar ao mercado.
Há três razões para esta situação: a falta de recursos humanos; exigência crescente por parte dos retalhistas online e desenvolvimentos importantes na tecnologia. O Instituto Global da McKinsey acredita que o sector dos transportes e da armazenagem vêm em terceiro lugar quanto ao potencial de automatização de qualquer sector.
A Mckinsey identificou 50 tecnologias que podem aumentar a automação em diferentes fases da supply chain, tais como a robótica avançada no armazém, a analítica nos transportes e as aplicações de IoT / sensores inteligentes. As empresas de logística enfrentam uma questão crucial: qual a tecnologia que vai produzir maior retorno do investimento realizado? A automação e a robótica são áreas que implementadas na supply chain podem vir a mudar as regras.
De acordo com o relatório, os sistemas de automação «são hoje muito mais flexíveis». Os sistemas rápidos de picking conseguem gerir 1000 a 2400 picks por hora, graças às tecnologias de visão avançada que lhes permite manipular objectos apresentados em posições arbitrárias. A tecnologia dá ao armazém a capacidade para gerir requisitos que mudam rapidamente devido às exigências do multichannel e omnichannel, relacionadas com a rapidez do nível de serviço necessário para garantir as entregas no próprio dia ou dia seguinte.
Estima-se que em 2030, a maioria das operações possam ser automatizadas, à medida que a inteligência artificial toma conta das tarefas mais simples e repetitivas que até então eram realizadas por pessoas. A McKinsey antecipa armazéns totalmente automatizados, através da aposta nos veículos autónomos. Também com o recurso a óculos de realidade aumentada, as empresas vão permitir que haja uma visibilidade de toda a operação e uma coordenação entre a força de trabalho e os robots. Os sistemas de WMS manterão o controlo do inventário em tempo real ao mesmo tempo que garantem a ligação deste ao sistema de encomendas.
A Mckinsey acredita que há 10 tecnologias que podem alterar a forma como as operações são realizadas no armazém.
Sistemas multishuttle – Muitas vezes usado com um sistema automático para arrumar e retirar cargas (AS/RS) que transfere bens, em regra geral colocados em paletes, sem intervenção humana.
Ferramentas analíticas – algoritmos que permitem aos operadores analisar a performance, identificação de tendências e fazer previsões que deem imputs para as decisões operacionais, servindo também para que através da machine learning introduzir melhorias ao longo do tempo.
Reconhecimento óptico – Um sensor que faz o scanner de itens para os ordenar. Inclui tapetes transportadores, veículos guiados por laser e drones como movimentos controlados por câmaras.
Ligações entre transportadores – A ligação entre dois sistemas distintos de transportadores que utiliza decisões lógicas para controlar o fluxo de itens.
Sistemas de gestão – Sistemas digitais analíticos capazes de fundir as funções analíticas, os reports de performance e as ferramentas de previsão para permitir aos gestores controlarem facilmente um sistema total como um armazém.
Armazenagem inteligente – Estes vão permitir que a analítica avançada e as ferramentas digitais possam colocar e retirar itens da forma mais eficiente, ajustando os meios de armazenagem ao produto, picking e características das ordens.
Impressão 3D – Este processo cria peças através da adição de camadas de materiais (regra geral plástico ou metal) para criar uma forma. A impressão 3D também é conhecida por additive manufactoring (fabrico aditivo).
Robots AGV – Estes veículos autónomos que podem operar de forma livre ou carris digitais para levarem produtos às estações de picking de acordo com as instruções do software que gere os fluxos das ordens.
Óculos inteligentes – Óculos de realidade aumentada que ajudam os utilizadores. Trata-se de óculos que reduzem as ineficiências nas buscas.
Robots de picking – Um sistema com braços robóticos que replicam o movimento humano de pegar em algo.
Para atingirem o sucesso na logística, todas as empresas do sector têm de conseguir dar resposta a duas áreas críticas: velocidade e variedade. Para conseguir satisfazer entregas no próprio dia, vai ser necessário mais automação no picking, no embalamento e na divisão (sorting). Os gigantes do comércio electrónico como a Amazon e a JD.com estabeleceram as suas próprias credenciais logísticas ao longo dos últimos anos
A McKinsey considera que se o departamento logístico da Amazon fosse uma empresa separada, seria o quinto maior operador logístico (3PL) do mundo. Já a JD.com inaugurou um parque logístico com redes de tecnologia 5G, que segundo a empresa vai melhorar as operações e a estratégia de IoT. A Amazon e a JD.com utilizam a sua própria logística, actuando em alguns nichos como a entrega de pacotes em áreas urbanas complexas, mas também se expandindo para outras áreas. A tendência das grandes empresas em criarem mais armazéns para servirem a última milha e conseguirem fazer entregas no mesmo dia implica que as empresas de logística têm de se manter ágeis para conseguirem enfrentar a concorrência, principalmente devido à velocidade de adopção de tecnologias com capacidade de transformar todo o sector.