Mais de 90% das empresas acreditam que a disrupção das cadeias de abastecimento globais causada pela pandemia vai ter um impacto de longo prazo nos seus negócios. As indústrias aeroespaciais e de defesa até ao momento foram as mais afectadas, mas é esperado um «impacto muito grande» para os vários sectores da economia, pelo que é imperativo monitorizar de forma continua os riscos, de acordo com um estudo realizado pela Interos.
Praticamente todos os 450 decisores seniores nos EUA que participaram no estudo (98%) afirmaram que as cadeias de abastecimento das suas organizações tinham sofrido disrupções. As suas organizações tinham enfrentado falhas, redução na procura, variações nos preços e instabilidade na supply chain devido à pandemia. Mais de 90% mostraram-se preocupados que futuras vagas de infecções possam trazer consequências semelhantes.
Para reduzir o risco e protegerem-se de choques futuros as empresas estão a planear reorganizar as suas supply chains. Entre outros passos, inclui-se mudar a produção para os EUA. São também quase unânimes (97%) que ter uma melhor visibilidade dos fornecedores é essencial, embora não chegue, pois menos de metade (44%) têm apenas uma solução para monitorizar a cadeia de abastecimento, incluindo fornecedores indirectos.
Há também uma quase unanimidade (91%) de gestores que concordam que é necessário haver uma forma simplificada e eficaz de monitorizar de forma constante os riscos na cadeia de abastecimento, pois a estar implementada tal solução teria ajudado na resiliência desta em relação às disrupções causadas pela pandemia. Segundo Jennifer Bisceglie, CEO da Interos, «as organizações começaram a perceber a importância de monitorizar de forma continua os seus fornecedores para detectarem riscos e disrupções, mas percebem que pode ser feito mais».
De uma lista de 11 factores de risco, 57% das organizações consideram que a continuação da pandemia constitui o maior risco que as suas cadeias de abastecimento enfrentam. Percentagem que é bastante superior a qualquer dos outros riscos. Quando instados a quantificar o quão grande tinha sido a disrupção, consideraram que em média 43% da cadeia de abastecimento tinha sofrido algum tipo de interrupção que ia desde:
– Flutuações nos preços dos fornecedores (44%);
– Pausas ou lentidão no abastecimento causados pelas restrições de segurança (44%);
– Necessidade de encontrar fornecedores noutras regiões geográficas (36%);
– Insolvência de fornecedores (25%).
Alguns sectores foram mais afectados do que outros. O estudo concluiu que 65% das cadeias de abastecimento no sector aeroespacial e de defesa sofreram disrupções causadas pela pandemia. No sector industrial, o colapso de fornecedores, citado por 48% de respondentes, seguindo-se as insolvências (46%).
A pandemia expôs as vulnerabilidades de muitas organizações, principalmente das que dependiam grandemente da China como fonte de matérias- primas e produtos acabados, com 45% dos respondentes a assumirem que tinham dependências regionais ou concentrações geográficas. Outras vulnerabilidades incluíam:
– Planeamento inadequado para disrupções de longo prazo (48%)
– Dependências de um único ponto ou estrangulamentos (43%)
– Falta de compreensão das inter relações entre as supply chains globais (38%)
O estudo também abordou outros riscos para as cadeias de abastecimento para lá da pandemia. Os cinco riscos mais citados foram: Ciberataques / violações das bases de dados (41%); questões relacionadas com a condução dos negócios com países afectados por restrições ou sanções (34%); a liquidez dos fornecedores (33%); e a dependência de um único país ou fornecedor (30%).
Por tudo isto, 98% dos inquiridos estão a planear algum tipo de acção para se tornarem mais resiliente a futuras disrupções. As escolhas têm começado por recair em: identificar e contratar fornecedores alternativos; passar a monitorizar o risco de forma constante e o aumento da capacidade onshore.
Apesar de todos os riscos e intenções de mudança, estas podem ser atrasadas ou mesmo anuladas por vários obstáculos que podem impedir mudanças significativas: falta de orçamento para implementar as mudanças; regulamentos e obrigações contratuais.