Se “resiliência” foi a palavra de ordem no mercado imobiliário em 2020, “diversificação” será a tendência dominante em 2021, antecipa a JLL. No início de um novo ano em que a pandemia persiste, a consultora prevê que novos segmentos de imobiliário vão ganhar espaço no mercado nacional, ao mesmo tempo que os sectores mais tradicionais vão ter de se reinventar.
Esta é uma das principais conclusões do estudo Market 360º, no qual a JLL apresenta um balanço da actividade do mercado imobiliário em 2020 e as perspectivas para o seu desenvolvimento este ano.
Destaque para a redinamização do imobiliário de industrial & logística, que tem de responder a um aumento exponencial de procura no contexto do boom do comércio electrónico. Mariana Rosa, Head of Leasing Markets Advisory sublinha que «o imobiliário industrial e de logística é um dos sectores que sai a ganhar da nova conjuntura pandémica. O volume de vendas online triplicou e isso veio impor a necessidade de novas unidades de armazenamento, especialmente na última fase do processo de entrega, as chamadas unidades last mile. Este aumento de procura, que não encontrou eco na oferta disponível, teve impacto positivo nas rendas em 2020. Não há dúvida que este segmento terá grande dinâmica este ano a nível de procura, sendo acompanhado da qualificação da oferta».
Ao mesmo tempo, sectores imobiliários mais tradicionais como o retalho, começam a reinventar-se. «O imobiliário de retalho é um dos mais afectados pela pandemia, sofrendo com o fecho das lojas e restrição nos fluxos de pessoas e turistas. Os centros comerciais e o comércio de rua em zonas turísticas foram os formatos mais afectados, ao passo que a restauração se destaca entre as áreas de negócio com impacto mais negativo. As rendas já acusaram esta pressão, embora com variações face a 2019 ainda pouco vincadas e mantendo-se em níveis elevados. Lisboa apresenta uma renda prime de 130 €/m2 no comércio de rua e o Porto de 65€/m2, atingindo-se 115€/m2 nos centros comerciais», nota Patrícia Araújo, Head of Retail. Quanto ao lado mais positivo, a responsável refere que «o comércio de bairro e de conveniência consolidaram a sua atractividade». Olhando para o futuro, o sector terá de se reinventar: «Se por um lado, o comércio de proximidade e conveniência veio para ficar, o retalho atravessa um momento de mudança de paradigma, em que a loja já não pode ser apenas um espaço de troca comercial, mas tem que apelar às emoções e proporcionar uma experiência a quem o visita. Isto terá grande impacto na forma como o imobiliário de retalho será desenhado», termina Patrícia Araújo.