Grupo Coviran: Pandemia leva a aumento da pressão das cadeias de abastecimento

A pressão nas cadeias de abastecimento e as dificuldades acrescidas nas vendas devido à diminuição do rendimento da população em geral, são para a Coviran as principais causas do agravamento da actual pandemia. Contudo e apesar de desafiante, é necessário garantir que as cadeias de abastecimento funcionem de forma regular, sem rupturas de stock, de forma a manter a satisfação dos clientes.

Em Portugal, a Coviran marca presença em todo o território nacional, contabilizando um total de 261 supermercados localizados em todos os distritos, nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira e três plataformas logísticas localizadas em Sintra, Vila do Conde e Algoz, que garantem uma total cobertura do território nacional.

«Somamos nove anos de experiência no mercado português e durante estes anos, temos alcançado níveis de crescimento positivos na ordem dos dois dígitos, proporcionando um nível elevado de serviços aos nossos associados e um especial cuidado na adaptação da nossa oferta às reais necessidades dos consumidores nacionais», refere Acácio Pereira Santana, Director da Coviran Portugal. «É nosso objectivo posicionarmos como uma referência entre os pequenos e médios empresários, que beneficiam do nosso modelo cooperativo, que se reflecte mais social e participativo. Por outro lado, conseguimos oferecer valor e rentabilidade para o mercado do retalho independente, quando equiparado a outros modelos de franquia.»

Fundada em Granada, em 1961, a Coviran é a primeira cooperativa ibérica de distribuição alimentar e define-se como uma central de serviços focada nos interesses dos seus sócios. Trata-se de «um modelo diferenciador, flexível e adaptável à natureza empresarial dos seus sócios, que também são muito diferentes entre si, já que se encontram localizados em territórios muito distintos».

 

Mais de 3 mil supermercados na Península Ibérica

A partir de 1985 teve início o processo de concentração de sociedades, o ponto de partida do crescimento da Coviran, através da sua implantação em toda a Espanha e fora das fronteiras nacionais, com presença destacada em Espanha, Gibraltar e Portugal. Actualmente, a Coviran trabalha para prosseguir com a sua expansão internacional, cobrindo as necessidades do pequeno e médio empresário independente da distribuição alimentar.

O grupo é composto por mais de 3.000 supermercados e mais de 2.500 sócios retalhistas independentes deste sector, repartidos por toda a Península Ibérica.
O responsável em Portugal explica que: «A capacidade da rede de Supermercados da Coviran, torna possível a transferência para as zonas rurais, de uma oferta muito competitiva em territórios que não costumam estar cobertos pelos grandes grupos da distribuição».

Na Coviran «temos total capacidade de adaptar a nossa oferta de produtos e serviços, tanto ao meio urbano, como ao meio rural e este é também, um factor de diferenciação na nossa organização. Contudo destacamos o urbano, onde estamos inseridos nos bairros residenciais, evitando os grandes centros».

Já o contexto de crise actual que vivemos, conduziu a uma inevitável mudança nos hábitos e tendências de consumo, sendo que veio acelerar e consolidar as compras no comércio de proximidade. Como tal, tudo aquilo que diferenciava o comércio de proximidade de outros tipos de comércio, tal como a dimensão mais reduzida das lojas, o atendimento personalizado, a comodidade de deslocação dos clientes, a qualidade da oferta de produto, tornaram-se nas grandes vantagens competitivas deste tipo de negócio.

 

3 plataformas cobrem o mercado nacional

A Coviran dispõe de três plataformas logísticas em Portugal que totalizam 25 mil m2. Cerca de 8mil m2 dizem respeito às áreas de temperatura e ambiente controlado. Nas plataformas logísticas trabalham 70 trabalhadores. Diariamente, abastecem 120 lojas e movimentam 500 paletes por dia. Ao nível da digitalização, o grupo está num processo de transformação em todas as vertentes (360º). Tem em curso diversos projectos vinculados à digitalização de forma a potenciar a tecnologia aplicada ao retalho e utilizá-la em benefício dos seus associados e da rentabilidade das suas lojas. Exemplo deste compromisso é a parceria entre a Fundação Coviran e a Microsoft, que conjuntamente estão a promover e apoiar projectos de inovação e empreendimento nas áreas da distribuição comercial e do retalho. A meta é impulsionar a transformação digital do tecido social e empresarial. Sobre a conectividade, todas as lojas estão interligadas às plataformas na perspectiva de compras e vendas. Já no que se refere ao abastecimento à sua rede de lojas, a Coviran optou por um transportador externo (neste caso a Luís Simões).

Relativamente às compras, a Coviran conta com um departamento próprio em Portugal, constituído por 12 pessoas, onde apesar de beneficiar de total autonomia em relação a Espanha, aproveita todas as mais valias e sinergias ibéricas.

O incentivo à produção nacional é uma aposta da insígnia, com 80% das suas compras a serem feitas a fornecedores nacionais, quer sejam multinacionais sediadas em Portugal ou a fornecedores exclusivamente nacionais ou locais. Em Portugal possui algumas referências de marca própria e frutas e verduras que também são comercializadas no mercado espanhol.

Junto dos seus associados, a Coviran adoptou um modelo de compras pull. Ou seja, «entregamos apenas o que é encomendado».

 

«É preciso evitar rupturas de stock»

Sobre a actual crise sanitária, Acácio Pereira Santana indica que inevitavelmente, ocorreram rupturas de stock. «Todavia, tem sido nosso objectivo oferecer total apoio a todos os nossos associados para que a cadeia de distribuição continue a funcionar, assegurando a maior normalidade na prestação de serviços. Assegurar que as cadeias de abastecimento funcionem de forma regular, sem rupturas de stock, tem permitido aos nossos sócios satisfazerem a procura por parte dos seus clientes».

Com as restrições geradas pela pandemia, foi realizado um esforço de adaptação às novas necessidades dos clientes, para tal a Coviran promoveu as entregas ao domicílio, assim como o compromisso para «com os que mais precisam, dando prioridade a clientes com mobilidade reduzida, falta de visão e colectivos com necessidades especiais».

Quer para a Central de Compras como para a rede de lojas foram adoptadas as medidas recomendadas pela DGS, bem como protocolos definidos pela própria cooperativa. Não houve, no entanto, necessidade de adoptar medidas de excepção quanto à forma como os produtos são transportados, pois, como garante o responsável «já tínhamos implementado e acautelado todos os cuidados necessários para com o manuseamento e transporte das mercadorias».

Apesar de ter tido alguns colaboradores ausentes em apoio familiar e recorrer ao teletrabalho nos seus entrepostos logísticos, o responsável fala em «constrangimentos mínimos» no que diz respeito aos recursos humanos.

 

Covid-19 renova importância do retalho local

No atual contexto, as cadeias de abastecimento exercem um papel fundamental para fazer chegar bens e serviços, com rapidez e segurança, aos mercados e consumidores. «Com a diminuição do poder de compra, o preço dos produtos ganha especial relevância e neste sentido, podemos prever uma maior procura dos produtos de marca própria, que pela sua qualidade ganham a preferência dos consumidores», diz Acácio Pereira Santana questionado sobre as perspectivas para os próximos tempos.

O responsável considera ainda que: «Como qualquer crise, a da Covid-19 também trouxe oportunidades e conferiu, seguramente, uma renovada importância ao comércio de proximidade. Implementar novas formas de atendimento ao cliente, como receber encomendas por telefone ou através das redes sociais, disponibilizar entregas ao domicílio, entre outras iniciativas, tem permitido consolidar um sentimento de confiança neste segmento de retalho.»

Perante a continuidade deste estado de pandemia aponta como principais impactos o aumento da pressão nas cadeias de abastecimento e nas dificuldades acrescidas nas vendas, por diminuição do rendimento da população em geral.

O artigo foi publicado na edição impressa da revista Logística Moderna nº 176

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