Segundo a Gartner, a maioria das empresas permanecerá presa a um modelo desatualizado que as impedirá de conseguir uma resiliência de ponta a ponta (end-to-end – E2E) nas suas cadeias de abastecimento até 2026. A principal razão deve-se ao facto de haver alguma confusão do mercado sobre o conceito de resiliência o que contribui para a adoção de soluções tecnológicas inadequadas.
A análise da Gartner indica que poucas empresas interiorizaram a necessidade de mudança de paradigma, que implica deixarem de estar orientadas para um modelo de previsão, mantendo-se consequentemente focadas principalmente na precisão, para se concentrarem na gestão da incerteza nas suas cadeias de abastecimento. Até que isto ocorra e os fornecedores de tecnologia alinhem soluções especificamente para alcançar a resiliência, em vez de simplesmente aumentarem a velocidade de decisão ou a digitalização da cadeia de abastecimento, a verdadeira resiliência do E2E ao longo da maioria das cadeias de abastecimento das empresas continuará a ser uma realidade evasiva.
“As empresas estão hoje a esforçar-se para acrescentar resiliência aos seus planos para as cadeias de abastecimento, mas ironicamente estão a tomar medidas que podem tornar as cadeias de abastecimento mais frágeis e rígidas por estarem baseadas em modelos de ‘estado mais estável‘ que se tornaram desatualizados”, afirmou Tim Payne, vice president analyst da Gartner’s Supply Chain practice. “O foco atual na melhoria constante da precisão, resulta em cadeias de abastecimento incapazes de lidar com os fatores de incerteza existentes hoje e pode simplesmente reforçar as suas vulnerabilidades”.
Tim Payne afirmou ainda que a confusão atual do mercado gira à volta do conceito de resiliência e resulta num ambiente que leva à compra de tecnologias que consistem em soluções que são frequentemente apenas ações de “re-marketing” para parecerem que permitem enfrentar os desafios da resiliência, mas que não ajudarão as empresas a alcançar a flexibilidade e adaptabilidade necessárias que são a marca da verdadeira resiliência E2E.
Para iniciar o processo para atingir a resiliência E2E e evitar cair na armadilha de soluções ineficazes que por vezes pouco mais são do que “resiliency-washing”, as empresas necessitam de começar por reinventar as suas estratégias. Neste sentido a Gartner recomenda às empresas que:
- Deixem cair modelos baseados em previsões e permitam à cadeia de abastecimento da empresa tirar o máximo partido das suas táticas de mitigação da incerteza ao não propagar de forma constante sinais de procura ao longo da cadeia de abastecimento. Mudar o foco do planeamento para a incerteza em vez de se concentrar exclusivamente na precisão dos planos.
- Trocar a incerteza desconhecida pela variabilidade conhecida, utilizando a IA e o ML para previsões diferentes e múltiplas.
- Começar a construir um gémeo digital da cadeia de abastecimento (DSCT), identificando parâmetros-chave do modelo que possam ajudar a melhorar a resiliência das decisões.
- Avaliar as decisões da cadeia de abastecimento utilizando métricas de incerteza em vez de métricas de precisão, através da implementação de KPIs que descrevam a capacidade da cadeia de abastecimento de tolerar a incerteza e a “probabilidade de execução” das decisões relevantes da cadeia de abastecimento.