À medida que as empresas continuam a investir em tecnologia digital para lidar com as perturbações da cadeia de abastecimento devido à pandemia, estão a descobrir que têm dificuldade em encontrar o talento para trabalhar nestes novos ambientes.
Num artigo recente, a McKinsey & Company, apresenta um estudo, onde 99% dos inquiridos afirmaram que precisam de mais talento em áreas como programação, analítica e róbotica avançada, para que os colaboradores possam apoiar os esforços atuais e futuros na transição para uma a cadeia de abastecimento digital, o que representa um aumento de dez vezes em relação ao anterior estudo realizado.
E isto poderá ser preocupante tendo em conta o facto de que um estudo de mercado do McKinsey Global Institute mostrou que, metade das tarefas atuais deverão ser automatizadas até 2055, resultando na transformação dos processos e na necessidade implícita de requalificar e aprofundar as competências dos trabalhadores.
Independentemente do mercado geográfico ou indústria onde está inserida, as empresas controlam a sua capacidade de atrair, desenvolver e reter o talento de topo, o que pode influenciar a sua performance no longo prazo.
Do ponto de vista do sector industrial, o estudo concluiu que houve uma melhoria nas capacidades da cadeia de abastecimento das empresas do sector farmacêutico, mas que o desempenho médio em empresas industriais de outros sectores avançados (automotive, aeroespacial, defesa e semicondutores) bem como em sectores como os metais e mineração, petróleo e gás, e pasta de papel diminuiu ligeiramente.
Olhando especificamente para as competências, hoje 30% das pessoas tinham um perfil de competências limitadas a uma única área (em 2017 eram 60%), enquanto 28% são proficientes em duas a cinco áreas. No entanto, o número de profissionais considerados especialistas em múltiplas áreas com competências ponta a ponta da supply chain está estável nos 5%. Assim concluiu-se que embora as competências tenham estado a melhorar, tal tem sido conseguido de forma lenta, podendo concluir-se que as competências têm crescido à medida que as empresas expandem as suas iniciativas para digitalizarem as suas cadeias de abastecimento.
Para além das competências funcionais tradicionais, o estudo introduziu um novo módulo em 2020 que se centra em aplicações analíticas digitais avançadas para a gestão da cadeia de abastecimento. Mas as funções de analítica de redes e de planeamento da procura, duas das iniciativas de transformação digital da cadeia de abastecimento mais frequentemente implementadas, apresentam pontuações um pouco mais elevadas: 46 e 49, respetivamente. Este facto sugere que pode haver uma correlação entre maiores níveis de talento e os avanços nos processos de digitalização da supply chain.
O estudo também detetou que embora se esperasse que os mais jovens possuíssem mais competências digitais, os dados mostram que o maior domínio de competências digitais e analíticas aplicadas, pertencem aos executivos seniores, seguindo-se os gestores de nível médio. Embora os colaboradores mais jovens possam ter o conhecimento técnico e uma formação mais orientada para o digital, falta-lhes uma perspetiva ampla sobre a criação de valor, aplicação de métodos data science e tecnologias avançadas à gestão problemas específicos do negócio.
O ritmo acelerado da automatização e da digitalização é suscetível de tornar isto ainda mais urgente nos próximos anos. De acordo com o estudo do McKinsey Global Institute, espera-se que metade das tarefas atuais sejam automatizadas até 2055, resultando em transformações de processo e na necessidade implícita de requalificar e aprofundar as competências dos colaboradores. Já se sabe há algum tempo que quase 70% de todos os programas de transformação falham, e uma das razões principais é que os colaboradores não têm as competências e capacidades necessárias para darem apoio ao programa de transformação.
Então, o que é que se espera das empresas para garantir que possuem o talento adequado? Apenas 6% das 71 empresas que responderam têm uma perspetiva formal sobre as capacidades e competências estrategicamente importantes para as suas organizações. Muitas indicaram que têm programas internos, incluindo novos programas de analítica, mas apenas um em cada 20 inquiridos considerou que esses programas eram eficazes para atingir os objetivos estratégicos.