As exportações da União Europeia (UE) para os Estados Unidos (EUA) devem atingir os 748 mil milhões de dólares em 2032, crescendo 38%, o que representa um aumento anual de 3,1% face a 2022, segundo o estudo “Jobs, National Security, and the Future of Trade”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). Esta previsão está alinhada com o desenvolvimento do comércio total entre as duas potências, que crescerá 38%, isto é, 318 mil milhões de dólares, em dez anos.
“O mapa do comércio global está a transformar-se, mas a relação comercial entre a União Europeia e os EUA deverá continuar a crescer e a ser uma linha orientadora das relações transatlânticas”, afirma Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa. “Contudo, parte da estratégia de crescimento das exportações da UE passa pelo alargamento do comércio aos mercados emergentes em alternativa à China (p.ex. Mercosul, Índia, Sudoeste Asiático). O reforço destas relações espelha a aposta na resiliência e solidificação das cadeias de abastecimento e uma expansão de rotas comerciais alternativas”.
As dinâmicas comerciais da UE na próxima década deverão ser marcadas pelo crescimento da relação com mercados emergentes, com destaque para a Índia, potência com a qual as trocas comerciais deverão disparar 66%, isto é, 78 mil milhões de dólares, até 2032. É também expectável um incremento de 56% (37 mil milhões de dólares) no comércio entre a União Europeia e o México e de 35% (24 mil milhões de dólares) nas trocas com o Canadá. O fluxo comercial com a China continuará a aumentar, crescendo 135 mil milhões de dólares nos próximos dez anos. Porém, este crescimento de 19% face a 2022 será mais lento do que a média mundial, que deverá corresponder a 2,8% a cada ano durante o mesmo período.
Em oposição, entre 2022 e 2032, perspetiva-se uma diminuição da troca comercial entre a União Europeia e a Rússia no valor de 222 mil milhões de dólares, representando uma redução de 92%. Além disso, é esperada uma redução de 10% no comércio entre a UE e o Reino Unido, na ordem dos 58 mil milhões de dólares.
No panorama global, o comércio irá crescer a um ritmo mais lento do que a economia durante a próxima década, prevendo-se que o seu incremento seja de 2,8% ao ano, enquanto o PIB mundial deverá subir 3,1% no mesmo período. Esta nova tendência, que rompe com a que se prolongou durante duas décadas, é fruto das pressões e perturbações económicas e geopolíticas ao redor do globo que levou ao redesenho das rotas comerciais tradicionais, verificando-se uma maior proeminência dos corredores regionais.
No estudo, a BCG destaca ainda cinco dinâmicas globais que continuarão a influenciar as relações comerciais na próxima década:
- A desaceleração do comércio entre o Ocidente e a China, prevendo-se que o valor do comércio com os EUA diminua 197 mil milhões de dólares até 2032;
- O reforço das ligações comerciais entre os países da América do Norte, esperando-se um crescimento de 466 mil milhões de dólares no comércio dos EUA com o Canadá e o México na próxima década;
- O crescimento do comércio da Associação de Países do Sudeste Asiático (ASEAN), prevendo-se que o comércio com os EUA (em 201 mil milhões de dólares) e com a UE (em cerca de 60 mil milhões de dólares) cresça, uma vez que emergirá como destino fundamental para as empresas que procuram diminuir a sua dependência da China em termos de fabrico e abastecimento;
- A emergência da Índia, enquanto alternativa à China, por beneficiar de uma estrutura de baixos custos, de mão-de-obra cada vez mais capaz e de uma logística melhorada para se tornar um importante mercado para a produção global. Prevê-se que a Índia atinja um crescimento médio anual do comércio de 6,3%, mais do dobro da média mundial (3,1%);
- A divergência comercial entre o Ocidente e a Rússia, nomeadamente entre Washington e Moscovo, que cairá 18 mil milhões de dólares. Em oposição, prevê-se que o comércio da Rússia com a China e a Índia crescerá 134 mil milhões de dólares e 26 mil milhões de dólares, respetivamente, até 2032.