Um novo estudo da Accenture mostra que 61% de proprietários/gestores de fábricas, minas, refinarias, prevêem adiar ou suspender novos projectos por tempo indeterminado por causa da pandemia de COVID-19.
Adicionalmente, 35% das empresas de serviços na área de engenharia, procurement e construção (EPCs), acreditam que os projectos já em fase de implementação vão ser revistos, de acordo com o estudo “Building Value with Capital Projects.”
Este estudo que inquiriu mais de 700 gestores a nível global detectou que a pandemia impactou uma indústria que já estava a enfrentar desafios na utilização de soluções digitais para conseguir finalizar os projectos dentro do prazo e orçamento.
«Quando comparado com outros sectores, muitos gestores já se estavam a atrasar no que diz respeito à transformação digital, quando os encerramentos forçados por causa do confinamento e os atrasos trouxeram ainda mais desafios à sua eficiência e competitividade,» afirmou Tracey Countryman, global lead for Digital Manufacturing & Operations, da Accenture Industry. «Para criar uma maior resiliência e mitigar a actual e futuras disrupções e retirar maiores valor do capital investido na execução dos projectos, as empresas necessitam de adoptar soluções de digitalização baseada em dados ao longo das suas cadeias de valor».
O estudo mostra que muitas empresas não conseguiram retirar os benefícios pretendidos dos seus esforços em termos de digitalização. «Por exemplo, 79% dos gestores utilizam data analytics para preverem a performance dos projectos e para apoio às decisões em tempo real. No entanto, só 34% conseguiram reduzir os custos de manutenção e operacionais nos projectos recentemente terminados e só 38% conseguiram aumentar a produtividade na construção».
De forma semelhante 79% das EPCs criaram centros de controlo logístico, para ter melhor visibilidade da logística, gestão de materiais, armazenagem, e na gestão logística dos recursos humanos, mas apenas 34% conseguiram reduzir os custos com equipamentos e materiais.
Outros resultados do estudo apresentam uma imagem muito semelhante, com 75-89% de gestores a utilizarem aplicações digitais baseadas em dados para mitigar os riscos e aumentar a eficiência e execução de projectos, mas com apenas 32-44% a conseguirem atingir os objectivos traçados. As razões, segundo o estudo, devem-se a um falhanço estratégico para conseguir criar um ambiente operacional adequado e os incentivos a criar uma cultura baseada em dados e uma inabilidade em conseguir operacionalizar os dados e a tecnologia.
O estudo detectou que 24% dos gestores e 14% das EPCs excediam os seus pares no sector em termos de produtividade e eficiência.
Identificou também quatro medidas que as empresas mais bem-sucedidas tomaram e que eram responsáveis por criar mais 6.6% de retorno do capital investido para os gestores e aumentar a margem operacional das EPCs em mais 5.8%.
1. Uma administração empenhada: A maioria dos gestores (57%) e das EPCs (60%) designam um executivo de topo (CEO ou COO como responsável pelos projectos digitalização baseados em dados. Estes são também responsáveis por terem criado uma cultura de partilha de dados como meio de conseguir uma colaboração informada dentro das suas organizações, parceiros e cadeias de valor.
2. Infraestrutura e condições para partilha de dados: Plataformas na nuvem, data lakes, drones e captura de realidade (reality capture) são as principais tecnologias em que os gestores com melhores resultados investiram nos últimos cinco anos. Os EPCs que obtiveram melhores resultados investiram muito em tecnologias IoT para tornar as supply chains mais inteligentes e previsíveis.
3. Talento baseado em dados: Os gestores designaram responsáveis de dados, que ficaram com a responsabilidade por os utilizar para gerirem horários, produtividade e aspectos regulamentares. Os EPCs com melhores resultados prepararam um grupo de coaches digitais, para trabalharem estreitamente com a força de trabalho nas operações para os ajudarem a executar os projectos e a atingirem resultados com mais eficiência, segurança e certeza.
4. Contratos baseados em incentivos: Mais de um quinto dos que obtiveram melhores resultados utilizaram contratos que incentivavam os stakeholders dos projectos a atingir resultados financeiros, ambientais e de responsabilidade social (gestores:22%, EPCs: 27%). Estes contratos estimulam a colaboração e uma mais rigorosa adopção de soluções baseadas em dados e analítica avançada que vai permitir gerar sucesso partilhado.