Economia portuguesa deverá crescer 6% em 2021

A economia portuguesa deverá sofrer uma recessão de -8% este ano, em linha com a média da Zona Euro, e crescerá +6% em 2021, acima da média da Zona Euro (de +4,8%), estima a Euler Hermes, accionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, antecipando, contudo, que Portugal não recuperará totalmente das perdas causadas pela pandemia antes de 2022.

Em consequência deste contexto, esta análise aponta para que Portugal registe um aumento de +15% do número de insolvências em 2020, e de +15% em 2021. Em comparação com 2019, estes números representam uma subida de 33%.

De acordo com os analistas da Euler Hermes, e «apesar de alguns resultados positivos fruto do esforço de contenção da propagação do vírus e de uma melhor gestão da crise sanitária», quando comparado com outros países da Zona Euro, Portugal foi «fortemente atingido» pela recessão causada pelo confinamento (-13,8% de contração do PIB no segundo trimestre de 2020). Portugal foi, a seguir à Grécia, o país da Zona Euro em que o consumo foi mais afectado pela pandemia, nomeadamente devido ao peso que têm no consumo interno as actividades relacionadas com hotelaria e restauração, transportes, vestuário e calçado, entretenimento e cultura, mobiliário e artigos para a casa (cerca de 27% do PIB).

A favor da recuperação, Portugal beneficiará da retoma internacional do comércio de bens, cujas exportações representam 27% do PIB nacional; a contribuir para moderar a velocidade da retoma, explicam os analistas, estão, por um lado, «a recuperação muito comedida do turismo – que apenas deverá atingir o nível pré-crise em 2023 e, por outro, a previsível manutenção, até ao final de 2021, de medidas de contenção em Portugal e nos países vizinhos (Espanha, França, Reino Unido).»

 

Economistas prevêem contracção de -4,7% do PIB mundial em 2020
De acordo com o estudo “Living on with a Covid-19 hum”, recentemente publicado pela Euler Hermes, os dados do segundo trimestre do ano confirmaram «uma contracção do PIB mundial sem precedentes» (-6,1% em relação ao trimestre anterior) após o choque da crise sanitária, aproximadamente quatro vezes pior do que a contracção de 2009 e o dobro da contração no primeiro trimestre deste ano. Assim, os analistas estimam que o PIB mundial se situe nos -4,7% em 2020, atingindo os +4,6% em 2021.
A par de Portugal, outros países devem registar este ano quebras no PIB superiores às da média global, de acordo com a análise. É o caso de França (-9.8%), Itália (-10,1%), Reino Unido (-11,8%) e Espanha (-11,8%), que foram muito mais afetados pelo impacto da crise sanitária do que, por exemplo, os Estados Unidos da América (-5.3%) e a Alemanha (-6%). O efeito, explicam os economistas, variou em função da intensidade das medidas de confinamento e da estrutura das economias.
Neste contexto, e também em consequência da eliminação gradual das medidas temporárias destinadas a apoiar as empresas, as insolvências deverão aumentar +31% até ao final de 2021.

 

O “efeito vacina”
Os economistas estimam que, a partir do início de 2022, as vacinas deverão estar disponíveis em grande escala para os países com economias mais desenvolvidas – como é o caso da Rússia, China, Reino Unido e EUA –, sendo posteriormente distribuídas pelos restantes países, o que, de acordo com a avaliação da Organização Mundial de Saúde (OMS), poderá suceder até ao final de 2022. Nessa altura, lê-se no estudo, 80% do PIB mundial voltará aos níveis anteriores à crise. Contudo, existe o risco de uma ruptura temporária no sector dos transportes durante a campanha global de vacinação. A Euler Hermes estima que, durante vários meses, a distribuição de vacinas mobilizará metade da capacidade global do sector.

 

Comércio: uma recuperação lenta
O comércio global «sofreu um duro golpe» no segundo trimestre de 2020: -15% em termos de volume e -21% em termos de valor, em comparação com o período homólogo de 2019. Globalmente, no primeiro semestre de 2020, o comércio de mercadorias foi -9% inferior ao do primeiro semestre de 2019 em termos de volume e -13% em termos de valor.
Também neste campo os números são «piores» do que os verificados na crise de 2009. A previsão da Euler Hermes para 2020 é de -13% (comparativamente aos -11% registados em 2009) em termos de volume, o que corresponderá a perdas comerciais de aproximadamente 3,4 biliões de euros.
Embora 2021 deva ser um ano de retoma, com uma recuperação de +7%, o regresso aos níveis de trocas comerciais pré-crise deverá acontecer apenas em 2022, conclui a análise.

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