O inquérito realizado pelo Institute for Supply Management (ISM) na segunda- feira passada detectou que os prazos de entrega estão a bater recordes devido à falta generalizada de matérias-primas criticas, ao aumento dos preços de matérias-primas básicas e às dificuldades em transportar produtos entre industrias.
A pandemia, que já vai no seu segundo ano, causou disrupções em muitas cadeias de abastecimento. O ISM faz notar que as “empresas e os fornecedores continuam a ter dificuldade em satisfazer o ritmo da procura devido a impactos da pandemia que limita a disponibilidade de peças e materiais.” Avisa ainda que o absentismo no trabalho, encerramentos de curta duração, devido à indisponibilidade de peças, e a dificuldade em preencher lugares podem limitar o potencial do crescimento industrial.
O index do ISM de actividade industrial caiu para 60.7 no mês passado, depois de ter subido aos 64.7 em Março, que era o valor mais alto desde Dezembro de 1983. Um valor de 50 indica expansão na produção industrial, que representa 11.9% da economia norte-americana. Numa sondagem realizada pela Reuters junto de economistas esta apontava para que o índice atingisse um valor de 65 em Abril.
O pacote de estímulos para enfrentar a pandemia da administração Biden no valor de 1.9 biliões de dólares, o programa de vacinação de todos os adultos nos EUA, levaram a um boom na procura, que está a esbarrar nos constrangimentos da cadeia de abastecimento. No entanto a Reserva Federal afirma não ter intenção de alterar a política monetária, pois entende que os constrangimentos da supply chain vão desaparecer à medida que tanto os trabalhadores como as empresas se forem adaptando.
Muitos fabricantes queixam-se do preço do aço, que são descritos como “loucamente altos.” Sendo que um dos factores que está a contribuir para esse facto é o aumento das tarifas alfandegárias impostas pelo Presidente Donald Trump para proteger as indústrias domésticas do que considerava ser concorrência desleal. No caso dos equipamentos eléctricos, electrodomésticos e componentes, existe uma grande dificuldade em fornecer materiais que são feitos com cobre ou aço.
Na indústria automotive, a crise global de semicondutores, obrigou a Ford a cortar a produção em 50% no segundo trimestre. As empresas de tecnologia também começam a enfrentar dificuldades. A Apple fez saber que a falta de chips poderia impactar a produção de iPads e de Macs em alguns mil milhões de dólares.
A maioria dos economistas espera um crescimento de dois dígitos no GDP neste trimestre, o que colocaria a economia numa posição de crescimento de pelo menos 7%, o que seria o crescimento mais rápido desde 1984. A economia contraiu 3.5% em 2020, o pior resultado dos últimos 74 anos.
O acumular de encomendas não satisfeitas aumentou, assim como as encomendas para exportação. Os fabricantes começaram a utilizar os stocks de emergência no último mês para tentar satisfazer as encomendas. Os armazéns estão praticamente vazios.
Em todo o sector industrial, as empresas estão a ter dificuldade em contratar trabalhadores. A falta de mão de obra pode frustrar as expectativas de se atingir um recorde de contratações em Abril.