As compras online de bens e serviços cresceram em 2022 face a 2021 cerca de 1,9%, ultrapassando os 10 mil milhões de euros, no total do mercado e-commerce B2C, em Portugal. Este comportamento deve-se sobretudo às compras online de serviços que cresceram 7,5% compensando dessa forma, a redução de 2,8% que se verificou nas compras online de produtos, segundo o CTT e-Commerce Report de 2023 que foi apresentado esta quinta-feira, dia 9 de novembro.
As projeções para o final do ano de 2023 apontam para um crescimento nas compras online de produtos de 2,7% face a 2022, totalizando 5,53 mil milhões de euros.
De acordo com o estudo, o universo de portugueses que fazem compras online cresceu marginalmente 1,7% face a 2021, ultrapassando 5 milhões de e-buyers. Os dispositivos digitais, e em particular, o telemóvel são cada vez mais o suporte por excelência para uma compra que se quer cada vez mais, fácil, conveniente e rápida.
Os compradores online alteraram o seu comportamento de compra e o recurso à pesquisa online está cada vez mais presente no momento da decisão de compra, seja ela concretizada no meio digital ou na loja física. Cerca de 3 em cada 4 compradores online têm idades entre 25 e 54 anos. De notar que o crescimento do número de compradores online verifica-se sobretudo nos escalões etários mais elevados.
A análise dos CTT mostra que em média, 74% dos compradores online fazem mais de uma compra online por mês. O valor de compra médio manteve-se estável, rondando os 55,61€. O valor médio gasto anualmente por cada e-buyer em compras online de produtos situa-se em 1073€ (mais 8€ face ao ano passado). O número anual de compras online de produtos físicos desceu para 19,3 (20,6 no ano anterior). Em termos de números de produtos por compra verifica-se um crescimento, passando de 4,5 produtos para 4,83 produtos.
A facilidade de compra mantém-se como a principal razão de adesão ao canal online (69,5%). No entanto, o preço mais baixo foi o fator que mais cresceu (61,6%, mais 5,8pp face ao ano anterior). Ainda que o Vestuário e Calçado se mantenha como a categoria mais popular entre os e-buyers (70,2%, menos 2,8pp face a 2022), as categorias que mais cresceram em termos absolutos foram Acessórios de Moda (+10,6pp), Higiene e Cosmética (+7,6pp) e Produtos e Acessórios para Animais (+5,8pp).
Em termos de expetativas quanto ao futuro, os e-buyers apontam para um aumento da quantidade de produtos que contam vir a comprar online. Cerca de um terço dos e-buyers contam vir a gastar mais em compras online. As categorias onde fazem compras online irão também aumentar para cerca de um terço dos e-buyers. As entregas fora de casa, como é o caso das entregas em pontos de entregas ou em lockers, tenderão a ganhar maior importância face à entrega em casa que se mantém como predominante.
Por seu lado, cerca de metade dos e-sellers perspetivam um incremento nas vendas no próximo ano. Ainda assim, cerca 20% dos e-sellers apontam para uma redução nas vendas online em resultado das suas expetativas quanto ao contexto económico do país nos próximos 12 meses. Os e-sellers têm ainda a expetativa de virem a incorporar novos serviços e produtos mais sustentáveis e afirmam que pretendem vir a disponibilizar novas opções de entrega para os seus produtos.
As entregas fora de casa têm vindo a crescer em termos de importância tanto para esellers como para e-buyers ainda que a entrega em casa continue a ser a preferida, como já anteriormente referido. Cerca de 8,2% dos e-buyers indicam já terem utilizado os cacifos de encomendas e 19,2% consideram-nos um local adequado para a entrega de encomendas. Os e-sellers manifestam a intenção de vir a aumentar o leque de opções para entrega das suas encomendas.
No que respeita às devoluções, tanto e-buyers como e-sellers estão mais satisfeitos (71,6% para 84,9% em 2023). As principais dificuldades com as devoluções prendem-se com “ter de se deslocar para devolver”, “pagar para devolver” e a “inexistência de política de devoluções” na loja online. A recolha em casa continua a ser a modalidade preferida pelos e-buyers. No entanto, verifica-se um aumento da preferência por locais alternativos para devolução das encomendas como lojas dos vendedores ou pontos de entrega.
Quanto à venda online entre particulares (C2C) cerca de 1/3 dos e-buyers já compram online artigos em segunda mão. A opção por este tipo de compra é justificada pelo fator preço. O segundo benefício associado a este tipo de compras é a possibilidade de se adotar um comportamento mais sustentável, poupando o consumo de recursos ambientais. Com base no estudo, quem compra em 2ª mão apresenta elevada propensão para voltar a vender (são grandes indutores de circularidade/reutilização).
No domínio da sustentabilidade, quatro em cada dez e-buyers afirmam que alteraram o seu comportamento nas compras online no último ano, devido a preocupações com a sustentabilidade. Igual número estaria disposto a pagar mais por uma entrega sustentável ou para receber a sua encomenda numa embalagem reutilizável. Os e-sellers afirmam que estariam disponíveis a aceitar +2,3 dias para terem entregas mais sustentáveis.
Em termos de Instant&SameDay delivery observa-se que os e-buyers estão mais predispostos a pagar um valor extra para receberem as encomendas no próprio dia (51,4%, +10,7 pp face a 2022) em algumas categorias específicas com sejam “equipamentos eletrónicos e informáticos”, “Vestuário e Calçado” e “Eletrodomésticos”.
Este CTT E-commerce Report, que vai na sua 8ª edição, tem por base os resultados do estudo de mercado sobre e-commerce em Portugal promovido pelos CTT, que decorreu entre os meses de junho e agosto de 2023.