À medida que as empresas se adaptam às alterações do mercado e ajustam as suas operações à nova realidade são vários os desafios com que se deparam. A introdução de tecnologias de automação pode aliviar a pressão dos centros de logística e distribuição e dar resposta às exigências crescentes do e-commerce e resolver o problema da falta de recursos humanos.
A automação está a tornar-se num caminho essencial para as empresas de logística à medida que estas procuram uma maior eficiência e avaliam a forma mais rápida e eficaz de chegar ao mercado. A exigência crescente dos retalhistas online, a falta de recursos humanos nos centros de logística e distribuição e os desenvolvimentos importantes na tecnologia têm conduzido a um maior investimento em soluções de automação por parte do setor.
É sabido que o aumento exponencial das vendas online, verificado nos últimos dois anos, trouxe desafios acrescidos aos centros de logística e distribuição que viram as suas operações intensificarem-se para conseguirem responder rapidamente aos pedidos e atingirem os níveis de serviço pretendidos.
Os armazéns, principalmente os que servem a última milha, têm de manter as suas operações ágeis e conseguir dar resposta aos requisitos que mudam rapidamente devido às exigências do multichannel e omnichannel, relacionadas com a rapidez do nível de serviço necessário para garantir as entregas no próprio dia ou dia seguinte. Para conseguir satisfazer estas necessidades vai ser necessário mais automação, por exemplo, no picking, no embalamento e na divisão (sorting).
A Logística Moderna falou com alguns fornecedores que nos dão o seu ponto de vista sobre o setor de automação em Portugal.
Dar respostas às novas exigências
Com o aumento do fluxo de operações neste setor, muito graças ao e-commerce, as empresas foram obrigadas a repensar a forma de trabalhar, adianta Miguel Lachat, responsável em Portugal pela Intralogistics Business Line do Grupo BOWE. «A segurança, a organização e a rapidez com que os produtos são movimentados são os principais desafios com que as empresas se deparam, sendo claramente a operação sem erros o primeiro deles. Hoje, uma empresa que se queira manter competitiva no mercado terá que automatizar a sua cadeia de processos», explica o responsável, salientando que «a eficiência é a palavra-chave e é aqui que o Grupo BOWE se tem destacado continuando a ser um player essencial para o sector». Miguel Lachat comenta ainda que a adopção de soluções automáticas permite requalificar os recursos humanos. «As organizações necessitam de afetar os seus colaboradores a tarefas mais eficientes, na cadeia de valor, com as competências necessárias de forma a responder às exigências dos novos mercados no que concerne a custos e tempo de resposta».
Pedro Santos, Sales Manager da VRC WAREHOUSE TECHNOLOGIES, lembra que nos últimos anos, principalmente após o início do contexto pandémico, «a resposta das empresas no âmbito logístico, teve que ser mais rápida, eficiente e principalmente flexível, pois o mercado com a sua instabilidade origina picos de consumo e com maior exigência». Dá o exemplo, do mercado online «com todas as suas vicissitudes que implicam um picking fino», ou o segmento B2B onde os clientes diminuíram a quantidade de stock o que obriga a um maior número de encomendas, com menor quantidade por cada uma, criando mais pressão na logística. «As tecnologias são a única forma de responder a esta variação e tendência de mercado, pois com a sua eficiência aumentam os rácios de produtividade, permitem uma rápida mutação para este picking mais tenso, que de outra forma implicariam o aumento da mão-de-obra afeta a estas operações», explica o responsável que lembra ainda o «grande aumento da taxa de absentismo, que com a implementação deste tipo de tecnologias é facilmente absorvido pelas empresas».
Também da parte da Körber Supply Chain, Vítor Alves, Sales Manager Portugal, diz que é «fundamental dispor de soluções tecnológicas capazes de proactivamente aumentar a capacidade de resposta». Considera que «a digitalização e as cadeias de abastecimento que utilizem tecnologias de visibilidade torna-as competentes na tomada de decisão e dessa forma conseguem facilmente aumentar o fluxo de trabalho». Por isso «a Körber Supply Chain fornece soluções de automação que permitem às organizações lidar com a mudança na procura de forma rápida e otimizar a capacidade operacional dos centros logísticos. São soluções integradas que permitem o crescimento escalável, de acordo com as necessidades, para fazer face à procura dinâmica do cliente final e à incerteza crescente.»
Operações logísticas mais rápidas e flexíveis
Para além da resolução de problemas, as soluções de automação também trazem benefícios para as operações. Para Pedro Santos, permitem que «as empresas consigam responder às alterações do mercado de uma forma quase imediata, pois cada vez mais o tempo de resposta é algo vital para o cliente final, que cada vez é mais exigente. Constatamos que muitas empresas tiveram que implementar sistemas automáticos visto o seu lead time, em muitos casos, ter duplicado, e o caminho aponta para o inverso, uma resposta mais rápida e mais flexível. Para além das soluções direcionadas para o armazenamento, picking e preparação de encomendas, cada vez mais este tipo de tecnologia permite esta mesma flexibilidade e melhoria do tempo de resposta na logística interna das empresas, com o armazenamento de matéria-prima, componentes, produto semi-acabado aplicações WIP (Work in Progress) e entrega automática às linhas». O responsável adianta ainda que se «o mercado tem oscilações de consumo e no fornecimento de matéria-prima, isto reflete-se em picos de produção, em necessidade de resposta mais rápida e numa melhor eficiência na gestão deste processo de armazenamento e fluxos de logística interna».
Miguel Lachat corrobora com os benefícios até porque desde logo os sistemas automáticos permitem a «garantia no cumprimento de prazos com uma maior qualidade nos resultados». Este tipo de tecnologia possibilita «otimizar as tarefas repetitivas, centralizar informações e facilita em muito o controlo das tarefas que inevitavelmente fará promover o crescimento sustentável da empresa pois irá verificar-se uma enorme diminuição de erros aumentando assim a produtividade». Da parte da BOWE IQ e da BOWE Intralogistics (áreas de negócio do Grupo BOWE) «as soluções disponibilizadas conseguem de uma forma muito simples e intuitiva, fazer uma análise de desempenho precisa de forma que os dados obtidos se traduzam em diagnósticos extremamente eficientes», exemplifica Miguel Lachat. «Tudo isto, como é óbvio, será positivamente refletido nos custos que irão sofrer uma visível redução, principalmente se estivermos a falar de soluções que são de rápido retorno.»
Segundo o responsável, «os centros logísticos querem-se mais ágeis e eficientes pelo que os fornecedores tendem a aumentar os seus portfólios com soluções automáticas cada vez mais flexíveis e eficientes. São exemplo disso, as soluções de intralogística do Grupo BOWE que «automatizam toda a cadeia de processo, desde a receção dos produtos até ao seu envio, passando pela alimentação e triagem dos artigos.»
Vítor Alves lembra ainda que as empresas «vêm-se confrontadas cada vez mais com problemas de falta de espaço de armazenamento, proliferação do número de referências (SKUs), baixa eficiência e níveis de serviço e escassez de mão-de-obra». Pelo que, enquanto fornecedor, «as tecnologias de automação da Körber permitem o aumento do espaço e densidade de armazenamento, eficiência, níveis de serviço e otimização das atividades de receção, aprovisionamento, picking e expedição de material, através da rastreabilidade do sistema de gestão (K.Motion Warehouse Management System) integrado com o sistema ERP dos clientes, diminuindo assim os custos operacionais. Finalmente, permitem a redução de mão-de-obra em tarefas repetitivas sem valor acrescentado libertando a mesma para atividades de gestão e controlo.» Conforme explica: «Este tipo de soluções permite às organizações munirem-se de tecnologia e ferramentas capazes de fornecer visibilidade em tempo real a nível do stock, rastreamento a nível dos materiais e mercadorias, fornecendo maior confiança e colaboração dentro e fora dos limites organizacionais. Este tipo de tecnologias torna-se cruciais nos tempos atuais em que as organizações lidam com fenómenos externos como a pandemia do COVID-19 ou mais recentemente a guerra na Ucrânia.»
Automação em Portugal cresce a um ritmo positivo
Quanto ao nível de automação das empresas em Portugal, Pedro Santos da VRC diz que «é notório que a sensibilidade e recetividade das empresas em relação à automatização tem vindo a aumentar nestes últimos anos e nós como integradores nacionais, apostando num conceito de proximidade ao mercado, fazendo de cada projeto algo customizado para cada cliente temos sentido este crescimento, pois acreditamos que é este o conceito que a tipologia do nosso mercado necessita e principalmente acredita.»
Miguel Lachat acredita que é «um caminho que está a ser percorrido e que não será longo, até porque a pandemia veio acelerar muito essa necessidade». Para o responsável da BOWE «hoje, já é muito evidente a perda de competitividade demasiado vincada para as empresas que ainda não estão automatizadas. O setor terá que responder de forma cada vez mais assertiva aos seus, cada vez mais exigentes, clientes e isso passa obrigatoriamente pela automatização das operações.»
Também Vítor Alves da Körber Supply Chain refere que cada vez mais as organizações em Portugal veem a automação como um meio para facilitar a informação, reduzir os custos, tempo e risco, permitir uma gestão segura, eficaz e padronizada das tarefas e, finalmente, aumentar a produtividade e competitividade. «Vejo que a automatização é sem dúvida uma prioridade para as empresas, que procuram crescer de forma sustentável e ao mesmo tempo procuram ter vantagens competitivas face à concorrência», conclui.
Artigo completo na edição nº 183 da revista Logística Moderna (pode ler em www.logisticamoderna.com)