O crescimento sustentado de aplicações de blockchain para a indústria deve-se ao facto de essas aplicações não terem sido impactadas pela volatilidade sentida noutros segmentos. Assim enquanto a facturação de aplicações de blockchain, em geral, tenha sofrido uma queda de 35% entre 2018 e 2020, no segmento industrial as receitas aumentaram 131%, de acordo com um estudo realizado pela ABI Research.
Esta consultora estima que no segmento industrial em 2020 as receitas venham a atingir os 374 milhões de dólares. Já em 2022 as receitas deverão atingir os mil milhões de dólares e em 2025 terá duplicado.
«Os principais mercados verticais, serão os da alimentação e bebidas, que são aqueles que têm os projectos piloto mais bem-sucedidos», explica Michela Menting, Digital Security Research Director na ABI Research. «O tracking e tracing destes produtos tornaram-se casos de sucesso, devido em grande parte à possibilidade de distribuição de livros de razão (ledgers), combinados com sensores de IIoT (Industrial Internet of Things), para prevenir e evitar problemas comuns como prazos de validade, contaminação, cadeias de frio, grau de frescura, etc. Na realidade a blockchain oferece uma solução ideal para a transparência dentro das supply chains longas nestes sectores».
Outros mercados verticais que podem descolar são o do transporte e armazenamento, o retalho e o do grande consumo. «Em particular o transporte, shipping e a distribuição que estão estreitamente ligados a supply chains internacionais, uma vez que o crescimento de uma tem um impacto imediato na outra», afirma Michela Menting, que destaca o caso específico do transporte de equipamento de healthcare devido ao forte incremento que sofreu por causa da pandemia.
O aumento de uso de aplicações de blockchain no sector do retalho está a ser impulsionado pela visibilidade que esta permite aos consumidores. «Acresce ainda o impacto social das gerações millennial cujo poder de compra se prevê que venha a subir, sabendo-se que estes se interessam por conhecer a proveniência do produto por razões éticas e ambientais», conclui Michela Menting.