A APEF – Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias manifesta a sua enorme surpresa com a recente medida apresentada pelo Governo, de reduzir em cerca de 30% os preços das portagens do Interior e Algarve, já a partir do início do próximo ano.
Segundo Miguel Rebelo de Sousa, diretor-executivo da APEF «Ficamos realmente surpreendidos. Não estávamos à espera que o Governo voltasse a optar por mais um apoio direto ao transporte rodoviário de mercadorias, quando verificamos que para o transporte ferroviário o governo português decidiu aumentar o custo da taxa de uso da infraestrutura em mais de 23% em 2024, o que vai aumentar de forma clara a competitividade da rodovia face à ferrovia. Trata-se de mais uma medida que prejudica a ferrovia, a intermodalidade e a transição modal, e promove a carbonização do transporte de mercadorias. É uma total contradição com os objetivos estabelecidos para a descarbonização do setor, temas que têm sido “bandeiras” deste Governo e da própria Comissão Europeia.»
A APEF realça que “o setor tem sido bastante afetado pela subida dos custos energéticos e dos combustíveis, que estão a colocar em causa a competitividade da ferrovia e do transporte ferroviário de mercadorias em Portugal; pela demora na conclusão das obras, em praticamente toda a rede ferroviária nacional, que colocam inúmeros constrangimentos à operação; pelo aumento anunciado dos custos de utilização da infraestrutura; pela falta de apoios diretos à ferrovia, que foram anunciados, mas nunca concretizados; e, não menos relevante, pela discriminação constante a que a ferrovia é vetada, principalmente a nível legislativo, comparativamente com os seus concorrentes”.
«A APEF tem vindo a alertar constantemente para a necessidade de medidas estratégicas que garantam aos operadores ferroviários continuarem a sua atividade de forma competitiva. Constatamos que nada tem sido feito, muito pelo contrário. Apenas exigimos um tratamento equitativo por parte do Governo e não queremos ser prejudicados em desfavor de outros setores, mas esta redução é um apoio direto ao transporte rodoviário. O Governo e a União Europeia estão a fazer um investimento brutal no desenvolvimento das infraestruturas ferroviárias, no entanto, estamos a correr o risco de, com estes apoios à rodovia, em alguns anos termos linhas novas e modernizadas, mas não termos comboios de mercadorias a circular nelas», salienta Miguel Rebelo de Sousa.