A área de Supply Chain foi vista durante muito tempo como o “parente pobre” das organizações e onde se evitavam grandes investimentos, quer em infraestruturas e equipamentos, como em pessoas. Foi por isso, durante muitos anos, uma área onde se fazia o indispensável, mas não o necessário, com uma visão de centro de custo de outras áreas de negócio. No seu desenvolvimento natural, foi adquirindo relevo e a ser vista como peça fundamental para a competitividade das empresas, surgindo diversos desenvolvimentos tecnológicos, empresas da especialidade e pessoas com uma formação e Know-How. Apareceram casos de sucesso de aplicação tecnológica, como o “voice picking”, sistemas de gestão da Supply Chain e muitos outros na área de transportes, como os sistemas de “track & trace”.
O setor de Armazenagem e Transportes produz cerca de 23 mil milhões e cresceu mais do que a média nacional nos últimos 3 anos (2016-2018, fonte www.pordata.pt). Porém, não conseguiu melhorias significativas ao nível da rendibilidade bruta que se mantém estagnada, fazendo crescer em cerca de 20% o número de trabalhadores, mas apenas crescendo 15% o valor bruto produzido neste período. Continuamos sem sistemas eficazes de integração de informação completa e fidedigna, como no caso dos dados logísticos, sem sistemas inteligentes que nos garantam uma dinâmica de previsão e balanceamento de atividades, sem sistemas de otimização, como os de layout e alocação de produto ou de gestão de capacidades de carga, muito dependentes da orientação de outros departamentos e com processos muito manuais, que requerem diversas interações. Por outro lado, com o crescimento do setor, existe uma pressão de mão de obra qualificada e uma urgência na resposta às necessidades de um crescimento económico que não vai abrandar nos próximos anos, pelo menos não previsto em Portugal.
Assumir a Supply Chain como uma área independente e autónoma é o primeiro passo que aparentemente foi dado, pelo menos em muitas organizações, mas com laços muito fortes a formas de gestão “standard” e a plataformas que trabalham da mesma forma à vários anos.
Precisamos, falar mais entre empresas para ter formas de integração de informação definitivamente eficazes, validações automáticas entre cliente/ fornecedor com partilha de risco e regras claras, de forma a aumentar a cadeia de valor, sistemas inteligentes (RPA) que nos ajudem a otimizar as operações e a fornecer a informação relevante, bem como a aposta em parceiros especializados na forma de Outsourcing que tragam o “added value”. Temos de mudar com uma visão de futuro, pois o combate ao “desperdício” nunca foi tão premente como nesta altura, onde os recursos são cada vez mais escaços e competimos de forma mais global.
A Adecco Outsourcing adotou metodologias de Lean Management nas operações de forma a combater o “desperdício”, a otimizar processos e reter os recursos eficazes. Não chega ter uma forte capacidade de resposta ao nível do recrutamento, pois o mercado está e estará mais escaço. Temos, por isso, de implementar formas de gestão diferentes e de cooperativismo, com parceiros de confiança, para nos ajudarem nesta “batalha”.
As associações e empresas que representam o setor, bem como as revistas de especialidade como a Logística Moderna, fazem a diferença na promoção de discussões e definição de programas que levem a esta “mudança com visão de futuro.”
Sérgio Duarte
Director Nacional / Divisão Outsourcing Adecco Portugal