Segundo Peter Cowgill a burocracia e os atrasos no envio de bens para a Europa está a trazer à empresa prejuízos na ordem dos “dois dígitos de milhões.” Segundo afirmações do responsável à BBC World,« a empresa provavelmente vai ter de transferir 1.000 empregos dos seus centros de distribuição para o continente, implicando tal a perda de empregos no Reino Unido».
Segundo o Presidente do Conselho de Administração, o Reino Unido não tem um verdadeiro acordo de comércio livre com a UE, explicando que empresas como as suas em que os produtos são importados da Ásia os direitos alfandegários são aplicados quando os bens são vendidos na Europa. «Assim o novo sistema e a burocracia causam atrasos na eficiência. A liberdade de movimentação e os obstáculos são bastante difíceis neste momento e não vejo que a burocracia vá melhorar no curto prazo».
Segundo Peter Cowgill a abertura de um centro de distribuição no continente «faz muito sentido a nível económico,» com este a dar emprego a cerca de 1.000 pessoas. Tal, no entanto, não implicaria o encerramento do armazém em Rochdale.
Estas críticas não são exclusivas da JD Sports, com muitas outras empresas a reportarem problemas, na sequência da entrada em vigor das novas regras acordadas com a UE e que entraram em vigor a 1 de Janeiro.
Esta segunda-feira a associação dos transportadores rodoviários (Road Haulage Association – RHA) declarou que a queda de exportações para a UE tinha descido 68% no mês anterior quando comparado com o mesmo mês do ano transacto.
Richard Burnett, director executivo da RHA, culpa o Brexit da enorme queda, afirmando que «avisou repetidamente que as regras eram pouco claras quanto ao seu funcionamento e que transportadores, distribuidores e fabricantes estavam confusos d não tinham tido tempo suficiente para se prepararem no período final de transição do Brexit».
Por sua vez o governo britânico admitiu que a proibição de importação de marisco do Reino Unido devido às novas regras burocráticas causadas pelo Brexit tinha tido um «impacto devastador para o sector.» Segundo o secretário George Eustice, o governo tinha sido obrigado a explicar às empresas que a entrada de marisco seria provavelmente recusada nos portos Europeus, considerando que «era do interesse da UE reiniciar o comércio» para que as suas empresas pudessem comprar marisco do Reino Unido. No entanto Bruxelas afirmou que as regras actuais já existem há décadas e que as mesmas não serão alteradas num futuro próximo.
Retalhistas do Reino Unido estabelecidos na UE também enfrentam dificuldades
Stonemanor, uma pequena cadeia de lojas alimentares Inglesas na Bélgica, que serve o mercado da saudade de expatriados Ingleses, tem tido falhas significativas de produtos como scones, shortbread e outros produtos favoritos. Muitas das suas prateleiras encontram-se vazias devido aos problemas causados pelo Brexit.
A empresa viu-se forçada a encerrar as lojas nos fins- de- semana recentes devido à quebra de stocks, uma vez que não conseguiu receber uma única entrega desde 1 de Janeiro. Segundo Ryan Pearce, gerente de uma loja na periferia de Bruxelas, «ainda não tinham confirmação se iriam receber a principal entrega, «e que “se esta não chegasse mais valia encerrar a loja por um período de tempo mais alargado até conseguirem garantir o abastecimento». O gerente diz que «não se pode ter um supermercado a funcionar sem produtos nas prateleiras. Estamos a expedir centenas de produtos num único camião e cada um necessita de um conjunto de documentos diferentes a acompanhá-lo.»
Para tentar minorar o problema, a Stonemanor tem-se virado para fornecedores alternativos que fazem entregas directamente da República da Irlanda, para conseguir ter alguns produtos nas prateleiras, incluindo salchichas e bacon. Tal tem sido possível porque as empresas irlandesas têm evitado o Reino Unido e estão a usar uma nova rota directa através de uma ligação de ferryboat que liga a Republica da Irlanda a França.
Por outro lado, a Fortnum & Mason suspendeu a venda de produtos alimentares na União Europeia devido ao trabalho envolvido e aos custos de processar toda a papelada necessária.