Um inquérito a 2.000 executivos seniores revela que a maioria das empresas adota uma estratégia desequilibrada de “contratar vs desenvolver” talento e, por isso, uma abordagem à Inteligência Artificial (IA) centrada nas pessoas poderá criar uma vantagem em termos de talento. A conclusão é do estudo do Grupo Adecco, “Liderar em tempos disruptivos” desenvolvido em colaboração com a Oxford Economics, que revela que é urgente desenvolver competências para maximizar o potencial da Inteligência Artificial (IA) e garantir a empregabilidade dos trabalhadores.
De acordo com o estudo, mais de metade das empresas inquiridas, em algumas das principais economias mundiais, planeia recrutar um novo talento para enfrentar a adoção massiva da Inteligência Artificial, em vez de requalificar os trabalhadores existentes, o que leva a uma corrida por competências digitais. Assim, 66% afirmaram que irão contratar talento com competências em IA externamente, em comparação com apenas 34% que disseram que irão desenvolver a força de trabalho existente.
Tendo em conta a procura antecipada por estas competências, 37% dos líderes empresariais referiram que os salários para funções relacionadas com a IA irão “aumentar significativamente” nos próximos 12 meses, comparativamente a apenas 24% para funções de white collar e 9% para funções de blue collar.
Denis Machuel, Diretor Executivo do Grupo Adecco, refere que: “a Inteligência Artificial está a emergir como um grande disruptor no mundo do trabalho e o caminho atual é insustentável. As empresas devem fazer mais para requalificar e redistribuir equipas de forma a tirar o máximo proveito deste salto tecnológico e evitar perturbações desnecessárias. Contratar não deve ser a única abordagem que as empresas deverão adotar.”
Contudo, o fosso entre “contratar vs desenvolver” talento é cada vez maior e está também a estender-se a outras competências digitais, com 62% dos líderes a referirem que irão contratar especialistas em literacia de dados externamente, em comparação com 36% que afirmam que irão requalificar ou melhorar as competências das equipas. Da mesma forma, 60% planeiam contratar para preencher lacunas de literacia digital em comparação com 37% que indicam que irão desenvolver capacidades nesta área.
Segundo o estudo, os líderes empresariais preveem perturbações significativas no mercado de trabalho mais amplo, com apenas 46% a dizerem que irão redistribuir colaboradores cujos empregos sejam perdidos devido à IA. Mais à frente, 41% afirmam que irão empregar menos pessoas dentro de cinco anos devido à tecnologia.
O inquérito também descobriu que a lacuna de competências em IA se estende até ao topo das suas empresas, com 57% a manifestarem falta de confiança na capacidade da própria liderança de topo para entender os “riscos e oportunidades” proporcionados pela IA. Apenas 43% deste grupo disse ter programas de formação formal em vigor para melhorar as competências em IA, enquanto apenas 50% indicou que fornece orientação aos colaboradores sobre como utilizar a IA no trabalho.
Ainda assim, apesar de toda a transformação que a IA provavelmente trará, os líderes empresariais dizem que as competências humanas continuarão a desempenhar um papel crítico no sucesso de qualquer empresa. Uma maioria de 57% refere que o “toque humano” ainda é mais influente do que a IA no local de trabalho, enquanto a criatividade e a inovação são citadas como a principal área onde faltam competências.
Denis Machuel referiu ainda que: “é imperativo que os líderes não só implementem urgentemente a melhoria de competências em IA, mas também garantam que esta é implementada de forma segura e responsável, mantendo as pessoas firmemente no centro desta transição. A IA deve ser uma ferramenta que apoia o potencial criativo único das pessoas e permite mais tempo para o pensamento estratégico e a resolução de problemas.”