Novos dados da “Tradeshift” mostram que os volumes de transações nas cadeias de abastecimento globais tiveram a maior queda dos últimos 18 meses no terceiro trimestre deste ano. O “Q3 Index of Global Trade Health” da “Tradeshift”, que analisa o fluxo destas transacções, mostra que os níveis de atividade estão 6 pontos abaixo dos níveis esperados durante os meses de verão (julho-setembro).
Queda global na procura de bens
A queda na procura de produtos manufaturados é, sem dúvida, um fator do último abrandamento:
- A atividade industrial caiu 9 pontos abaixo da linha de base no terceiro trimestre.
- A procura de transporte de mercadorias abrandou para 6 pontos abaixo do nível previsto.
- A atividade retalhista também caiu para 6 pontos abaixo do intervalo previsto
Zona Euro e China são os mais afetados
Os mercados orientados para a exportação, incluindo a China e a Zona Euro, estão a ser os mais atingidos pelo abrandamento da procura de bens. A atividade comercial na zona euro caiu para 9 pontos abaixo do nível esperado no terceiro trimestre, em comparação com um défice de 3 pontos no trimestre anterior. Na China, os volumes de transações caíram para 6 pontos abaixo do nível de referência, a primeira vez que a queda de atividade entrou na zona de contração este ano.
No Reino Unido, a atividade refletiu a tendência global. Os volumes de transações abrandaram para 6 pontos abaixo do valor de referência.
Os EUA continuam a registar um crescimento atípico
A atividade comercial dos EUA também abrandou no terceiro trimestre, mas a taxa de declínio foi muito mais suave do que noutros mercados. O crescimento do volume de transações caiu para 3 pontos abaixo do nível esperado no terceiro trimestre, depois de ter subido para 3 pontos acima da linha de base no trimestre anterior.
“Globalmente, estamos a assistir a provas crescentes de uma economia que se prepara para aterrar”, afirmou James Stirk, CEO (interino) da Tradeshift, num comunicado. “As potências tradicionais da indústria transformadora na zona euro e na China estão a enfrentar muito mais turbulência do que os EUA, onde um mercado interno robusto significa que uma aterragem mais suave parece mais provável.”
Os mercados emergentes beneficiam da diversificação da cadeia de abastecimento
Embora a queda da atividade comercial tenha sido consistente na maioria das principais economias, outras estão a beneficiar de uma reconfiguração das cadeias de abastecimento que ganhou ímpeto desde a pandemia.
Os dados mostram que o Vietname, em particular, está a beneficiar de uma política de produção “China + 1” em aceleração entre as empresas ocidentais. Os volumes de transações aumentaram sete vezes mais depressa do que a média mundial no último ano.
A Índia, a Malásia e o México também estão a beneficiar da diversificação dos fornecedores, tendo os níveis de atividade em cada país aumentado três vezes mais do que a média global no último ano.
“Em 2023, o comércio global parecia mais local, mas um novo tipo de globalização também está a começar a emergir e estão a surgir novas estrelas”, afirmou James Stirk. “Para prosperar neste ambiente, as empresas terão de forjar um novo conjunto de relações em novas jurisdições. Para os operadores da cadeia de abastecimento, melhorar a conetividade digital entre os parceiros comerciais desempenhará um papel fundamental para garantir que essa transição ocorra sem problemas.”