A Gartner revelou em 2022 os seus principais temas de tecnologia da cadeia de abastecimento, os quais foram selecionados pelo seu potencial para proporcionar automatização, inteligência e resiliência. Ao longo dos últimos anos, tem havido uma pressão crescente sobre os gestores da cadeia de abastecimento para implementar respostas tecnológicas a disrupções, falhas de abastecimento e incidentes de segurança.
Um estudo do Gartner, realizado em Dezembro de 2021, que entrevistou 211 profissionais da cadeia de abastecimento, concluiu que trinta e quatro por cento dos inquiridos afirmaram que a adaptação às novas tecnologias é a mais importante mudança estratégica que as organizações enfrentarão dentro de cinco anos.
“Os gestores da cadeia de abastecimento devem adotar abordagens multidisciplinares para identificar tecnologias inovadoras e orquestrar os investimentos tecnológicos no local e no momento certos”, afirmou Dwight Klappich, vice president analyst, with the Gartner Supply Chain practice:
Hiperautomação 2.0
A hiperautomação é uma abordagem orientada para o negócio que as organizações utilizam para identificar rapidamente, selecionar e automatizar o maior número possível de processos empresariais e de TI através do uso orquestrado de múltiplas tecnologias, tais como inteligência artificial (IA) e machine learning (ML). A hiperautomação 2.0 vai além do foco inicial na IA e ML e integra outras tecnologias e ferramentas do portfólio tecnológico.
Durante os próximos cinco anos, a hiperautomação 2.0 fará parte de iniciativas nas áreas da armazenagem, transporte, produção e outras. As soluções vão incluir redes inteligentes de aprovisionamento remoto em áreas como a gestão de armazéns e/ou estaleiros (yard) e aplicações de comércio eletrónico personalizadas.
Robots da próxima geração
Os robots da próxima geração centrados nas empresas estão a passar rapidamente do espaço da ficção científica para plataformas de produção da vida real, transformando uma vasta gama de indústrias. Estes robots são mais flexíveis e adaptáveis e agora podem ser aplicados numa grande variedade de tarefas. No futuro, as empresas terão frotas heterogéneas de robots onde o trabalho terá de ser orquestrado entre diferentes robots – o que significa que estes têm de interagir uns com os outros e precisam de comunicar com outros tipos de equipamento automatizados, como elevadores e portas.
Coisas autónomas
As coisas autónomas, tais como robots, veículos ou drones podem aumentar as tarefas físicas que tradicionalmente eram realizadas de forma manual permitindo que estas possam ser realizadas com maior eficiência, clareza e segurança. Trabalhando de forma independente ou em rede, também permitem melhorar uma nova geração de trabalho imersivo e as experiências dos clientes através de uma maior eficiência e transparência do serviço. As coisas autónomas dão apoio a processos e operações mais seguras, mais eficientes e otimizadas ao longo de toda a cadeia de abastecimento.
Gémeos digitais da cadeia de abastecimento
O gémeo digital da cadeia de abastecimento é uma representação digital da cadeia de abastecimento física – muitas vezes multiempresarial. É a base para a tomada de decisões tanto locais e ponta a ponta (end-to-end E2E) que assegura que todas as decisões possam ser alinhadas horizontal e verticalmente ao longo de toda a cadeia de abastecimento. Através da sua ligação ao mundo real, a consciência situacional é grandemente reforçada, e as decisões podem ser tomadas mais rapidamente e com maior precisão.
Analítica em todo o lado
A analítica tem a capacidade de gerar relatórios, a visualização interativa de dados, análise avançada e inteligência – incluindo machine learning e análises preditivas e prescritivas. Com a crescente disponibilidade de dados, a IA pode agora ser aplicada para transformar dados em informação e conhecimentos mais profundos como parte de um gémeo digital da cadeia de abastecimento.
Malha de Segurança
A malha de segurança é um quadro estruturado de governação, colaboração e aplicações tecnológicas aplicadas que são orquestradas a partir da cadeia de abastecimento com o objetivo de garantir que os sistemas, ferramentas, aplicações e pessoas dessa cadeia de abastecimento estão sempre seguras e protegidas.
“A segurança nas cadeias de abastecimento é apenas tão forte quanto o seu elo mais fraco”, afirmou Klappich. “A malha de segurança abraça a realidade de cadeias de abastecimento dinâmicas, interligadas e cada vez mais digitalizadas, abordando um nexo evolutivo de ameaças colocadas por ciber, digital e dados”.
Colaboração no Ecossistema
As ferramentas de colaboração dos ecossistemas são tecnologias e serviços digitais que criam um ambiente de trabalho colaborativo para as pessoas e geram novas e contínuas oportunidades de partilha de valor. A pandemia revelou aos gestores da cadeia de abastecimento que muitas cadeias de abastecimento não dispõem de comunicações básicas ou conectividade digital com os principais stakeholders, tais como redes de abastecimento multinível ou redes de embalagem – o que tem ramificações na tomada de decisões.
Soluções e serviços de colaboração de ecossistemas estabelecem ferramentas de visualização e mapeamento de redes, fundamentais para apoiar a maturidade contínua no avanço para ligações digitais em tempo real entre pessoas, dados, máquinas, sistemas, processos e coisas.
Ferramentas de Sustentabilidade
As ferramentas de sustentabilidade são um conjunto evolutivo de aplicações, serviços e capacidades que apoiam eventos associados a diretivas de sustentabilidade, impactos ambientais, economia circular. Melhoram os níveis de digitalização, colaboração e visibilidade, o que é muitas vezes crucial para formalizar os processos e disciplinas de gestão necessários para uma evolução progressiva dos programas de sustentabilidade.
“A sustentabilidade tem impactos que abrangem toda a cadeia de valor – desde o plano, à fonte, à realização, à entrega, até ao domínio dos serviços. Os gestores da cadeia de abastecimento que não investem em ferramentas que apoiam uma vasta gama de objetivos e métricas de sustentabilidade arriscam um impacto significativo na marca, na imagem da empresa e na perceção de valor do consumidor. Há também o risco de perder ativos, vulnerabilidades ao risco de aplicação de impostos sobre o carbono, impreparação para disrupções da cadeia de abastecimento relacionadas com o clima e, consequentemente, perda de valor para os acionistas”, concluiu Dwight Klappich.