A crise global de insuficiência de chips que começou por afectar sectores como o do automotive está a espalhar-se aos fabricantes de smartphones, televisões e de electrodomésticos como torradeiras. Esta falta de semicondutores é explicada pela forte procura de produtos de electrónica durante a pandemia.
Mas a falta tem sido agravada pelo açambarcamento de grupos chineses preocupados com as sanções impostas pelos EUA, o que tem levado fabricantes chineses a constituir grandes stocks de componentes para utilização em produtos básicos como máquinas de lavar e torradeiras. O problema é, no entanto, mais profundo pois para limitar as ambições de Beijing em relação à tecnologia 5G, os EUA estão dispostos a manter a pressão.
A Samsung Electronics e a LG Electronics da Coreia do Sul estão entre as empresas que começam a sentir o aperto causado pelos atrasos que previsivelmente vão durar até 2022.
A falta de semicondutores já levou a Samsung a reduzir as encomendas de outros componentes de samartphones, segundo informaram dois dos seus fornecedores, tendo a Samsung avisado que «há um grave desequilíbrio entre a oferta e procura» de semicondutores.
Segundo um dos grandes fornecedores de peças da Samsung a redução de encomendas é inevitável, mas este espera que a situação se comece a normalizar a partir de Junho. A Samsung, no entanto, já alertou o mercado que a falta de semicondutores é grave e que pode ser forçada a adiar o lançamento do seu smartphone topo de gama para o próximo ano.
Um pequeno fabricante de televisões em Seul, afirmou ser complicado garantir componentes electrónicos a não ser pagando preço mais altos, o que o obriga a aumentar o preço do produto final.
Outro problema a afectar o fornecimento de componentes electrónicos é o facto de estes não terem todos a mesma margem. Assim componentes como chips que pesam a roupa numa máquina de lavar ou tostam o pão numa torradeira que têm margens baixas, são preteridos pelos fabricantes em favor de chips com melhores margens.
Por sua vez, os fabricantes de semicondutores e outros componentes electrónicos afirmam que neste momento a procura excede a sua capacidade de produção. Este facto leva muitos clientes a colocar encomendas a dobrar (mais do que na realidade necessitam), para ver se conseguem as que realmente precisam.
Empresas de Taiwan produtoras de componentes electrónicos afirmam estar a trabalhar na capacidade máxima, mas que prevêem que a insuficiência de semicondutores se prolongue até 2022. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, vai investir 100 mil milhões ao longo dos próximos três anos para aumentar a capacidade de produção.
A Nanya Technology, outra empresa de Taiwan, anunciou terça-feira passada planos para investir 10 mil milhões de dólares na construção de uma nova unidade para produzir componentes para o sistema 5G.
Mais uma vez o problema de quem tem de gerir as supply chains nestes sectores é perceber qual é a procura real, pois há o risco assinalado por vários especialistas de que a procura caia para números bastante mais baixos assim que a pandemia termine definitivamente.