Hoje as cadeias de abastecimento têm uma necessidade de serem mais ágeis e resilientes, pelo que procuram novas maneiras para evoluírem e tornarem-se mais eficientes de forma a enfrentarem melhor os desafios inesperados. Quer estes sejam causados pelo crescimento do e-commerce ou pela alteração dos hábitos de compra dos consumidores, as supply chains estão sempre a adaptarem-se para enfrentar estas evoluções.
Uma das soluções é adoptar um modelo de economia circular, uma vez que encoraja a reutilização de materiais para reduzir o desperdício. As razões que levam a um modelo de economia circular pode começar por ser apenas altruístas, mas há razões económicas fortes para se optar por esse modelo. Os produtos que são pura e simplesmente descartados têm um valor de 62.5 mil milhões de dólares e só 20% estão a ser reciclados. A economia circular consegue reduzir a poluição de plásticos e ajudar a reduzir as alterações climáticas.
Um estudo realizado pela Accenture apurou que 82% dos consumidores norte-americanos estão abertos a usar marcas que sejam amigas do ambiente. Outro relatório da Accenture diz que 83% dos consumidores querem que as empresas desenhem produtos que possam ser reutilizados ou reciclados e mais de metade quer que as embalagens sejam amigas do ambiente e até admitem pagar mais pelas mesmas.
A economia circular exige que se mude a forma tradicional de pensar, usar e deitar fora. Produtos que eram pensados para terem apenas uma única utilização, devem agora poder ser reutilizadas para criar algo novo no fim do seu ciclo de vida. Este modelo elimina o desperdício, melhora a eficiência e reduz a necessidade de matérias-primas virgens.
Muitas empresas de maior dimensão começam a aderir à economia circular. A Burger King, por exemplo, vai lançar proximamente embalagens reutilizáveis opcionais, que vão permitir que o cliente pague uma caução que é devolvida aquando da devolução da embalagem. A IKEA já começou a recomprar móveis para evitar que estes vão para o lixo e a Adidas tem um programa UltraBOOST DNA LOOP para reciclar sapatos desportivos velhos.
Muitas outras empresas começam a desenvolver programas semelhantes. A Patagonia aconselha os seus clientes a comprarem apenas roupas que sejam necessárias, a arranjar as que são danificadas e a reutilizar quando possível. Quando nada disto é possível tem um programa de upcycle para transformar as roupas usadas em novos produtos.
A Ellen MacArthur Foundation, estabeleceu parcerias com a Philips, H&M, SC Johnson, Unilever e muitas outras empresas. O Fundo BlackRock, também estabeleceu um fundo de investimento para investir em empresas que adoptem uma estratégia de economia circular. Este programa da Fundação está a explorar as possibilidades da logística inversa, reciclagem e outras áreas de actuação para construir uma economia circular. Entre outros membros deste programa contam-se empresas como a Dell Technologies, Cisco, Vodafone, KPMG e Accenture.
Mas todas estas marcas não estão sós. Segundo a Gartner, 70% dos responsáveis pela supply chain tencionam investir na economia circular.
A economia circular continua a ver a sua popularidade crescer, à medida que mais empresas percebem o seu potencial para criar supply chains mais fortes, ágeis e resilientes. Estas empresas vão tornar-se mais sustentáveis utilizando produtos que normalmente seriam deitados para o lixo pelos clientes no fim do seu ciclo de vida.
No entanto, a economia circular não pode ser criada apenas com boas intenções. Para implementar o seu próprio modelo as empresas vão necessitar de ter visibilidade, transparência e de utilizar os dados de que já dispõem de forma inteligente. Vão ter de trabalhar de forma mais próxima com os seus parceiros e fornecedores de forma a garantir que cada participante da supply chain apoie o modelo escolhido.