As cadeias de abastecimento passaram por um par de anos transformador. Há doze meses, todas as atenções estavam viradas para a escassez global e o seu impacto na disponibilidade de produtos para os consumidores. Quase de um dia para o outro, a invasão russa da Ucrânia fez com que a inflação e a recessão se tornassem o ponto número um da agenda, tendo claros efeitos de arrastamento na gestão e estratégia da cadeia de abastecimento.
Durante todo este tempo, o sector continuou a combater a escassez de competências numa série de posições-chave da cadeia de abastecimento, segundo Matthew Spooner, Industry Thought Leader, na Kinaxis, empresa que oferece soluções de gestão para a cadeia de abastecimento.
Mas apesar de algumas realidades difíceis ao longo de 2022, existem motivos para “otimismo e oportunidade”. Este é um momento de evolução dos papéis dos profissionais da cadeia de abastecimento, com o foco a deslocar-se para uma melhor tomada de decisões e progresso no sentido dos objetivos de sustentabilidade.
Ao avançarmos para 2023, que tendências e forças fundamentais vão moldar as cadeias de abastecimento?
1. A sustentabilidade será tida em conta em todas as fases de planeamento.
A crescente consciencialização e o aumento dos KPIs de sustentabilidade estão a transformar a forma como os planificadores tomam decisões baseadas em dados. No próximo ano, as empresas incorporarão a sustentabilidade em todos os elos da cadeia de abastecimento – desde o fornecimento de energia até à produção, armazenamento, entrega e eliminação de materiais, e tudo o que estiver entre eles.
2. Os profissionais da cadeia de abastecimento terão de começar a comunicar na língua do CFO
À medida que a ligação entre a agilidade da cadeia de abastecimento e o desempenho empresarial mais amplo se torna cada vez mais clara, os gestores da cadeia de abastecimento devem aproveitar a oportunidade para se ligarem verdadeiramente à administração da empresa. Para tal, terão de traduzir o que fazem para a linguagem do diretor financeiro (CFO), articulando o valor que é criado para toda a empresa para convencer a direção a justificar mais investimentos na cadeia de abastecimento.
3. A resiliência será a chave para proporcionar um ROI tangível
A resiliência é mais do que uma palavra-chave no mundo da cadeia de abastecimento – é um requisito estratégico. Com a previsão de que a perturbação e volatilidade vai continuar em 2023, as empresas terão de testar sistematicamente as suas cadeias de abastecimento para garantir que são suficientemente resistentes para lidar com tudo o que lhes possa acontecer. Isto não só ajudará a limitar os impactos das inevitáveis ruturas que se avizinham, mas também capacitará os gestores das cadeias de abastecimento a tomarem decisões mais seguras mais rapidamente, ajudando a impulsionar mais ROI.
4. As transformações da cadeia de abastecimento acontecerão mais rapidamente do que nunca
À medida que as exigências dos consumidores se intensificam, as cadeias de abastecimento têm de mudar e evoluir a um ritmo mais rápido. Por conseguinte, veremos as tecnologias digitais modernas continuarem a acelerar as iniciativas de transformação da cadeia de abastecimento, ajudando as empresas a quebrar silos e a manter o ritmo num mundo em rápida mudança, com um planeamento sem descontinuidades e de ponta a ponta da cadeia de abastecimento.
5. O Excel perderá para ferramentas mais ágeis e que poupam tempo
As tecnologias tradicionais (legacy) e as folhas de cálculo Excel não são simplesmente compatíveis com as atuais cadeias de abastecimento multi-empresas interconectadas a nível global. Cada vez mais empresas passarão do Excel para o planeamento avançado da cadeia de abastecimento em 2023, colhendo os benefícios de soluções digitais mais ágeis, intuitivas e simultâneas.
6. As cadeias de abastecimento precisarão de prever, planear e executar mudanças mais rapidamente do que nunca
No mundo atual de ritmo rápido e imprevisível, uma visão rápida e acionável de cada aspeto da cadeia de abastecimento pode fazer a diferença entre afundar-se e nadar. Por conseguinte, as cadeias de abastecimento terão de ter a capacidade de saber mais cedo e agir mais rapidamente em relação aos riscos e oportunidades – e podem consegui-lo com soluções de software que proporcionam visibilidade de ponta a ponta ao longo de toda a rede de valor desde os fornecedores, passando pelos parceiros, até aos clientes.
7. Os planeadores de cadeias de abastecimento deixarão de ter de escolher entre rapidez e precisão
É agora possível ter o melhor de dois mundos. Estão a surgir novas tecnologias que permitem aos planeadores da cadeia de abastecimento tomar decisões rápidas e precisas, utilizando múltiplas abordagens analíticas avançadas.
8. As cadeias de abastecimento digitais serão construídas para capacitar as pessoas, não para as substituir.
As cadeias de abastecimento mais ágeis e resilientes são as que combinam a inovação tecnológica com o melhore talento humano. Por conseguinte, mais cadeias de abastecimento utilizarão a IA em conjunto com a automação de processos digitais para complementar e melhorar as competências dos colaboradores, libertando-os de tediosas tarefas manuais para se concentrarem em atividades com maior valor acrescentado.
9. As cadeias de abastecimento estarão no topo das atenções da administração à medida que os riscos de recessão aumentam.
À medida que o panorama económico se torna cada vez mais tenso, os gestores empresariais devem assegurar-se de que as suas cadeias de abastecimento estão preparadas para enfrentar a recessão. A administração perceberá a necessidade de deixar de abordar a sua cadeia de abastecimento numa perspetiva de silo, optando antes por virar a sua atenção para soluções de planeamento integradas e avançadas que proporcionem a agilidade e a resiliência necessárias para navegar com sucesso os desafios de uma disrupção financeira.
10. A ameaça contínua de recessão/inflação fará com que seja essencial considerar a quantidade de stock a manter
As pressões de recessão/inflação fará com que os gastos dos consumidores abrandem e encorajarão a compra de artigos e marcas de marcas de baixo preço. Para evitar serem apanhados com muito ou pouco stock, os gestores da cadeia de abastecimento terão de adotar ferramentas de planeamento avançadas.
11. As empresas precisarão de agilidade para gerir as oscilações repentinas da oferta e da procura
O efeito de chicote será proeminente para os retalhistas, quando encomendas de produtos anteriormente feitas começarem finalmente a chegar após longos atrasos, num momento em que essa procura já não existe. Isto vai levar a um excesso de inventário em muitos casos, salientando a necessidade de uma tomada de decisão rápida e precisa.
12. A tecnologia da cadeia de abastecimento combinará execução e planeamento para permitir agilidade e um ROI mais rápido
As empresas continuarão a fazer grandes progressos no alinhamento da sua gestão e planeamento da cadeia de abastecimento. As mais recentes inovações em IA e aprendizagem máquina irão capacitá-las a agir com rapidez e agilidade para maximizar o ROI.