Já longe vão os tempos em que a experiência era o fator fundamental na decisão e design da sua SC, hoje em dia, em plena 4ª revolução industrial/industry 4.0, AI, Machine learning, blockchain, big data, etc. são cada vez mais uma realidade, as tomadas de decisão têm de ser tomadas com base em dados extremamente bem estruturados e que não só reflitam a realidade da sua SC mas que consigam prever possíveis fatores externos.
Muito recentemente muitas foram as cadeias de abastecimento afetadas por diversos fatores: Surtos de Covid, portos congestionados, alterações dos calendários das rotas marítimas, falta de equipamentos para transporte (contentores), falta de motoristas, criação de novas taxas de transporte, etc. Estes fatores culminaram em oscilações do custo de transporte para valores nunca antes vistos e consequente falta de capacidade dos transportadores marítimos, resultando numa queda da qualidade dos níveis de serviço.
Tanto os importadores de matéria-prima como de produto acabado, depararam-se com uma nova realidade como a falta de componentes e produtos, tempos de trânsito muito superiores ao habitual, que levaram mesmo à escassez de produtos em loja, paragem de fábricas, diminuição de margens de lucro ou aumento do preço para o consumidor final. Tendo afetado todas cadeias de abastecimento a nível global, o que resultou num aumento da procura de matéria prima e transporte, tendo sido esta uma das principais razões para o aumento do custo do transporte.
Todos estes fatores externos trouxeram novos desafios para as empresas e mais propriamente para os Gestores de transportes e de cadeia de abastecimento. A falta de visibilidade em tempo real sobre o ETD e ETA (extimated time of departure/arrival) dos seus envios, falta de controlo e flexibilidade operacional dos mesmos, falta de transparência do custo end-to-end dos envios e consequentemente dos produtos, baixa colaboração com fornecedores de mercadoria assim como logísticos, ineficiências operacionais, de sustentabilidade, dificuldade em manter o custo da cadeia de abastecimento, entre outros…
As cadeias de abastecimento são conhecidas por ser complexas, com muitos fornecedores, de diferentes países, para diferentes produtos e transportadas por vários operadores logísticos com diferentes valências e diferentes sistemas informáticos. Isto faz com que gerir uma cadeia de abastecimento possa mesmo vir a ser um pesadelo ou uma imensidão de processos manuais. Os compradores de transporte sentem a falta de uma plataforma, onde possam planear, agendar, gerir, visualizar o track&trace e efetuar análises sobre os seus transportes a nível internacional e em que possam integrar envios/contentores dos seus diversos operadores logísticos.
Durante este meu percurso profissional, tenho visto muitas empresas a gerirem centenas ou milhares de contentores cuja gestão e acompanhamento destas cargas é feita em ficheiros Excel, com atualizações manuais, desde o track&trace à gestão de custos. Isto resulta não só numa ineficiência operacional, mas também influencia muitas decisões de negócio, que estão a ser tomadas com base em ficheiros atualizados manualmente, decisões estas que no limite podem levar a atrasos ou paragens de produção, faltas de stock, adiamento de campanhas de vendas, etc. É (quase) impossível gerir eficazmente uma cadeia de abastecimento constituída por diversos operadores logísticos, transportadores e as suas diferentes plataformas, assim como reports, análises, etc. quando toda esta informação é atualizada manualmente. –> demasiado tempo e dinheiro desperdiçado em trabalhos administrativos, que não são o core das empresas e que poderiam ser evitados/automatizados.
Quando vemos quão descomplicada UMA DIGITAL SC pode ser, percebemos que muitos destes desafios podem ser desnecessários – lexible asset light network.
Esta complexidade, principalmente no transporte marítimo tem vindo a fazer com que muitas empresas considerem outros meios de transporte, por vezes com custos mais elevados, ou mesmo que descartem possíveis negócios considerando que a gestão do transporte criará ainda mais complexidade nas qcadeias de abastecimento. Complexidade esta que os grandes grupos conseguem colmatar devido às extensas equipas que conseguem absorver tarefas manuais para alimentar os seus softwares/ficheiro Excel de gestão com informação retirada de diversos sites e plataformas. Quando falamos de PME’s, os processos manuais fazem com que estas empresas, com menos recursos disponíveis para efetuar o controlo da cadeia de abastecimento, se restrinjam a mercados cuja cadeia de abastecimento poderá vir a ser mais simples, absorvendo-lhes muitas vezes margem de lucro ou resultando num aumento de custos e, consequente, de preços para o consumidor final.
O meu conselho aqui é simples – GO DIGITAL! – já existem diversas plataformas no mercado, onde facilmente conseguem digitalizar as vossas cadeias de abastecimento, muitas delas dos grandes operadores logísticos e outras independentes e onde podem integrar diversos operadores logísticos.
Nas várias empresas com que tenho trabalhado, seja em Portugal ou na Alemanha (onde ainda trabalho), sejam em grandes grupos internacionais ou em start-ups, nenhuma destas empresas tinha softwares adequado para efetuar a gestão dos seus transportes, muitos eram os processos manuais e as falhas de ligações entre softwares/folhas de Excel. À velocidade que os mercados estão a evoluir, e com grandes potências mundiais a continuar a crescer exponencialmente, o meu melhor conselho é efetivamente para investirem em plataformas de gestão que vos permitam 1º digitalizar o vosso negócio, 2º minimizar tarefas manuais e 3º otimizando a comunicação com fornecedores/clientes externos (de mercadorias, serviços logísticos e clientes finais). Caso contrário a corrida contra os grupos mundiais será sempre feita em desvantagem.
Felizmente nem tudo são dificuldades, a desaceleração dos mercados e trading internacional, devido a fatores como a guerra na Ucrânia, aumento da inflação, combustíveis, etc, fizeram com que os grandes operadores marítimos internacionais estejam com falta de carga e portanto estão a negociar valores de transporte iguais aos existentes em 2019. Estas alterações tornam o momento atual numa ótima oportunidade para investir e para voltar aos mercados internacionais.
António Pita
Business Development Specialist na Adnavem