«A crise global e o estado de emergência nacional provocadas pela disseminação do novo coronavírus estão a abrir alas rumo a uma oportunidade de ouro para o ecommerce luso crescer e multiplicar-se.» A análise é de Vera Maia, fundadora e CEO da plataforma “Tudo sobre eCommerce”.
Muitas empresas estão «a aproveitar este momento para reverem as suas estratégias digitais. Nos últimos dias, e num momento em que o acesso à internet em Portugal aumentou cerca de 40%, temos ouvido bastantes lamentos por parte dos gestores e empreendedores, de que deveriam ter investido mais cedo… Mas os que estão a começar ainda vão a tempo de desenvolverem os seus projectos com sucesso», diz a responsável.
Algumas marcas «já se aperceberam estarmos perante uma oportunidade única,», para o ecommerce e o marketing digital nacionais. A própria actividade de consultoria da TSE viu-se “afectada positivamente” com o estado de emergência provocada pelo novo coronavírus. «Além de mais pedidos de contacto, também iniciámos novos projetos, que já estavam a ser estudados, mas cujo início a pandemia catapultou para o imediato…», reconhece a gestora.
Por outro lado, como diz Vera Maia, «os custos de publicidade online desceram», o que é igualmente uma «oportunidade para quem ainda tem stock para vender e não tem a sua supply chain parada, seja porque a matéria prima não esteja a ser fabricada ou porque o fornecedor da China não está a fazer envios».
Ecommerce vai crescer 30% ao ano
Vera Maia acredita que o actual contexto é «também favorável para a internacionalização dos negócios» portugueses. «Existem alguns mercados mais afectados por esta crise do que outros. Para aqueles em que os hábitos de consumo já passavam pelo online esta crise surge como uma oportunidade para aumentar ainda mais as vendas. A Amazon, por exemplo, anunciou o recrutamento de 100 mil novos funcionários nos EUA para fazer face às necessidades de recursos que esta pandemia criou. E, dentro das nossas fronteiras, várias empresas começaram a reforçar, com recursos humanos, as suas áreas de comércio eletrónico e correspondentes cadeias logísticas».
Para a especialista em comércio eletrónico parece seguro afirmar estarmos perante uma era em que, «obrigatoriamente, o digital ocupará o lugar do físico». Não por uma evolução geracional, mas «por uma necessidade de saúde pública».
Por este motivo, acredita que «o crescimento das vendas online será exponencial, principalmente nos mercados emergentes, como os do Sul da Europa. «Prevemos que o ecommerce termine a subir pelo menos 30% este ano. Com repetição nos anos seguintes. E é necessário que as estruturas logísticas e de transportes acompanhem esta evolução, para que o serviço aos clientes não seja colocado em causa».