A Nielsen desenvolveu o “COVIDisruption: O novo caminho do consumidor”, um relatório de avaliação do modo como a pandemia COVID-19 impactou o consumo de FMCG em Portugal e de definição de novas tendências na relação entre marcas e retalhistas e consumidores. A análise desenvolvida integrou as quatro fases de impacto da COVID-19 no consumo de FMCG: Pré-COVID (semanas 1 a 8), Armazenamento (semanas 9 a 11), Quarentena (semanas 12 a 18) e Novo Normal (semanas 19 a 20).
«Após um boost notório no crescimento das vendas de FMCG durante a fase de Armazenamento, estas desaceleraram significativamente em Quarentena, mas mantêm dinamismos mais elevados comparativamente ao período homólogo neste Novo Normal», diz o relatório. Embora o presente ano se encontrasse já a ser positivo quando comparado com 2019, a realidade da COVID-19 veio acentuar esta dinâmica.
A necessidade de lidar com a exigência de confinamento originou novas necessidades entre os consumidores. Como explica Vera Gonçalves, Senior Client Consultant da Nielsen, «se numa primeira fase a obrigação de permanecer em casa fez com que procurássemos produtos que nos permitissem assegurar a preocupação com o armazenamento, passámos depois a tentar desfrutar do tempo passado em casa. Esta mudança encontra-se refletida numa tentativa de criar momentos de lazer e partilha principalmente visível na cozinha, assegurando a socialização em família através do transporte de momentos e experiências geralmente realizados no exterior para dentro do lar».
Como aponta Lahna Barbosa, Senior Panel Consultant da Nielsen, «é expectável que o comportamento do consumidor mude no futuro e a sua resposta à crise poderá ser maior ou menor de acordo com os impactos que sofrem nos seus rendimentos. Mas, de forma geral, vamos encontrar um consumidor mais preocupado em reajustar os seus gastos, baseando as suas escolhas em novos mecanismos de preço, um consumidor que prioriza e é orientado por valores diferentes do passado. Tudo isto vai impactar as suas escolhas de lojas, de marcas e, claro, a sua cesta de compras».
O momento é de« novas oportunidades possibilitadas pelas mudanças trazidas pela COVID-19». João Otávio, Client Development Manager da Nielsen, explica que «vão conquistar importância os momentos de consumo em casa, a procura por retalhistas com a capacidade de entrega ao domicílio – com destaque para produtos biológicos e frescos, que crescem a oferta no online em Portugal – e a possibilidade de comunicar directamente com os consumidores através de canais digitais. A questão do online ganha relevância, com os consumidores a tornarem-se mais digitais e este canal a conquistar expressão num leque mais alargado de consumidores. Constata-se a entrada do público sénior nas compras online, com maior representatividade em comparação com o ano passado, o que leva a crer que a idade do consumidor já pode representar uma menor barreira para o crescimento do canal em Portugal».