A Unilever anunciou hoje uma nova meta de vendas globais de mil milhões de euros de alimentos de origem vegetal alternativos à carne e lacticínios, nos próximos 5 a 7 anos. Estas metas são parte da iniciativa “Future Foods”, lançada com o objectivo de ajudar as pessoas a transitarem para dietas mais saudáveis e, assim, contribuírem para a redução da pegada ambiental da cadeia alimentar.
O crescimento será impulsionado pelo lançamento da marca The Vegetarian Butcher, bem como de alternativas veganas de marcas como Hellmann’s, Magnum e Olá.
A Unilever compromete-se entre várias medidas, a reduzir para metade o desperdício alimentar nas suas operações directas desde o fabrico até à colocação dos produtos no ponto de venda até 2025, antecipando em cinco anos o compromisso assumido pela Champions 12.3, coligação multisectorial comprometida com os Padrões de Consumo e Produção Responsáveis (Objectivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas).
«É do conhecimento geral que o actual sistema alimentar mundial é injusto e ineficiente. Mil milhões de pessoas no mundo passam fome, enquanto dois mil milhões são obesas ou têm excesso de peso», diz a empresa, salientando que «um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado». Além disso, a pecuária é «o segundo factor que mais contribui para a emissão de gases efeito de estufa, sendo superado apenas pelos combustíveis fósseis. A pecuária é a principal causa da desflorestação, da poluição da água e do ar, bem como do declínio da biodiversidade».
O relatório da EAT-Lancet de 2019 mostrou que uma dieta rica em alimentos de origem vegetal e com menor ingestão de alimentos de origem animal oferece benefícios tanto para a saúde como para o ambiente, diz a Unilever.
Jessica Fanzo, professora associada pela Bloomberg, em alimentação global e ética e políticas de agricultura, na Universidade Johns Hopkins e coautora do relatório EAT-Lancet afirma que «em média a dieta diária de uma pessoa precisará de mudar radicalmente nas próximas três décadas para garantir que todos têm acesso a alimentos sem que os recursos do planeta se esgotem. Ao melhorar a produção de alimentos e do ambiente alimentar, transformando os hábitos alimentares e reduzindo o desperdício alimentar, podemos começar a soluccionar estes problemas. Os compromissos da Unilever são essenciais para ajudar as pessoas a mudar a sua alimentação, com a oferta de alimentos mais saudáveis, sustentáveis e acessíveis aos consumidores.»
Já Liz Goodwin, directora e membro sénior no World Resources Institute, na área de Food Loss And Waste refere: «O desperdício alimentar tem um impacto enorme na economia global, no ambiente e na sociedade. Sabemos que o desperdício alimentar contribui cerca de 8% para a emissão de gases efeito de estufa, assim como para o uso desregrado da terra e da água utilizados na produção de alimentos. Precisamos que o maior número possível de empresas dê prioridade à questão do desperdício alimentar e tome medidas para o reduzir. É óptimo ver a Unilever a tomar a liderança nesta temática. Considerando o tamanho e o alcance desta empresa, o seu compromisso em reduzir para metade o desperdício alimentar nas suas operações globais incentivará outras a fazer o mesmo».
A Unilever tem tido «sucesso na produção» de alternativas de proteínas à base de vegetais. Dois anos após ter adquirido a The Vegetarian Butcher – que foi lançada em Portugal este ano pela área profissional (Unilever Food Solutions) -, a Unilever expandiu a marca de alimentos à base de vegetais em mais de 30 países e tornou-se fornecedora do Whopper e dos nuggets à base de vegetais do Burger King na Europa, em África e no Médio Oriente.
Em 2019, realizou um investimento de 85 milhões de Euros no “The Hive”, um centro de inovação em alimentos na Wageningen University na Holanda. O objectivo é apoiar a pesquisa de ingredientes à base de vegetais e alternativas à carne, colheitas eficientes, embalagens sustentáveis para alimentos e alimentos nutritivos.
As metas da área de Foods & Refreshment reforçam os compromissos gerais da empresa no que respeita ao desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento sem desflorestação até 2023, investir mil milhões de euros num novo Fundo para o Clima e para a Natureza, e ter todos os produtos com zero emissões de carbono até 2039. A empresa também assumiu o compromisso de assegurar que 100% das suas embalagens de plástico serão reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2025.