Após ter saído do estado de emergência a 2 de Maio, a situação de calamidade em Portugal veio agravar de forma significativa a actividade portuária no mês de Maio. Entre Janeiro e Maio de 2020, os portos do continente movimentaram um total de 34,2 milhões de toneladas de carga, uma diminuição de -9,3% face ao volume global de carga registado nos primeiros cinco meses de 2019. Se compararmos a variação apenas do mês de Maio, verifica-se um decréscimo de -29% face a maio de 2019.
Em termos de tonelagem de carga, registaram-se -3,49 milhões de toneladas de carga, com o forte contributo de Sines e Lisboa, que registaram quebras de -9,7% e -23,2%, respectivamente, o que corresponde um total de -2,9 milhões de toneladas. Também os portos de Leixões, Setúbal e Aveiro registaram quebras de -5%, -6,4% e -4,4%, respectivamente. Só os portos de menor dimensão, Figueira da Foz, Faro e Viana do Castelo registaram comportamentos positivos de, respectivamente, +12,1%, +27,1% e +1,6%.
«Os portos e as cargas foram claramente penalizados pela crise pandémica que se atravessa e que originou a suspensão e/ou abrandamento da actividade da indústria nacional», adianta a Autoridade da Mobilidade e Transportes.
A quebra de movimentação global verificou-se sobretudo nas operações do Petróleo Bruto e dos Produtos Petrolíferos em Leixões e Sines, por efeito da pandemia. Neste período, verificou-se uma acentuada diminuição da compra de combustíveis nos mercados nacional e internacional, tendo conduzido a um quase esgotamento da capacidade de armazenagem das refinarias de Matosinhos e de Sines, o que levou à suspensão temporária da sua actividade. Os Produtos Petrolíferos, que têm elevado relevo nas exportações nacionais, registaram em Abril e Maio, nos portos de Leixões e Sines, uma diminuição de -938,9 mt, correspondente a -28,1% do volume movimentado no período homólogo de 2019.
A par das cargas referidas, também a carga Ro-Ro foi particularmente impactada pela pandemia em curso com a suspensão da produção da indústria automóvel, desde meados de Março até finais de Abril, sobretudo na Autoeuropa e na PSA Mangualde. Esta situação determinou uma significativa retracção na exportação de unidades automóveis e consequentemente do respectivo movimento portuário em Setúbal e em Leixões, embora neste último com menos impacto.
«Sem relação directa com o efeito provocado pelo surto pandémico de covid-19», de salientar que o comportamento do mercado do Carvão em Sines e o da Carga Contentorizada em Lisboa foram os que mais contribuíram para o desempenho negativo global do sistema portuário do Continente. O Carvão em Sines registou quebras de -1,54 milhões de toneladas e o da Carga Contentorizada em Lisboa foi responsável por -783,3 mil toneladas. Os dois, em conjunto, representam 53,7% do total de -4,3 milhões de toneladas de carga perdida nos diversos mercados com comportamento negativo.