A Merlin Properties inaugurou no dia 18 de Maio o parque logístico Merlin Lisboa Park, localizado no concelho de Vila Franca de Xira, com uma nave logística de última geração de 45.171 metros quadrados de superfície bruta locável, dividida em 6 módulos. Com uma Área Bruta Locável (ABL) edificável total de 224.864 metros quadrados, este é o primeiro parque logístico da imobiliária espanhola em Portugal.
No seu discurso Ismael Clemente, CEO da Merlin Properties, realçou a importância deste projecto no plano de expansão da empresa. «Desde que começou a sua actividade em 2014, a Merlin Properties definiu como objectivo estratégico ser uma empresa ibérica com uma forte presença nos mercados português e espanhol. Hoje é a maior sociedade imobiliária da Península Ibérica, proprietária de uma carteira de activos imobiliários comerciais de enorme qualidade, onde se incluem edifícios de escritórios em Lisboa, Madrid e Barcelona, centros comerciais dominantes e urbanos em quinze cidades e armazéns logísticos de última geração nos sete principais hubs da Península», referiu o responsável, adiantando que «a empresa tem mais de 12 mil milhões de euros em activos, que geram anualmente cerca de 500 milhões de euros de rendimento».
Com a inauguração desta plataforma logística, o CEO afirmou que a carteira de clientes da Merlin Properties em Portugal fica «mais forte» e que este projecto «nasceu para dar resposta a um sector que se depara com muitos desafios que nascem da revolução digital que tem impacto na eficiência de toda a operação logística, do próprio Brexit e a imposição de tarifas em alguns mercados, que levam as empresas a repensar toda a cadeia de distribuição, favorecendo o inshoring, bem como do forte crescimento do comércio online e a exigência dos clientes finais em termos de baixo custo, flexibilidade e rapidez nas entregas e devoluções».
Ismael Clemente lembrou ainda que estes factores colocam os «operadores sob pressão e levam a uma maior exigência na selecção de armazéns logísticos, que lhes permitam ser eficientes em custo e eficazes em tempo».
O desenvolvimento do Merlin Lisboa Park, também conhecido como Plataforma Logística Lisboa Norte, contempla um investimento total de construção de 150 milhões de euros e «servirá um mercado de quase três milhões de pessoas, na Área Metropolitana de Lisboa, dinamizando de forma ímpar e por inerência o próprio município».
Nave logística já conta com dois operadores logísticos
O parque logístico recém-inaugurado está localizada na principal área logística de Lisboa, em Castanheira do Ribatejo (eixo Alverca-Azambuja), e tem ligações directas às autoestradas A1, A10 e A9. Está também localizado a 30 quilómetros do centro de Lisboa e dispõe de uma estação ferroviária para passageiros e mercadorias à entrada do parque, com uma ligação directa à capital portuguesa. O parque incluirá também o futuro centro logístico do grupo Jerónimo Martins, cujo desenvolvimento está previsto arrancar em breve.
A nave logística composta por 6 módulos, com áreas de 9500 m2 e 6500 m2, foi concebida com «os melhores padrões de qualidade para satisfazer as actuais exigências dos grandes operadores logísticos internacionais». Conta com vias de grandes dimensões, uma altura de 14,7m, um «grande número de docas» (1 por cada 500 m2), a possibilidade de operar pela parte traseira com carrinhas, estrutura e recinto em betão armado, iluminação LED, amplas áreas de manobra e um grande número de lugares de estacionamento. «Além disso, a qualidade da construção é eficiente do ponto de vista energético e a nave terá em breve uma instalação fotovoltaica de autoconsumo».
À Logística Moderna Ismael Clemente disse que o custo de construção da nave logística já inaugurada rondou os 25 milhões de euros. O responsável salientou ainda que a demora da construção se deve à grande depressão financeira que se fazia sentir em 2015, ano em que foi adquirido o terreno. «Nesta altura não fazia sentido arrancar com o projecto uma vez que não havia procura. Contudo, com a evolução positiva da procura nos últimos anos, como consequência directa, por exemplo da expansão do comércio online, passou a fazer sentido avançarmos com a sua construção que, devido a um grave problema de credibilidade, tinha de ser necessariamente um projecto especulativo», justificou o CEO, explicando que os atrasos levaram a uma descrença por parte do mercado. «Optámos por avançar com o projecto sem comunicar e só depois de a nave estar pronta é que demos a conhecer o projecto». Em termos de ocupação, a nave logística já conta com a presença de dois operadores logísticos, um dos quais a Rangel, estando ainda a Merlin em negociações para o módulo central.
Como próximo passo para o desenvolvimento das restantes infraestruturas, a Merlin Properties já tem na calha um operador europeu que pretende um armazém de 20 mil m2. As dúvidas recaem na tipologia do edifício, conforme refere Ismael Clemente que disse que não sabe se vão arrancar com a construção de um espaço com este tamanho ou se irão optar por construir outra nave de 45 mil m2 e ter pré-alugado apenas 50% da área.
O parque logístico tem flexibilidade para se adaptar às necessidades dos operadores e do mercado, com uma capacidade de desenvolvimento para executar projectos chave na mão ou outros projectos de investimento. «Nos restantes lotes, excluindo os que pertencem à Jerónimo Martins, serão construídos mais armazéns logísticos para dotar a plataforma de uma maior capacidade e criar um cluster logístico interessante e ao mesmo tempo satisfazer as necessidades de muitos operadores ao nível de espaços adequados», adiantou João Cristina, responsável da Merlin Properties em Portugal, lembrando que a oferta de armazéns logísticos em Portugal foi «muito escassa nos últimos 10/ 15 anos». Espera-se que o projecto esteja concluído na totalidade no prazo de 5 anos.