«A melhoria das acessibilidades ao Porto de Setúbal é um imperativo para permitir dar o salto de crescimento que o porto, a cidade e a região merecem.» Esta é a visão da Presidente da APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Lídia Sequeira, expressa durante a conferência “De Setúbal para o Mundo”, que teve lugar ontem no Fórum Municipal Luísa Todi, no âmbito das iniciativas dedicadas à Semana do Mar 2019.
Segundo a responsável, «com uma operação portuária de vocação eminentemente exportadora, é fundamental dotar o porto de capacidade para receber os modernos navios pós-Panamax, no sentido de permitir ir além dos 150 mil TEU de volume de carga anual, nível em que o Porto de Setúbal está há vários anos.»
«Mas um porto não se esgota na carga», acrescentou a Presidente da APSS ao defender que «é preciso devolver o porto de pesca aos pescadores, tanto em Setúbal como em Sesimbra e que é exatamente isso que esta administração vai fazer». Todas as atividades relacionadas com a náutica de recreio e com as atividades marítimo-turísticas terão de ser posicionadas em outros locais que não o porto de pesca.
De resto, a grande aposta para melhorar a competitividade do Porto de Setúbal é a melhoria das acessibilidades. «Já concluímos a melhoria das acessibilidades ferroviárias dentro dos terminais, retomámos o transporte de veículos da Autoeuropa para o porto por via ferroviária e já estamos a desenvolver, em conjunto com as Infraestruturas de Portugal, o projeto de ligação do Porto de Setúbal à rede transeuropeia de transportes» referiu Lídia Sequeira. Todos os projetos são decisivos para que a infraestrutura portuária possa contribuir ainda mais para o desenvolvimento da região e do país.
AMAZON redefiniu ordem mundial da logística de contentores
«Depois é igualmente decisivo melhorar as acessibilidades marítimas para podermos receber os maiores navios, crescer em volume de carga e não ficarmos condenados a receber apenas os navios antigos, mais pequenos», sublinhou, ainda a Presidente da APSS durante a mesa redonda intitulada “Internacionalização do Porto de Setúbal”, onde também participaram Jorge d’Almeida, da SACONSULT, Rui d’Orey, da Orey Shipping e Augusto Rosário, da WEC Lines (IBEROLINHAS).
Rui d’Orey, da Orey Shipping lembrou mesmo que os portos nacionais têm vindo a crescer em volume de carga, mas não em número de escalas de navios, ou seja, o crescimento na carga faz-se através da utilização de navios cada vez maiores. Sem capacidade para receber esses navios qualquer porto tem maiores dificuldades para crescer.
Augusto do Rosário, da WEC Lines (IBEROLINHAS) defendeu que a modernização de procedimentos e da operação portuária também é importante para crescer e que, hoje em dia, uma das mais valias para os operadores portuários é poder ter à disposição um porto a trabalhar 24 sobre 24 horas.
Por último, Jorge d’Almeida, da SACONSULT sublinhou que «entrámos já numa nova ordem mundial da logística de contentores, ordem essa que foi redefinida pela AMAZON, que entrou no setor para operar como uma “Uber do transporte marítimo”, o que o obriga a uma redefinição da visão estratégica das comunidades e administrações portuárias».