Conscientes da sua importância no abastecimento de bens essenciais, o grossista Makro não ficou indiferente à actual crise e rapidamente adaptou as suas operações à nova realidade. Implementou planos de contingência para prevenir o contágio, criou serviços direccionados para o canal Horeca, abriu as suas lojas aos consumidores e apostou em parcerias com produtores nacionais. Foi ainda criada uma task force para evitar falhas de produtos nas prateleiras, prevenindo desta forma ausências de abastecimento. Apesar de incertos e desafiantes, a Makro está preparada para os próximos tempos e garante que a sua estratégia é desenvolvida quase ao minuto.
Com 10 lojas em território nacional (Braga, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Leiria, Coimbra, Alfragide, Cascais, Palmela, Faro e Albufeira) e duas plataformas logísticas (Torres Novas e Malveira), a Makro Portugal tem vindo a adaptar-se constantemente a este período de pandemia. Conforme explica David Antunes, CEO da Makro Portugal, são tempos de mudança e readaptação. «Estamos empenhados em fazer parte da solução e não do problema, pelo que temos apostado em apoiar os nossos clientes, nomeadamente do canal Horeca, através da oferta de soluções que possam de alguma forma ajudá-los a superar esta realidade, porque também eles têm procurado reinventar-se no sentido de não parar».
Também para garantir a continuidade da cadeia de distribuição de produtos a todos os consumidores, neste período de «saúde pública tão crítico», o grossista acabou por abrir temporariamente as portas de todas as suas lojas ao consumidor final.
«Vivemos tempos sem precedentes. Estamos a passar por uma situação altamente instável e imprevisível, cabe-nos agora, dar mais um passo de apoio à sociedade portuguesa. Consideramos que neste momento todos temos uma missão pública a cumprir. Além da abrangência do nosso sortido alimentar, as nossas lojas têm uma dimensão maior que favorece naturalmente a capacidade de manter as distâncias de segurança entre pessoas, sendo que os colaboradores da Makro estão completamente preparados para responder às exigências de qualquer cliente. Por outro lado, os produtos disponibilizados em todas as nossas lojas, encontram-se em formato profissional para profissionais e unidade para menores consumos, permitindo a compra de maiores ou menores quantidades», explica David Antunes sobre esta opção, reiterando, contudo, «o apoio a todos os profissionais de hotelaria, restauração e negócios próprios, bem como aos nossos fornecedores, produtores e todos os que se relacionam desde sempre com esta grande família que é a Makro».
A par destas medidas, a insígnia tem vindo ainda a colaborar com movimentos que visam providenciar refeições, como é o caso do projeto “Alimentar a sua saúde” e a Rede de Emergência Alimentar, «permitindo até então servir mais de 12.600 refeições».
Cadeia de abastecimento
reajustou-se para evitar contágio
Sobre a gestão da cadeia de abastecimento, o responsável diz que «naturalmente toda a operação teve de se reajustar no sentido de prevenir a contaminação por Covid-19». Desta forma, a Makro adoptou um conjunto de medidas preventivas no âmbito do plano de contingência dirigido a colaboradores, motoristas, parceiros e outros que se relacionem com a empresa, com o intuito de evitar e mitigar o contágio por este vírus.
Na operação logística foram adoptadas várias medidas como a utilização de máscaras por parte dos motoristas, a regra de ocupação máxima indicativa de 5 pessoas por 100 m2 de área, a distância mínima de dois metros entre as pessoas, evitar o contacto próximo entre colegas/motoristas/clientes/ fornecedores/visitantes, promover a lavagem frequente das mãos, utilizando o gel desinfectante disponibilizado junto dos lavatórios, ou utilização de solução à base de álcool que se encontra localizada junto às portas de acesso à plataforma, área administrativa (recepção de documentação dos motoristas), torniquetes e relógio de ponto, desinfecção dos manípulos dos equipamentos de movimentação de carga na plataforma, bem como o aconselhamento aos motoristas, pela equipa administrativa, a aguardar no exterior da plataforma para evitar ajuntamentos, entre outros.
David Antunes adianta ainda que estão atentos a recomendações sanitárias e de higiene que possam surgir das entidades responsáveis e actuarão «sempre em conformidade com as mesmas, actualizando, sempre que necessário estas recomendações que foram partilhadas com todos os nossos fornecedores e parceiros. Temos um papel essencial na sociedade, fundamental para “alimentar” o nosso país e, assegurar a sustentabilidade dos negócios.»
Task force impediu
falha de produtos nas prateleiras
À semelhança de outras insígnias alimentares, também a Makro sentiu, nas primeiras semanas de evolução da Covid-19 em Portugal, alterações nos comportamentos dos consumidores, com a aquisição de uma grande quantidade de produtos, garantindo assim que tinham preparadas as suas dispensas em caso de quarentena, como se veio a verificar.
Como refere David Antunes, «esta atitude da população teve um claro e directo impacto nas superfícies comerciais, sobretudo na capacidade de reposição de stock nas lojas». Como resposta, a equipa da Makro constituiu desde a primeira semana uma task force, incluindo não apenas os colaboradores das lojas como do próprio escritório central, no sentido de garantir que não haveria falhas de produtos e que as prateleiras não ficariam vazias, prevenindo desta forma ausências de abastecimento. «Actualmente, a operação encontra-se normalizada pelo que não encontramos nas diversas lojas rupturas de produto substanciais».
No abastecimento às lojas foram desenvolvidas várias iniciativas incluídas no Plano de Continuidade do Negócio da Makro, bem como nos seus parceiros de prestação de serviços logísticos. Sendo o foco a protecção das pessoas e em paralelo assegurar o serviço aos seus clientes, o grossista considera prioritário evitar «ao máximo o contacto» entre os colaboradores, parceiros e motoristas nos respetivos Centros de Distribuição. «A implementação de áreas de circulação, equipamento de protecção individual, tal como medidas no sentido de assegurar as distâncias de segurança entre pessoas têm sido determinantes para a segurança entre colaboradores e parceiros.»
Aposta na digitalização
e automatização dos processos
Para a Makro, os entrepostos logísticos são fundamentais, uma vez que têm cerca de 90% do seu volume de compras centralizado, bem como uma parceria consolidada com mais de 20 anos com os seus operadores logísticos. Ao nível da força de trabalho nos entrepostos, foram desenvolvidos planos de contingência, por parte dos seus parceiros, para assegurar a continuidade do negócio.
«A preocupação com as pessoas e, simultaneamente, assegurar um serviço de elevada qualidade, são uma das nossas grandes prioridades», diz David Antunes, salientando que: «Esta nossa parceria tem dado frutos, visto que temos mantido sempre um excelente serviço tal como antes da crise, quer em termos das entregas On time, quer também na qualidade dos pedidos de abastecimento das nossas lojas.»
Ao nível da intralogística, e apesar das operações do grossista já apresentarem um «elevado nível de digitalização e automatização de processos há vários anos», com o Covid-19 houve uma preocupação acrescida no planeamento de recursos (pessoas e frota), «numa altura de enorme incerteza» e alterações nos comportamentos dos seus clientes.
Para esse efeito foram desenvolvidos sistemas de informação digitais ajustados à nova realidade, que permitiram a monitorização do abastecimento upstream e downstream. Com base nestas ferramentas, a Makro consegue actuar de «forma mais célere» junto dos seus fornecedores, adequar os seus recursos em loja, dar uma resposta mais rápida às necessidades dos seus clientes e desenvolver parcerias com novos negócios.
Relativamente às medidas implementadas nas lojas, destaque para o reforço de medidas de segurança e higiene no serviço de entregas e Makro GO, redução do contacto entre colaboradores através de escalas de trabalho rotativas nas lojas e de trabalho remoto, promoção da renovação periódica de ar dentro das lojas, reforço da sinalética na distância de linhas de caixa e na salvaguarda da distância mínima adequada (2 metros) entre colaboradores e clientes, entre outras. Ainda, no serviço de Delivery da Makro, os produtos alimentares são entregues embalados.
Lota Digital: Um exemplo a seguir
No que diz respeito ao escoamento de produtos, durante estes meses, a Makro tem reforçado o seu incentivo à produção nacional. «Acabámos, por exemplo, de estabelecer uma parceria com a Lota Digital. Com esta parceria os nossos clientes usufruem do peixe mais fresco, com qualidade garantida, capturado exclusivamente por pescadores tradicionais portugueses».
Actualmente, o projecto Lota Digital, que permite uma ligação mais directa e imediata entre pescadores e compradores, opera em Peniche, em parceria com a Docapesca, e prevê-se o seu alargamento a outros portos nacionais. «Assim, a parceria gerará um importante incentivo às comunidades de pescas envolvidas, bem como ao consumo do produto nacional.»
Além disso, «todo o peixe proveniente da Lota Digital que chega às lojas Makro, tem a sua qualidade e frescura garantidas. Quando a embarcação de pesca chega a terra, o controlo de qualidade realizado pela equipa da Lota Digital verifica o seu grau de frescura e características do pescado sob uma rigorosa inspecção de acordo com os padrões europeus», esclarece o responsável.
«Estamos muito satisfeitos com esta parceria. Oferecer aos nossos clientes o melhor sempre foi para a Makro uma prioridade. Se a este objetivo juntarmos a revitalização da economia em torno da pesca tradicional portuguesa, temos então o melhor de dois mundos. Na Makro estamos muito empenhados em disponibilizar aos nossos clientes produtos de qualidade provenientes de todas as esferas, com especial foco nos portugueses, naturalmente. Somos um país muito rico a nível de produtos e diversidade alimentar. Com esta parceria ganhamos em qualidade e oferta, contribuindo ainda para a sustentabilidade da pesca tradicional portuguesa.»
«Temos de ser criativos e inovadores»
Quanto aos próximos tempos, David Antunes acredita que vão continuar a ser desafiantes. «Esta pandemia veio acelerar vários processos e levantar muitas preocupações», por isso, a «expectativa é que terá de haver a continuidade dos cuidados implementados durante este período». O trabalho remoto, os processos digitais, a redução dos contactos físicos entre pessoas e o aumento de contactos por outras vias vão ser «seguramente uma realidade».
«Efectivamente, não será um regresso simples e rápido na medida do que gostaríamos. Sabemos que muitas coisas mudaram e estão a mudar a nível social e empresarial. Contudo, estamos confiantes. O ser humano tem uma capacidade gigante de adaptação e reestruturação. Em tempos como os que se avizinham é necessário, mais do que nunca, estarmos atentos, sermos criativos e inovadores e trabalhar no sentido de sermos de facto uma mais valia diferenciadora para os nossos clientes. Se este já era o nosso foco, muito mais o será agora. Estamos confiantes que o sector irá recuperar. Poderá levar algum tempo a estarmos ao nível do pré- Covid19, mas iremos seguramente fazer o caminho da recuperação todos juntos».
O CEO da Makro considera que, neste momento, a estratégia é desenvolvida «quase ao minuto». Fazer previsões muito alargadas é complicado. «Temos de estar conscientes que esta é uma situação sem precedentes com indicadores difíceis de avaliar face ao que estamos a viver diariamente. Neste momento, a preocupação maior é a saúde das nossas pessoas, colaboradores, clientes, fornecedores e famílias», conclui.
Artigo completo na edição nº 175 da Logística Moderna (descarregar versão online em www.logisticamoderna.com)