Estudo da Capgemini revela que omni-canal impulsiona oportunidades para 3PL
7 de Outubro de 2014
O 19th Annual Third-Party Logistics Study 2015 identifica e analisa as principais tendências da relação entre 3PL e clientes, bem como a forma como ambos trabalham no sentido de melhorar os seus negócios e cadeias de abastecimento. A edição deste ano centra-se no omni-canal, recursos humanos, CRM e tecnologias móveis e no México.
A edição deste ano sugere que a inovação está próxima, mas que a indústria deve acompanhar as expectativas dos clientes. Além disso, o México mantém-se como o destino de produção nearshore.
O estudo é desenvolvido pela Capgemini em parceria com a Universidade da Pensilvânia e o operador Penske Logistics. Este ano contou com a participação de 770 empresas da América Latina, América do Norte e Ásia Pacífico.
O documento indica que a relação entre carregadores e os 3PL continua a crescer, com o aparecimento de um cenário omni-canal no sector do retalho. Como os consumidores estão à procura de oportunidades de compra sempre disponíveis, as empresas de retalho começam a investir em tecnologia, recursos para a cadeia de abastecimento e estratégias de processamento de pedidos, capazes de proporcionar uma experiência integrada em todos os canais de venda.
Os carregadores relatam que, devido à existência de uma economia global inconsistente, 36% dos seus gastos com logística estão relacionados com o outsourcing, contra 44% do último ano. No entanto, 67% dos carregadores estão a usar mais serviços de logística subcontratados este ano, contra 72% em 2013. 53% das empresas estão a reduzir ou a consolidar o número de 3PL contratados. Para cerca de 32% das empresas inquiridas, o atendimento ao cliente é o principal elemento que as motivou a investir no conceito omni-channel.
O estudo indica ainda que apesar da importância da rede omni-canal ser bem compreendida, o conceito ainda está a amadurecer em termos da cadeia de abastecimento. Esta situação cria uma grande lacuna entre as expectativas dos consumidores e as do sector retalhista, fazendo com que os 3PL fiquem a aguardar pelos próximos desenvolvimentos.
O atendimento ao cliente, níveis de serviço e custos de transporte são também mencionados como os principais motivadores para a adopção de uma abordagem omni-canal. No entanto, segundo a Capgemini, 33% dos entrevistados não está preparado para administrar este tipo de venda. Apenas 2% das empresas referem ter um bom desempenho multicanal.
50% das empresas está a testar ou investir em novas estratégias de processamento de pedidos para possibilitar o crescimento da rede multicanal. Cerca de 16% realiza ou considera efectuar entregas a partir de uma loja física, 15% faz ou planeia fazer entregas ao domingo, 12% faz ou procura um tipo de entrega na qual um funcionário interno leva a mercadoria e 11% realiza entregas via lockers, ou seja, armários localizados em locais como lojas de conveniência, que funcionam 24h e libertam a mercadoria através da introdução de um código inserido no sistema.
Para Shanton Wilcox, vice-presidente de gestão da cadeia de abastecimento da Capgemini, “considerando que os clientes continuam à procura dos retalhistas e consequentemente dos 3PL, é provável que esse modelo evolua ainda mais. Se as empresas continuarem a investir de forma criativa em soluções de processamento de pedidos omni-canal e formarem novas parcerias, esses sistemas poderão alterar a forma como os fornecedores de serviços actuam”, refere em comunicado.
75% dos carregadores ou clientes e 77% dos 3PL concordam que o sector poderia ganhar mais com sistemas personalizados de gestão do relacionamento com os clientes (CRM). Neste sentido, os 3PL planeiam transformar o seu modelo de negócio e procuram soluções de CRM baseadas na nuvem para administrar a relação com os clientes. Segundo o estudo, os carregadores teriam vantagens com a disponibilização de informações em tempo real sobre a visibilidade da entrega.
A dependência crescente dos retalhistas relativamente às tecnologias que permitem a visualização das operações em tempo real fez com que os carregadores e os 3PL investissem mais em formas de controlar os stocks, software de planeamento de recursos empresariais, sistemas de gestão de transporte, visibilidade da cadeia de abastecimento, módulos complementares para sistemas de gestão de stock e ferramentas de identificação por radiofrequência. O investimento também tem sido feito em tecnologias que proporcionem a personalização e customização da compra, como é o caso de aplicativos móveis.
Em comunicado, John Langley, professor de SCM e director de sistemas para cadeias de abastecimento da Universidade da Pensilvânia, refere que “as tecnologias móveis e de CRM podem gerar valor para as empresas de logística contratadas e aos seus clientes. O desafio será contratar executivos de venda mais experientes e produtivos que assumam tais tecnologias”.
Quanto ao México, segundo o documento, o país continua a gerar oportunidades para as indústrias e para os 3PL. A ascensão do México como destino de produção nearshore mantém-se este ano, sendo que 40% dos carregadores que participam no estudo afirmam ter migrado algumas das suas operações para aquele país. Essas empresas estão a trocar os EUA, China e Canadá pelo México.
Os carregadores que participam no estudo referem que o México oferece custos operacionais mais baixos, impostos e tarifas favoráveis, menor tempo de trânsito da carga e maior proximidade com fontes de abastecimento. Além disso, referem que os principais desafios de negócio do país estão relacionados com indicies de criminalidades, segurança, infra-estrutura e leis complexas.
A gestão estratégica da mão-de-obra será também importante para os 3PL. 62,6% dos inquiridos estão a ter dificuldades para encontrar ou atrair o profissional certo e a contratação de pessoas para a cadeia de abastecimento deve crescer mais do que para outras áreas. Estima-se que 60 milhões de pessoas deixem o sector até 2015 e que 40 milhões preencham essas vagas.