No contexto de desenvolvimento, distribuição e administração em massa de vacinas contra a Covid-19, a Deloitte publicou um novo relatório que aponta para a necessidade urgente da adopção universal de standards globais como uma solução necessária para permitir uma distribuição rápida, eficiente e segura desta vacina.
Este estudo serviu de mote para a conferência digital GS1 Healthcare Executive Dialogue, que decorreu no dia 28, onde vários intervenientes do sector discutiram os principais desafios, oportunidades e aprendizagens a propósito da distribuição das vacinas COVID-19 a nível mundial. Todos os intervenientes foram unânimes na necessidade urgente de adopção de standards comuns, incluindo a implementação de um código de barras nas embalagens das vacinas, como forma de garantir uma distribuição segura e transparente em todo o mundo.
Lisa Hedman, da Organização Mundial de Saúde, realçou a importância da “implementação de sistemas de rastreamento, não só durante fases urgentes, como a que atravessamos, mas também a longo prazo e para todo o sector”. A responsável adiantou ainda o trabalho que a OMS tem vindo a desenvolver para garantir que países subdesenvolvidos e com menor capacidade financeira tenham acesso a esse sistema de rastreabilidade através do programa CONVAX Facility. “Saber onde entrou o produto e de onde saiu, promove o combate à falsificação de vacinas e garante a segurança do produto distribuído”, explicou.
Tjalling van der Schors, da Associação Europeia de Farmacêuticos Hospitalares, destacou “os 3 P’s essenciais na distribuição e administração das vacinas – a pessoa, o produto e o processo. Se um destes P’s falha, resulta num 4º – o problema. A solução passa pela implementação de códigos de barras, de standards comuns, para garantir que a distribuição da vacina, por si só complexa, é feita de forma correcta, evitando a introdução de produtos falsos na cadeia de valor”.
Por sua vez, Tom Woods, do Banco Mundial, alertou que “caso entrem vacinas falsificadas na cadeia de valor, essa falsificação não só será prejudicial para os pacientes, como irá criar uma enorme desconfiança em todo o processo e até na eficácia da própria vacina. Temos agora a oportunidade de desenvolver um sistema de saúde seguro e fiável em todo o mundo. Além de produtores de vacinas, consultores e empresas tecnológicas, é essencial que os reguladores de cada país tenham um papel activo em todo o processo.”
O estudo da Deloitte, “Securing Trust in the Global COVID-19 Supply Chain” argumenta que, além da colaboração da indústria e de uma comunicação transparente, “adoptar os standards GS1 adiciona um elemento de confiança a todos os níveis da cadeia de abastecimento no sector da saúde – uma confiança que, em última análise, se estende aos próprios pacientes”.
Apesar da adopção de standards GS1 ser cada vez mais transversal no sector da saúde, por força da adopção de legislação comunitária que a impõe, a verdade é que ainda não é uma prática universal. Nesse sentido, o estudo da Deloitte considera as informações de identificação da vacina, como o ID do produto, número de lote e data de validade como “essenciais para os profissionais de saúde administrarem as vacinas com confiança”, realçando que “a OMS recomenda que todas as vacinas sejam identificadas com esses dados através de código de barras”. Entidades como a GAVI e a UNICEF exigiram ainda o uso de standards GS1 nas embalagens secundárias.
Actualmente, mais de 70 países têm implementada legislação no sector da saúde ou definidos requisitos entre parceiros comerciais assentes no recurso a standards GS1. Esses países contam com os códigos de barras bidimensionais GS1 DataMatrix, que podem agora ser utilizados para codificar as informações de identificação da vacina e contribuir para reduzir erros, permitindo a sua rastreabilidade.
Como alguns países têm tido dificuldades em relacionar as vacinas administradas com os seus pacientes, resultando por vezes na administração de mais ou menos doses do que as recomendadas pelo fabricante, este relatório da Deloitte reforça que “é importante identificar e rotular as vacinas, de forma a precisar quando e qual a dosagem de vacina administrada ao paciente”. Nesse sentido, a GS1 garante que a identificação global exclusiva e o código de barras podem dar suporte a essa tarefa crucial.