No mercado norte-americano há neste momento uma grande falta de recursos humanos, o tem causado dificuldades nos armazéns e centros de distribuição. O problema deve-se a uma força de trabalho a envelhecer que se vai reformando, complicações causadas pela pandemia, alta rotação de RH e concorrência acrescida na obtenção de mão de obra. Os centros de distribuição estão a enfrentar um desafio sem fim para conseguir trabalhadores, apesar dos aumentos de ordenado e melhores regalias sociais.
Os problemas com a força de trabalho são ainda mais complicados, pois em 80% dos centros de distribuição as operações são realizadas de forma manual. No passado os armazéns tinham a “sorte” de ter acesso a uma grande força de trabalho e barata, o que significava que tarefas como o picking, embalamento, classificação e as operações de movimentação podiam ser realizadas por pessoas. A actual falta de recursos humanos veio por à vista as diferenças que existem entre os centros de distribuição com operações manuais e aqueles que utilizam soluções integradas automatizadas, sendo que os segundos têm continuado a desenvolver-se e a crescer com as novas exigências do e-commerce.
Esta situação não é muito diferente, do que acontece em Portugal pelo que as possíveis soluções também se aplicam ao nosso mercado. A falta de recursos humanos para trabalhar em centros de distribuição era esperada e já tinha sido prevista há mais de uma década. Esta falta é o resultado de uma força de trabalho que se começa a reformar ou a transitar para funções que são menos exigentes fisicamente.
Este facto é complicado por a nova geração que os poderia substituir não estar disponível para preencher esses lugares. A força de trabalho que se está a reformar, por outro lado tinha sido formada para as suas funções e tinha um grande capital de experiência e formar a nova geração não pode ser feito de forma rápida, tanto mais que esta tem uma tendência para não se manter muito tempo no mesmo lugar. Estes factos têm causado problemas na economia.
Embora muito destes problemas fossem previsíveis, a pandemia trouxe uma crise extra para a qual as empresas não estavam preparadas. Entre estes problemas, estão os subsídios de desemprego e similares, encerramento de estabelecimentos como creches e o medo de contrair o vírus.
Os centros de distribuição estão há anos a tentar acompanhar o crescimento provocado pelo comércio electónico. Antes da pandemia, nos EUA a procura estava a aumentar a um ritmo de aproximadamente 25%. Com a pandemia a procura em muitos casos registou aumentos de 50%. A pressão sobre os centros de distribuição está a níveis elevados e coincide com a falta de RH, o que coloca em causa as operações.
A introdução de tecnologias de automação e róbotica podem ajudar os centros de distribuição a manter o passo com as exigências crescentes do e-commerce, resolvendo em simultâneo o problema da falta de trabalhadores.
Robôs móveis autónomos (RMA)
Nas operações manuais nos centros de distribuição há ineficiências nos fluxos de transporte manuais. Os RMA podem resolver este problema permitindo que os trabalhadores que existem possam ser colocados onde são necessários, maximizando a produtividade e eficiência. Nos centros de distribuição retalhistas, os RMA podem ser acrescentados ao sistema de controlo da operação, dando aos robôs a habilidade de escolherem o seu próprio caminho dentro do armazém. Os sensores dos robôs permitem-lhes reconhecer e navegar o seu ambiente de forma a poderem executar as tarefas que lhes foram confiadas. Estes robôs (RMA) são ágeis, têm a capacidade para se desviarem de obstáculos que encontrem dentro do armazém, como empilhadores, paletes nos corredores ou estanteria.
Sistemas robóticos para carregar e descarregar
Nas operações num armazém, uma das tarefas mais perigosas e que origina muitos acidentes de trabalho é o carregar e descarregar de mercadorias nos cais. Estas tarefas constituem um desafio pois é necessário encontrar pessoas para as realizar, mas também são funções em que há uma alta rotação de pessoal. Sistemas robóticos capazes de realizar estas operações podem reduzir os custos, aumentar a produtividade e permitir colocar os trabalhadores em funções com maior valor acrescentado, o que ajuda a reduzir a rotação da mão de obra.
Estes sistemas robóticos necessitam de uma reduzida supervisão pessoal e são fáceis de integrar com a infraestrutura existente. Os sensores dos robôs conseguem melhorar a eficiência dos processos a jusante, movimentando as mercadorias de forma semi individualizada (semi-singulated) evitando potenciais problemas antes de estes surgirem.
Sistemas automatizados de armazenamento e recuperação (Storage and Retrieval)
Os sistemas automatizados de armazenamento e recuperação oferecem soluções escaláveis que podem armazenar e transferir produtos para economizar espaço, permitindo aumentar o inventário conseguindo uma densidade de armazenamento optimizada. Os sistemas de armazenamento automatizados são muito diversos, sendo fácil encontrar um adequado à sua operação. Um sistema destes consegue cumprir as suas tarefas com precisão e velocidade, tornando-o muito mais eficiente e produtivo do que realizar essas tarefas de forma manual.
Warehouse Execution Systems (WES)
Os sistemas WES são capazes de orquestrar quase todos os aspectos do ciclo de vida de um pedido: desde sistemas automatizados dispares até sistemas integrados de gestão da força de trabalho, equilibrar as cargas de trabalho e tomar decisões em tempo real. Os sistemas WEs são uma solução reactiva que permitem que as ordens fluam continuamente de forma a maximizar a eficiência. Ter um sistema com funcionalidades de largo espectro é uma vantagem deste tipo de tecnologia. Isto permite que os sistemas de execução no armazém possam ter acesso a todos os dados do armazém de forma a ajustar a sua funcionalidade para ir ao encontro das necessidades em qualquer momento.
Sistemas automáticos de paletização e despaletização
Os centros de distribuição do retalho utilizam sistemas de paletização e despaletização nos processos de recepção e expedição, mas também para processos de armazenamento e recuperação. Estes sistemas conseguem processar fluxos de trabalho contínuos de paletes com vários SKU ou de um único SKU, através da implementação de algoritmos de computer vision e machine learning . Estes sistemas ajudam a criar flexibilidade nos centros de distribuição retalhistas, a aumentar a produtividade no armazém e a reduzir os acidentes de trabalho.
A integração de sistemas automatizados e robóticos nos centros de distribuição não só melhora a produtividade e eficiência, mas também consegue melhorar o grau de satisfação da força de trabalho, o que por sua vez, ajuda a reduzir a rotação nesta.
A automação é o futuro e este pode ser o momento certo para apanhar o comboio. As soluções automatizadas não pretendem substituir os trabalhadores, pretendem simplificar as tarefas do dia a dia e reduzir a necessidade de um maior número destes (que escasseiam).