Um estudo da Capgemini, conduzido a nível mundial, revela que os esforços dos distribuidores a nível da Inteligência Artificial estão apenas focados na área das vendas e marketing e que as inúmeras possibilidades oferecidas por esta nova tecnologia não estão a ser aplicadas a toda a cadeia de valor.
O estudo da Capgemini adianta também que existe um potencial de mais de 300 mil milhões de dólares para os retalhistas que souberem alargar o âmbito das suas actuais iniciativas de IA e implementar esta nova tecnologia em larga escala. O estudo alerta igualmente para que apenas 1% das actuais implementações de IA são realizadas em grande escala.
O estudo intitulado Retail superstars: How unleashing AI across functions offers a multi-billion dollar opportunity examinou 400 empresas do sector da distribuição que têm casos de utilização real de IA em vários estágios de maturidade. Estas empresas representam 23% do volume de negócios do mercado mundial do setor do retalho. O estudo engloba também uma análise detalhada das iniciativas de IA dos 250 principais distribuidores a nível mundial em termos de volume de negócios.
Comparando as conclusões do estudo de 2018, com os dados recolhidos em 2017, torna-se evidente o enorme valor do retorno do investimento e o valor que esta nova tecnologia pode oferecer às empresas que implementam iniciativas de IA menos complexas e extensivas a toda a sua cadeia de valor.
Das principais conclusões do estudo, destaque para o facto de mais de um quarto (28%) dos distribuidores já terem implementados projetos de IA, sendo que 71% dos distribuidores afirmaram que a IA tem criado mais postos de trabalho, dos quais 68% correspondem a funções de nível superior, e 75% dos inquiridos declararam que a IA não substituiu/eliminou nenhum posto de trabalho nas suas organizações. Por outro lado, a IA tem promovido a redução de reclamações por parte dos clientes, em 15%, e o aumento das vendas.
A nível do impacto e da viabilidade da implementação da IA, o estudo analisou 43 casos de utilização, concluindo que «existem milhares de milhões de dólares de poupanças futuras disponíveis com a utilização da IA, mas apenas uma minoria de empresas do sector retalho beneficia delas, por enquanto». Segundo o estudo, os distribuidores podem poupar mais de 300 mil milhões de dólares no futuro ao escalarem a utilização da IA a toda a sua cadeia de valor logística. No entanto, apenas 1% das actuais implementações de IA nas empresas deste sector estão activas em várias localizações ou são em larga escala.
Verificam-se também implementações «demasiado complexas e pouco centradas no cliente». O estudo revela que isto deve-se ao facto dos distribuidores que estão a desenvolver projectos de IA estão 8 vezes mais vocacionados para projectos complexos do que para projectos ‘quick win’ que poderão escalar mais facilmente. Por outro lado, as actuais implementações não estão suficientemente focadas no cliente final. Actualmente, os esforços de utilização da IA estão focados nos custos (62%) e no ROI (59%), enquanto que a experiência do cliente (10%) e o conhecimento das fontes de descontentamento dos clientes (7%) ainda são aspectos secundários no leque de prioridades das empresas do sector.
Por último, a IA «oferece um enorme potencial quando aplicada às operações». Actualmente 26% dos casos de utilização da IA estão focados nas operações, no entanto estes são os mais rentáveis a nível do ROI. Alguns dos casos que mais se destacam incluem a utilização da IA nas tarefas de procurement (uma média de 7.9% de ROI), identificação de furtos em loja através da inclusão de leds com algoritmos (7.9%) e a optimização da cadeia logística (7.6%). «Esta última área é aquela que oferece maiores oportunidades em termos operacionais dado o elevado nível de eficácia que a inteligência artificial pode aqui alcançar», conclui o estudo.