Dificuldades de abastecimento e inflação desafiam fabricantes europeus

Os resultados do inquérito Europe’s Consumer Goods Industry Barometer 2023 da European Brands Association (AIM), em que a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca – também colaborou, revelam que as perturbações na cadeia de abastecimento continuam a criar desafios à indústria de bens de consumo (FMCG) na Europa.

72% das empresas inquiridas afirmam que ainda enfrentam desafios de abastecimento e 78% declaram que adaptaram a sua produção devido a custos imprevistos. O inquérito foi realizado junto de 900 fabricantes da indústria de bens de consumo em 29 países europeus, entre os quais Portugal.

O estudo revela ainda que essas dificuldades de abastecimento levaram 49% dos fabricantes a reduzir ou cortar a sua produção, 42% a alterar as embalagens dos produtos e 52% a ter de lidar com problemas associados à escassez de mão de obra.

“A agilidade e capacidade de adaptação aos desafios de abastecimento continua a ser um fator chave na produção de bens para os consumidores”, afirmou Michelle Gibbons, Diretora geral da AIM. “A acumulação e o efeito de arrastamento das mudanças globais, incluindo a pandemia e a guerra na Ucrânia, ao longo dos últimos anos, estão ainda a ter impacto nos processos de produção”.

O inquérito conclui também que a inflação dos custos continua a ter um impacto significativo no processo de fabrico. Nos últimos 12 meses, nove em cada dez empresas viram a inflação impactar componentes de produtos ou custos com trabalho, embalagens, transporte e logística e energia. Praticamente todos tiveram de lidar com a inflação, e pelo menos metade destas empresas registou uma inflação superior a 50% em todos os custos.

22% dos produtores absorveram mais de 80% do aumento dos seus custos de produção, transferindo apenas menos de 20% desses custos para os seus clientes do setor retalhista. Outros 20% absorveram entre 40 e 60% desses aumentos de custos de produção.

96% dos fabricantes viram os retalhistas aumentar o preço dos seus produtos junto do consumidor. Quase metade (45%) dizem ter visto aumentos em linha com os que ocorreram do lado dos produtores, mas 28% dizem que que os retalhistas aumentaram preços ao consumidor acima do que tinham feito os produtores.

Para Pedro Pimentel, Diretor-geral da Centromarca, “há muito que falta previsibilidade no setor dos bens de grande consumo. As marcas e as empresas têm-se habituado a enfrentar contextos cada vez mais desafiantes”, explica. “Estes dados mostram os esforços que muitas marcas fazem, para que os seus consumidores não tenham de fazer esforços e sacrifícios excessivos. Outros estudos mostram que os shoppers apreciam este trabalho e solidariedade. Sempre que podem, os consumidores apostam nos produtos e nas marcas em que confiam”.

O aumento de custos tem um impacto difícil de contrariar nos planos de negócios. 31% dos produtores dizem não ter investido ou ter reduzido os seus investimentos em investigação e desenvolvimento (I&D), e 36% dizem ter reduzido os seus investimentos CAPEX. Uma em cada cinco empresas prevê que os desafios se mantenham nos próximos 12 meses.

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