A Roadie, empresa de entregas norte-americana, está a criar uma ampla rede de entregas de última milha, usando o excesso de capacidade que já está na estrada, proporcionado pelos carros pessoais.
Por vezes as ideias surgem de um problema pessoal que alguém está a tentar resolver. Foi esse o exemplo de Marc Gorlin, fundador e CEO da Roadie.
A falta de uma peça e os vários dias que seriam necessários para ser entregue levou a que Marc Gorlin se desloca-se para a ir buscar. Enquanto guiava pela estrada ocorreu-lhe que todos os carros que viajavam em direcção contrária tinham bancos traseiros e bagageiras que poderiam facilmente levar a sua peça, serviço pelo qual estaria disposto a pagar.
“E foi aí que me atingiu», diz o responsável. «Por que não encontrar uma maneira de obter esse serviço». Todos os dias, 250 milhões de veículos de passageiros andam na estrada com 114 milhões de m3 de excesso de capacidade, diz Gorlin. «Um modelo de crowdsourcing poderia conectar todos estes condutores a pessoas que necessitam de uma entrega”.
Assim, criou uma empresa e uma aplicação para fazer exactamente isso.
E teve sucesso. Actualmente, a empresa conta com mais de 150.000 motoristas, seleccionados e certificados, que entregam produtos em mais de 11.000 cidades, cobrindo 89% de todos os lares dos EUA. “Temos a maior presença local para entregas no mesmo dia do país – maior que a Amazon Prime Now”.
Um dos exemplos de seu serviço é o cliente Delta Airlines. “Quando algo acontece, como uma enorme tempestade de neve e a bagagem fica retida no aeroporto, há um número limitado de carrinhas para levar essas malas aos passageiros, o resultado é que estas ficam retidas no aeroporto e não serão entregues aos passageiros durante dias. Empregando os motoristas da Roadie, estes levantam as malas dos passageiros e levam-nas directamente para as suas casas, no mesmo dia.”
Retalhistas como Walmart e o Home Depot ou fabricantes como a Nissan são todos clientes da Roadie. “A empresa chegou a receber apoio da UPS. Embora pareça que esta seja um concorrente, a UPS não os vê dessa maneira investindo na Roadie por meio do seu Strategic Enterprise Fund”.
O bem maior
Embora seja muitas vezes qualificada como a Uber do transporte, a Roadie atribui à sua existência uma razão mais profunda: proporcionar uma maior interacção entre as pessoas.
“As vantagens deste modelo e a razão pela qual a Roadie cresceu e continua a crescer”, é que o modelo é menos restritivo do que o de qualquer outra empresa de logística. Muitas empresas têm rotas específicas e restrições de distâncias. A Roadie não tem esses problemas, “uma vez que os colaboradores podem cobrir qualquer área geográfica, para além de serem flexíveis em relação ao que podem transportar, podendo acomodar todos os tamanhos de pacotes”.
Há ainda a questão do impacto ambiental. “A Roadie gosta de ressaltar que não está a colocar mais veículos na estrada, causando mais poluição, mas a usar os veículos já em circulação”.