Os resultados do Deloitte Global Chief Procurement Officer Survey 2019, que auscultou 481 líderes do sector do procurement em 35 países, deixaram a descoberto a conjuntura complexa em que os CPO enfrentam os riscos económicos e políticos, pressionando-os a reduzirem os custos.
O inquérito deste ano mostra que a preocupação com estes problemas aumentou. Os riscos externos requerem cada vez mais atenção, sobrepondo-se aos riscos internos como a transformação digital. Nas questões digitais, estes estão focados principalmente na parte analítica, enquanto que a inteligência artificial e a blockchain – tecnologias que guiam a industry 4.0 – estão um pouco afastadas das suas preocupações e não estão a ser utilizadas em larga escala.
Estes têm perfeita consciência dos desafios que enfrentam e estão a reagir de acordo com a conjuntura. Muitos no entanto não se sentem preparados. Há uma tendência crescente para se protegerem dos riscos externos, que vêm um pouco de todos os lados. As cadeias de abastecimento globais são muito complexas e com os desafios da transformação digital e os riscos geopolíticos a complexidade aumenta.
Assim, apenas 39% dos inquiridos sentem-se preparados em grande medida, para enfrentarem os desafios, enquanto apenas 5% se sentem completamente preparados. O CPO é pressionado a elaborar planos de contingência para fazer frente à insegurança, a tornarem-se mestres da complexidade e a serem vistos como os principais especialistas da incerteza dentro das organizações, tornando a função mais visível perante as administrações executivas.
Planos para um abrandamento económico interno e externo
O abrandamento económico é o risco número um citado, com 46% dos inquiridos a identificá-lo como o principal risco do procurement. Perante este cenário, a maioria dos inquiridos planeia reduzir os custos. Na realidade reduzir os custos continua a ser uma das estratégias transversais à actividade – 70% indicaram ser muito provável que venham a reduzir os custos no próximo ano.
Os factores geopolíticos com potencial para criar caos na economia global, como o Brexit, são uma preocupação importante. Como o são a vulnerabilidade dos mercados emergentes, do Médio Oriente e o arrefecimento da economia Chinesa. Estas questões são uma preocupação geral para os CPO independentemente de onde se encontrem, o que mostra o papel cada vez mais globalizado da função.
Incerteza comercial
As guerras comerciais também foram apontadas como um risco principal por 34% dos inquiridos (quarto risco) o que mostra que as preocupações geopolíticas e os negócios globais estão muito interligados. Na situação específica das guerras comerciais estes têm demonstrado paciência, estando à espera que as situações se resolvam, em vez de optarem por redesenhar de imediato as suas cadeias de abastecimento. O que não quer dizer que não estejam de forma proactiva a fazer planos para todas as contingências.
Antecipar e capitalizar as tendências
Embora os riscos macro- económicos persistam, os outros riscos citados, relacionam-se com questões internas, ligadas à estrutura organizacional, aos modelos de talento e às capacidades digitais. Aqui a sua atenção está focada nos aspectos analíticos, considerando que será a tecnologia que terá mais impacto na evolução das suas organizações.